O Conselho Nacional de Ética
do PDT divulgou uma dura nota contra o apoio de três candidatos do PDT aos
governos estaduais do Rio Grande do Norte, Amazonas e Campo Grande, ao
candidato de extrema-direita à presidência da República Jair Bolsonaro (PSL). O
colegiado tem poder consultivo.
A informação foi divulgada em
primeira mão pelo jornalista Saulo Vale, de Mossoró.
O grupo pede a expulsão
sumária e a cassação das candidaturas de Carlos Eduardo Alves (RN), Amazonino
Mendes (AM) e Odilon de Oliveira (MS).
Sobre Carlos Eduardo Alves, o
conselho afirma que a necessidade de vencer as eleições não é maior que a
identidade ideológica em defensa do Trabalhismo, pilar do partido criado pelo
ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro Leonel Brizola.
– Já foi expresso em sites
locais do Rio Grande do Norte as tentativas de articulação do candidato a Jair
Bolsonaro no 2º turno, para se contrapor à Fátima Bezerra (PT). A necessidade
de vencer as eleições não é maior que a IDENTIDADE IDEOLÓGICA EM DEFESA DO
TRABALHISMO. Portanto, é inconcebível qualquer flerte ao neofascismo, em tempos
graves como este, sob a iminência da vitória de Jair Bolsonaro. Para agravar a
situação, o mesmo faria declaração pública a favor de Jair Bolsonaro no
programa eleitoral do PDT do RN no segundo turno.
Confira a nota na íntegra:
Aos membros da Comissão de
Ética do PDT,
Resistir ao fascismo é
preciso! Pelo Trabalhismo!
O atual momento conjuntural
nos inspira responsabilidade em meio a escalada do neofascismo. Em meio aos erros
coletivos da esquerda, entre o extremo pragmatismo e o sectarismo, a
criminalização da política através da Lava Jato e os consecutivos erros do
Partido dos Trabalhadores (PT) na gestão de Dilma Rousseff resultaram no
crescimento do neofascismo e do ativismo político da nova direita desde as
jornadas de junho de 2013.
É impensável e inadmissível,
como Partido, nos silenciarmos e sermos cúmplices diante dos quase 47% dos
votos válidos de Jair Bolsonaro (PSL) no 1º turno, além do assustador
crescimento da bancada reacionária do PSL, de 8 deputados federais para 52 e
elegendo dois senadores no Rio de Janeiro e em São Paulo. Inclusive, o eleito
pelo estado paulista pertenceu as nossas fileiras e foi eleito deputado federal
pela nossa organização em 2014.
Logo, em um momento insigne
como este na História do Brasil Contemporâneo, o Partido precisa tomar medidas
enérgicas. Até porque o PDT, como Partido, é um sujeito coletivo e, como tal,
precisa externar em público as suas posições ao conjunto da sociedade. Como
diria Leonel Brizola, o processo social é um fato presente na vida
sociopolítica do país e cabe ao PDT tomar para si a postura de protagonismo
político.
Sem a candidatura de Ciro
Gomes, o fascismo teria vencido no primeiro turno.
Mas como o PDT não está no 2º
turno, é preciso respeitar os 13.344.366 votos dados ao Ciro Gomes. Votos que
apostaram no ressurgimento do trabalhismo no cenário político nacional e deram
o novo rumo para a esquerda nacionalista. Hoje somos a alternativa de médio
prazo para o povo brasileiro. E precisamos, mais do que nunca, passar uma
mensagem clara, na condição de partido nacionalista, trabalhista e popular,
contra o fascismo. Somos um partido de esquerda, antifascista e
anti-imperialista!
Logo, a primeira medida que
exigimos, em defesa da idoneidade ideológica do Partido e de sua imagem junto à
sociedade é a EXPULSÃO PÚBLICA, SUMÁRIA E IRREVOGÁVEL de três candidatos a
governador que ostensivamente externaram o seu apoio público a Jair Bolsonaro,
conforme o que está previsto no Art. 64, alínea c do Estatuto do PDT e por não
seguirem o previsto no Art. 9°, III e VIII do Estatuto do PDT, após a decisão
tomada em Brasília pela Executiva Nacional do PDT no dia 10 de outubro de 2018
em apoio crítico a Fernando Haddad contra o fascismo.
