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Unidade do Fiat Tipo pegando
fogo em algum lugar do Brasil (Reprodução/Youtube)
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Abril de 1996. A Fiat iniciava
um recall gigantesco do Tipo, para troca da mangueira de alta pressão que
conduzia o fluido da direção hidráulica. Esta, em contato com as partes quentes
do motor, corria risco de estourar e derramar o líquido sobre o coletor de
escape.
Detalhe: esse singelo problema
levava o carro a pegar fogo, drama que já afetara a vida de dezenas de
consumidores entre 1993 e 95, anos em que o hatch médio foi vendido como
importado no Brasil – sendo um dos modelos mais emplacados do país no período.
Tal convocação envolvia mais
de 155 mil unidades. A fabricante admitia ali um problema crônico que matou a
reputação do modelo – cuja produção acabara de ser nacionalizada.
Para piorar, nem o recall
parece ter resolvido a questão, pois não faltam registros de casos de Tipo
incendiados mesmo após a troca da peça. Até hoje é possível encontrar vídeos
recentes no YouTube de unidades do hatch pegando fogo por aí.
Ele fazia 9,85 segundos no 0 a
100 km/h e máxima de 206,7 km/h Tipo foi nacionalizado em 1996, justamente no
auge do escândalo
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Tipo foi nacionalizado em
1996, justamente no auge do escândalo (Christian Castanho/)
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O escândalo motivou na época
até a criação de uma associação de vítimas do incêndio do Tipo: a Avitipo.
Foi ela que, após contabilizar
cerca de 70 casos de incêndio, entrou com uma alção civil pública no Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), de número 0052169-98.1996.8.19.0001, ainda
no ano de 96.
O grupo buscava uma
indenização pelos prejuízos causados, inclusive a terceiros, por causa do
problema.
Mais de duas décadas depois,
numa dessas demonstrações de incrível celeridade do Judiciário brasileiro, a
Fiat finalmente terá que pagar o prejuízo aos clientes lesados. A informação é
do jornal O Globo.
Saias laterais, filetes
vermelhos nos para-choques e a inscrição Sedicivalvole acima da placa Por causa
da má fama, produção em Betim (MG) durou menos de dois anos e hatch, então,
saiu de linha
Por causa da má fama, produção
em Betim (MG) durou menos de dois anos e hatch, então, saiu de linha (Christian
Castanho/)
Isso porque o último recurso
impetrado pela fabricante no Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi negado e o
processo, com isso, finalmente atingiu o estágio de trânsito em julgado, ou
seja: acabou.
Consumidores que entraram com
a ação começaram a ser notificados pela Justiça. Só que aí surgiram outros dois
entraves.
O primeiro: localizá-los. “Os
endereços e telefones que temos estão desatualizados, e há consumidores que já
morreram”, declarou David Nigri, atual advogado da Avitipo, ao Globo.
O segundo: reunir novamente as
provas de que se foi mesmo o dono de um Tipo que pegou fogo. “Confesso que não
tenho o contato dos advogados e não lembro onde estão os documentos”, afirmou
ao jornal a empresária Simone Stockler, uma das vítimas.
Mas calma que, se você teve um
Tipo que pegou fogo, é possível sim ser indenizado.
Para isso é preciso acessar o
arquivo do Renavam para comprovar ter sido proprietário do veículo. Depois, é
possível se habilitar à ação coletiva ou entrar com ação individual juntando a
prova do trânsito em julgado do processo já finalizado.
Só que será preciso comprovar
a ocorrência, através da apresentação de boletins de ocorrência, fotografias
e/ou depoimentos de testemunhas.
A revista QUATRO RODAS está em
contato com as assessorias do advogado da Avitipo e também com a da Fiat para
saber valores e prazos para pagamento das indenizações. A reportagem será
atualizada tão logo as informações forem passadas.
Quatro Rodas
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