Mais de uma centena de pessoas, entre
familiares, amigos e curiosos, acompanhou o adeus ao universitário Máximo
Augusto
Foto: Magnus Nascimento
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A Delegacia de Homicídios de Natal (Dehom),
responsável pelas investigações relativas à morte de Máximo Augusto Medeiros de
Araújo, de 23 anos, trabalha com a hipótese da participação de mais de uma
pessoa no crime. O delegado Fábio Rogério Silva, que preside o Inquérito Criminal do
caso, confirmou ontem à tarde aos
familiares e amigos da vítima que estavam na Dehom/Natal para prestar
depoimento, que pelo menos uma pessoa suspeita de participação no homicídio foi
identificada, conforme diálogo acompanhado pela equipe de reportagem da Tribuna do Norte. O delegado, porém, optou por não detalhar como o suspeito foi
identificado, tampouco como teria sido sua participação no crime que comoveu o
Rio Grande do Norte.
Ao longo do dia de ontem, o delegado e equipe
de investigadores da Delegacia de Homicídios refizeram os últimos passos
conhecidos por parentes e amigos do jovem assassinado, que desapareceu na manhã
da sexta-feira passada, 1º de maio. Os locais visitados foram a Boate Vogue e o
Motel Lacoste, ambos em Candelária, zona Sul de Natal. Nos dois
estabelecimentos, o delegado ouviu funcionários. No segundo, além dos
depoimentos, ele teve acesso ao conteúdo das filmagens do sistema de segurança
eletrônico. “Não foi possível identificar, pelas imagens colhidas no motel,
quem dirigia o carro na saída. Alguns funcionários viram o acompanhante da
vítima apenas de perfil”, relatou Fábio Rogério Silva.
Os funcionários do motel relataram, ainda, que
nenhuma ação suspeita foi identificada após a saída da vítima e do principal
suspeito do crime, pois a entrada de casais homossexuais é comum no
estabelecimento em decorrência da proximidade da boate. “Não houve, dentro do
motel, briga, uso de arma ou tentativa de assalto”, comentou o delegado. Uma
funcionária do Departamento Administrativo das Boates Vogue confirmou à Tribuna do Norte que não há imagens da movimentação da entrada e saída dos clientes no
dia do desaparecimento de Máximo Augusto pois o sistema de monitoramento
eletrônico está sendo substituído e as câmeras novas ainda não haviam sido
instaladas no prédio.
A principal testemunha ocular dos últimos
passos da vítima nas proximidades da Boate Vogue prestou depoimento ontem à
tarde ao delegado Fábio Rogério Silva. O segurança, que atua na área de
estacionamentos do entorno da casa noturna pediu para não ser identificado, mas
detalhou o que viu. “Eu vi o rapaz saindo da boate e indo em direção ao carro.
Na esquina, ele encontrou o rapaz com o capacete, conversaram e seguiram para o
carro juntos. Perguntei se estava tudo bem e o menino que morreu disse que sim.
Achei estranho, pois o rapaz com o capacete não se virava, só ficava de
costas”, comentou o segurança.
Ele comentou, ainda, que não era possível
detalhar o visual do suposto assassino pois estava escuro e o homem, de costas
o tempo inteiro. Após entrarem no carro, ainda de acordo com a descrição do
segurança, um dos mais antigos da casa noturna, a vítima dirigiu o carro em
direção ao Motel Lacoste, localizado a menos de 100 metros da boate, ao lado de
um terreno baldio. A possibilidade do crime ter sido ocasionado por homofobia
não está descartada.
O titular da Dehom, apesar de não ter delineado
o segmento da investigação neste momento, avaliou a ação, inicialmente, como um
latrocínio com requintes de crueldade. “Acho que o indivíduo que matou se
aproveitou da situação da vítima, que estava em estado de embriaguez e,
consequentemente, fragilizada, e fez o que fez”, assegurou Fábio Rogério Silva.
A Polícia Civil trabalha, também, para
localizar onde foi para o veículo da vítima, assim como os documentos e o aparelho
celular por ela utilizado. “Teve um segundo elemento nessa ação, disso eu tenho
quase certeza. O homem que saiu com a vítima não agiu sozinho”, detalhou o
delegado.
Cronologia
Os últimos momentos
A noite anterior ao desaparecimento do
estudante Maximo Augusto Medeiros de Araújo, de 23 anos, seria mais uma de
alegria e celebração junto aos amigos de Natal e Caicó. Nas redes sociais,
horas antes de desaparecer, ele postou fotos ao lado de amigas, na qual se
mostrava feliz. Reveja abaixo, conforme detalhamento da Polícia Civil, os
últimos momentos conhecidos do jovem assassinado.
Quinta-feira, 30 de abril
à 11h30 - Máximo posta foto numa rede social
ladeado por duas amigas. Eles seguem para a Boate Pepper´s Hall, em Ponta
Negra;
Sexta-feira, 1º de maio
- 03h30 – Os amigos chegam à Boate Vogue, onde
compram um litro de vodka e alguns energéticos, segundo relatos de amigos
presente à casa noturna, e se divertem na área da música ao vivo;
- 04h20 – Os amigos mais próximos de Máximo
Augusto deixam a boate;
- 04h30 – Máximo Augusto é visto fora da boate,
por um do seguranças do complexo, conversando com um homem que segurava um
capacete. Ambos entram no carro e seguem para um motel localizado logo atrás da
boate;
- 06h15 – O carro de Máximo Augusto deixa o
motel. Não se sabe quem dirigia. Nenhum sinal de violência é registrado dentro
do estabelecimento;
- 10h – Os primeiros relatos de desaparecimento
são publicados nas redes sociais. Fotos e vídeos do jovem viralizam e a busca
por informações é compartilhada por milhares de pessoas. Familiares registram
Boletim de Ocorrência por desaparecimento na Delegacia de Plantão Zona Sul, em
Candelária;
Dia 02 de Maio
à Nenhuma informação do paradeiro do jovem
chega aos familiares. Polícia não tem pista do que possa ter ocorrido.
Documentos e carro do jovem não são localizados;
Dia 03 de Maio
- 10h30 – Um morador da Comunidade Arisco,
distrito de São Gonçalo do Amarante, localiza um corpo num matagal da
comunidade rural e aciona a Polícia Militar através do Ciosp. Policiais do 11º
Batalhão isolam a área e peritos do Itep recolhem corpo em decomposição,
despido e sem nenhuma identificação;
- 13h30 – Familiares de Máximo Augusto são
chamados ao Itep na tentativa de reconhecer o corpo. Diante do avançado estado
de decomposição e desfiguração pelas agressões, a identificação só foi possível
através de exames de impressão digital;
-15h30 – Peritos e papiloscopistas do Itep/RN
confirmam que o jovem encontrado morto é Máximo Augusto Medeiros de Araújo.
Menções de pesar são publicadas nas redes sociais dos familiares e amigos;
- 16h – Corpo é encaminhado para necropsia e
exames laboratoriais complementares;
Dia 04 de Maio
- 09h – Missa em memória do jovem morto é
celebrada no Cemitério de Nova Descoberta. Centenas de pessoas acompanham a
celebração debaixo de chuva;
- 10h – Corpo de Máximo Augusto é recebido no
cemitério sob aplausos e cânticos religiosos. Caixão é levado diretamente para
a sepultura.
- 15h – Familiares prestam depoimento na Dehom,
na tentativa de ajudar Polícia Civil na identificação do(s) autor(es) do crime.
Tribuna do Norte
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