– AMAZONINO MENDES
– CARLOS EDUARDO ALVES
– ODILON DE OLIVEIRA
No caso de Amazonino Mendes,
além de boicotar sistematicamente a campanha de Ciro Gomes no Amazonas no
decorrer do 1º turno, na manhã de 8 de outubro de 2018 ele externou em público
o seu apoio oficial ao Jair Bolsonaro, recebendo o aplauso dos transeuntes. Não
se importou em momento algum com qualquer princípio trabalhista e, sem qualquer
decoro, age à revelia do Estatuto e das resoluções expressas pela Executiva
Nacional e pela XXIV Convenção Nacional do PDT, realizada no dia 20 de julho de
2018 em Brasília.
Em relação a Carlos Eduardo
Alves, já foi expresso em sites locais do Rio Grande do Norte as tentativas de
articulação do candidato a Jair Bolsonaro no 2º turno, para se contrapor à
Fátima Bezerra (PT). A necessidade de vencer as eleições não é maior que a
IDENTIDADE IDEOLÓGICA EM DEFESA DO TRABALHISMO. Portanto, é inconcebível
qualquer flerte ao neofascismo, em tempos graves como este, sob a iminência da
vitória de Jair Bolsonaro. Para agravar a situação, o mesmo faria declaração
pública a favor de Jair Bolsonaro no programa eleitoral do PDT do RN no segundo
turno.
No que tange a Odilon de
Oliveira, além do apoio dado a Bolsonaro, seus apoiadores fazem campanha aberta
ao candidato do PSL à Presidência. E como não se bastasse isso, o mesmo Odilon
chegou a afirmar, em uma rádio com bastante audiência em Campo Grande-MS, a sua
apologia ao regime ditatorial pós-1964, afirmando que ela teve os seus saldos
positivos ao país, em
https://www.campograndenews.com.br/politica/odilon-chama-ditadura-de-governo-militar-e-provoca-polemica.
E os materiais de campanha, além da live feita no lançamento do Comitê
Odilon/Bolsonaro, em
https://www.facebook.com/juizodilon/videos/1314395152034759/
Se não bastasse apenas os três
candidatos a governador, o Deputado Estadual Ênio Bacci apresentou em público
em 8 de outubro de 2018, já no segundo turno o seu apoio oficial a Bolsonaro –
o que é algo vergonhoso e inconcebível à nossa organização. A citação é
expressa claramente em http://www.osul.com.br/deputado-enio-bacci-do-pdt-anuncia-apoio-a-bolsonaro-ele-nao-e-ladrao/
e em
https://polibiobraga.blogspot.com/2018/10/deputado-enio-bacci-pdt-do-rs-abre.html?m=1.
E assim como ele, vários
dirigentes municipais de Partido, vereadores e prefeitos espalhados pelo Brasil
afora que, no uso de suas prerrogativas, externaram o seu apoio político a
Bolsonaro no 1º turno.
Logo, solicitamos a expulsão
imediata dos três candidatos a governador e a cassação imediata dos seus
registros de candidatura, em defesa do trabalhismo. Transigir com o fascismo e
com quadros de quinta coluna é o primeiro grande passo para a perda definitiva
de nossa identidade político-ideológica, gerando precedentes para admitir até a
filiação aberta de neonazistas que disputem cargos eletivos no PDT. Seria
vergonhoso, na História do Brasil, um Partido com a história de lutas como o
PDT abrigar em seu seio notórios oportunistas que flertam, paqueram e transam
abertamente com o fascismo.
A expulsão de cada um dos três
candidatos a governador e de Ênio Bacci é a defesa de todos aqueles que, como
João Goulart, Leonel Brizola, Doutel de Andrade e Manoel Dias, foram proscritos
por Atos Institucionais (AI’s) e/ou foram exilados. A expulsão de todos os que
apoiam Bolsonaro é em respeito ao direito do trabalhador, ameaçado por propostas
como o fim do 13º salário (conquista nossa no Governo Jango), o adicional de
férias (conquista nossa com Vargas) e o aumento de 20% no Imposto de Renda,
afetando a vida de trabalhadores e da classe média.
A expulsão de todos é em
defesa dos Direitos Humanos do povo brasileiro. Defender a expulsão de todos os
supracitados é defender a causa da mulher, do negro, do índio, da população
LGBT, do jovem, do nordestino, do inválido e dos aposentados. O expurgo sumário
de Amazonino Mendes, Carlos Eduardo Alves, de Odilon de Oliveira e de Ênio
Bacci é em DEFESA DA NOSSA HISTÓRIA E DA NOSSA IDEOLOGIA TRABALHISTA!
