
Datada de 24 de junho de 1951, a
correspondência foi trazida a Porto Alegre pelo então diretor e padre Gaspar
Dutra, que passava uma temporada de estudos nos Estados Unidos. Naquele dia, o
brasileiro teve um encontro com o célebre físico alemão na Universidade de
Princeton, na cidade norte-americana de Nova Jersey.
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A correspondência foi entregue ao então
diretor da escola e padre Gaspar Dutra
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Para redimir quaisquer dúvidas, uma
grafologista foi contratada e acabou verificando a autenticidade do documento,
ao comparar a assinatura contida na carta com uma amostra cedida pelo Instituto
Oswaldo Cruz, o qual Einstein visitou na década de 1920.
A carta estava guardada há décadas em um cofre
com documentos antigos na sala da direção do colégio. Durante as comemorações
de aniversário, um antigo diretor esteve presente e comentou a existência da
correspondência. O cofre foi aberto, vasculhado e, para a surpresa de todos, lá
estava a relíquia.
"Esta carta é um artefato histórico, que
acabou sendo resgatado durante nossas comemorações de 125 anos do colégio. Esse
marcante cientista já tinha essa consciência do seu trabalho, da relevância
social que ele possuía. Hoje percebemos que é uma característica de quem tem
uma visão de mundo diferente. E é isso que queremos", afirma o coordenador
de ensino da instituição, Dário Schneider.
O professor se emociona ao comentar as palavras
de um dos maiores físicos de todos os tempos, pai de um dos pilares da física
moderna: a Teoria da Relatividade. "'Não toma como exemplo a galinha
quando podes ser uma cotovia.' Isso é de grande sensibilidade. É realmente o
olhar a vida de uma maneira mais ampla, de uma dimensão de quem compreende o
ser humano como detentor de um grande potencial. A escola é um meio para
alcançar conhecimento, e nessa frase Einstein nos aponta essa direção. A gente
deve olhar aquilo que se aprende não para a escola, unicamente, mas para abrir
horizontes de vida", explica Schneider.
Inspiração para as aulas de física
Entre os alunos, a descoberta da carta também
gerou entusiasmo. A figura do cientista descabelado por si só já é simpática.
Porém, quando os alunos do ensino médio começaram a ter contato com as teorias
de Einstein, a proximidade do criador através da carta gera uma empatia e
cumplicidade ainda maiores.
"Essa descoberta está sendo muito
inspiradora. Conversando com um colega sobre a carta, até decidimos apresentar
um experimento de física na feira de ciências. Fiquei muito feliz em saber que
nossa escola é reconhecida por gente como Einstein", diz o estudante da
2ª série do ensino médio, Pedro Henrique
Giuberti, 16 anos.
"Eles estão encantados. Creio que esse
fato encoraje a termos mais cientistas. Isso me alegra. Einstein servirá de
referência. Devemos estimular nossos estudantes a fazerem a diferença",
aponta Schneider. O professor resume a importância do gesto do cientista para
gerações de estudantes da escola. "O que eu faço é pequeno, mas se torna
grande porque tem amor. E é esse amor capaz de transformar a
sociedade."
UOL Educação
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