Os casos de dengue cresceram 88,3% no Rio
Grande do Norte desde 27 de março, quando o governo do Estado reconheceu
situação de epidemia e prometeu adotar medidas para combater o Aedes aegypti.
De acordo com dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde, o RN é o Estado
do Nordeste com maior incidência da doença. São 363,6 casos para cada grupo
de 100 mil habitantes. No ano passado,
no mesmo período, a incidência era de
91,1.
Os dados do Ministério da Saúde mostram que
entre primeiro de janeiro e 18 de abril foram notificados 12.394 casos, ante
3.106 no mesmo espaço de tempo do ano passado. Já os números da Secretaria
Estadual, referentes a 15ª Semana Epidemiológica, indicam um número ainda
maior: 13.002, dos quais 1.434 confirmados.
Os cinco municípios com maior número de
notificações são Natal (3.194), Parnamirim (701), Currais Novos (562), Mossoró (549)
e Santa Cruz (409). Dos 141 municípios que notificaram casos da doença, 61
apresentaram alta incidência, 26 estão na faixa média, 54 estão com baixa e 26
apresentaram incidência silenciosa.
O último boletim da Sesap indica que a dengue
já está presente em 84,4% dos municípios do Rio Grande do Norte. Além da
operação UBV, que é feita com equipamentos portáteis e carros-fumacê, os
agentes de endemias orientam os moradores a intensificar medidas preventivas,
como manter caixas de água e lixeiras fechadas, evitar jogar garrafas e pneus
usados em terrenos baldios, colocar areia nos vasos com plantas e manter limpa
e sob cuidado permanente as piscinas de casas, condomínios e clubes sociais.
Na Região Nordeste, o armazenamento inadequado
de água é responsável pela maioria dos criadouros do mosquito Aedes aegypti
(76,5%); no Sul, Norte e Centro-Oeste, o lixo. No Sudeste houve um aumento
significativo de focos em depósitos de água em função da crise hídrica em São
Paulo e em Minas Gerais.
No Rio Grande do Norte, os prefeitos admite que
precisam de mais agentes de endemias para combater a doença, mas a condição
financeira dos municípios não permitem novas contratações, até porque foi
instituído um piso nacional para a categoria, o que aumentou os gastos com pessoal.
“São poucas as prefeituras que completam hoje
os seis ciclos anuais de combate ao mosquito”, admitiu um funcionário da saúde,
que pediu anonimato alegando não ter permissão para falar sobre o assunto.
Em Parnamirim, o prefeito Maurício Marques editou
um decreto para agilizar o processo de verificação de focos do mosquito em
imóveis fechados. Hoje existe uma burocracia que prejudica o trabalho
preventivo. Em casos assim, é preciso notificar o proprietário, esperar o prazo
da notificação. Só então, convoca-se a polícia para acompanhar o agente e um
chaveiro para abrir o imóvel. A prefeitura também vai usar o Código Sanitário
para enquadrar as sucatas de automóveis, que geralmente funcionam em locais a
céu aberto, algumas até com as carcaças invadindo o passeio público.
O secretário de Saúde de Parnamirim, Henrique
Costa, disse ontem que diante da situação de epidemia no Rio Grande do Norte,
foram adotadas medidas não apenas no âmbito preventivo, mas também de
capacitação de pessoal. “Trouxemos o infectologista Kleber Luz para fazer uma
capacitação de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem para lidar tanto
com a dengue como a chikungunya”, disse ele, lembrando que o combate ao
mosquito está sendo feito em várias frentes - dos carros-fumacê a ações
educativas, reforçando o trabalho de 100 agentes de endemias. “É bom lembrar
que até agora não houve nenhum caso confirmado de chikungunya no Rio Grande do
Norte.”
Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Reflita, analise e comente