Transigir com o fascismo, sem
expulsar eles e quem quiser apoiar Bolsonaro, significa ESCARRAR E CUSPIR COM O
NOSSO LEGADO. ASSASSINAR NOSSOS PRINCÍPIOS! ESTUPRAR A MEMÓRIA E O ENSINAMENTO
DOS NOSSOS ÍCONES E LÍDERES TRABALHISTAS! JOGAR NA LATA DO LIXO A HISTÓRIA DE
BRAVOS DIRIGENTES, PARLAMENTARES, TEÓRICOS E MILITANTES, CONHECIDOS OU ANÔNIMOS
QUE DERAM A SUA VIDA EM PROL DO PDT E DO PAÍS!
Logo, queremos a expulsão
sumária dos quatro e de qualquer um que, nos estados espalhados pelo Brasil
afora, fizer campanha aberta ao Bolsonaro, com declaração midiática, pelas
redes sociais ou qualquer outro meio que seja expresso esse apoio.
E queremos, em nome da nossa
identidade ideológica, defender o voto de resistência ao fascismo. O nosso
voto, como trabalhistas, é em defesa da nação e dos interesses do povo
brasileiro. Não abriremos mão desse valor, mesmo sabedores que nem o PT e muito
menos Bolsonaro possuem sequer qualquer projeto popular de libertação nacional
e de desenvolvimento do país.
Logo, em face da iminência da
vitória do neofascismo a ser legitimado nas urnas, o PDT precisa denunciar e
alertar o povo brasileiro, orientando o voto crítico a Fernando Haddad (PT). O
voto será dado não ao PT, mas contra a vitória do fascismo nas urnas.
E ao mesmo tempo, o Partido,
em coerência com a sua linha, explicará ao povo brasileiro que o seu voto é em
defesa do Estado Democrático de Direito. Mais ainda: o PDT assegurará que,
eleito qualquer presidente, assumirá a sua posição como oposição independente,
autônoma e nacionalista de esquerda. E mais: que a candidatura de Ciro Gomes à
Presidência em 2022 é irrevogável e compromisso moral dos trabalhistas com o
povo brasileiro.
É preciso coragem para assumir
as posições!
Vamos honrar o nosso Partido!
Sermos dignos de nossa História!
Combate aos quinta colunas,
infiltrados, oportunistas e fascistas no seio da nossa organização!
O PDT pertence ao povo
brasileiro!
O PDT é um partido popular de
esquerda!
Nós somos nacionalistas! Somos
um partido socialista!
Vamos honrar a memória de
nossos líderes! Não vamos envergonhar a nossa história. Não podemos ser
pusilânimes. Nem desfibrados!
SOMOS INIMIGOS DO FASCISMO!
Acabou o tempo do pragmatismo.
É hora de assumirmos a nossa posição como trabalhistas!
Ousar lutar! Ousar resistir!
Ousar vencer!
Logo, solicitamos a expulsão
de Amazonino Mendes, Carlos Eduardo Alves, de Odilon de Oliveira e de Ênio
Bacci de acordo com o previsto nos Art. 61, 62 e 64, alínea “c” do Estatuto do
PDT.
Saudações Trabalhistas!
Brasil, 13 de outubro de 2018
Assinam o documento:
Wendel Pinheiro – Membro do
Diretório Nacional do PDT
Júlio Rocha – Membro do
Diretório Nacional do PD
Rafael Galvão – Membro do
Diretório Nacional do PDT
Lauri Bernardes –
Secretário-Geral Nacional do MCDR
Joelma Santos –
Vice-Presidente FLB-AP /Amapá e Membro do Diretório Nacional do PDT.
Jorge Eremites de Oliveira –
Membro do Diretório Municipal do PDT Pelotas e do Movimento Cultural Darcy
Ribeiro do PDT-RS.
Leonardo Moraes Jr. –
Coordenador MCDR-PDT do Sudeste / PR
Ricardo Pinheiro – Advogado
Membro do Diretório Estadual RJ e da Executiva do PDT NITEROI
Felipe Pinheiro – Membro da
Executiva Estadual do PDT/SP. Presidente Estadual do PDT Diversidade SP
Douglas Rafael Duarte –
Secretário Geral da JS/RS e Presidente do PDT de Piratini-RS
Carla de Lima Maximila – Vice presidente Diversidade RS / Presidente PDT – Chuí-RS
Tiago Veras – Membro do Diretório Nacional do MCDR-PDT
/ BA
Saiba Mais Jor
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