A Nasa anunciou na noite desta terça-feira a
criação de um “instituto virtual” que vai unir cientistas de diversas áreas em
mais de dez instituições de pesquisa americana na busca por vida
extraterrestre. Batizado Nexo para a Ciência de Sistemas de Exoplanetas (Nexss,
na sigla em inglês), o projeto tem como objetivo aprofundar o conhecimento
sobre os vários componentes do ambiente dos planetas extrassolares e como a
interação com suas estrelas e outros planetas em seus sistemas podem
influenciar sua capacidade de abrigar vida.
- Este esforço interdisciplinar conecta equipes
de pesquisa de ponta e provê uma abordagem sintética na busca por planetas com
maior potencial de apresentar sinais de vida – diz Jim Green, diretor de
Ciências Planetárias da Nasa. - A caça por planetas extrassolares não é uma
prioridade só para os astrônomos, ela é de profundo interesse para os
cientistas planetários e climáticos também.
O estudo de planetas extrassolares, ou
exoplanetas, e a astrobiologia são campos de pesquisa relativamente recentes.
Afinal, a descoberta do primeiro exoplaneta em órbita de uma estrela como o
Sol, em 1995, tem apenas 20 anos. Desde então, porém, astrônomos usando
diversos observatórios em terra e no espaço já confirmaram a existência de
cerca de 2 mil deles dos mais diversos tamanhos e possíveis “apresentações”,
desde pequenos mundos rochosos pouco menores do que a Terra a gigantes gasosos
muito mais maciços que Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, com outros
milhares de candidatos ainda aguardando confirmação. A grande maioria está em
sistemas planetários múltiplos como o nosso, mas apenas alguns poucos se
encontram na chamada zona habitável, a região da órbita de suas estrelas onde
teoricamente não estão nem perto nem longe demais dela de forma que sua
temperatura possa permitir a presença de água em estado líquido, condição
considerada fundamental para o desenvolvimento e suporte à vida como
conhecemos.
Mas encontrar um planeta do tamanho “certo” e
na distância “certa” de sua estrela é apenas o primeiro passo na busca por
possíveis organismos extraterrestres. Os cientistas ainda estão desenvolvendo
maneiras de confirmar a habitabilidade dos planetas extrassolares e buscar por
“assinaturas” em suas atmosferas que indiquem a ocorrência de processos
biológicos neles, ou seja, sinais de vida. Assim, um ponto importante do
esforço é a compreensão de como a vida interage com a atmosfera, geologia,
oceanos e o interior destes planetas, e como estes processos são influenciados
pelas suas estrelas. E, nesta “ciência de sistemas”, os estudos sobre a própria
Terra, os outros planetas do Sistema Solar, suas luas e nosso Sol se mostram
fundamentais, ainda mais diante da possibilidade de outros ambientes fora da
zona habitável “formal” também poderem abrigar vida, destaca explica Hiroshi
Imanaka, pesquisador do Instituto Seti (sigla em inglês para “busca por
inteligência extraterrestre”) e líder de uma das equipes selecionadas pela Nasa
para fazer parte do projeto:
- Um dos principais impulsos da comunidade
exoplanetária tem sido encontrar mundos na chamada zona habitável, a gama de
distâncias da estrela onde um planeta pode ter temperaturas que permitam a
existência de oceanos líquidos. Mas oceanos líquidos não são a única condição
sob a qual a vida pode existir. Algumas das luas de Júpiter e Saturno são
exemplos de lugares que não estão nas convencionais zonas habitáveis mas, ainda
assim, podem ser habitados. Queremos dar mais passos adiante na caracterização
dos ambientes habitáveis que estão além do Sistema Solar.
O Globo
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