Apesar de o Brasil ter sido atingido pela
primeira vez pela dengue na década de 1980 em várias capitais, a doença só
chegou a Natal em 1996. Quase 20 anos depois, o problema só ficou mais complexo
com ciclos de epidemias e vários tipos de vírus circulando. Todos os quatro
tipos circulam pelo Estado do Rio Grande do Norte, mas na epidemia deste ano,
apenas três deles, segundo o secretário municipal de Saúde, foram identificados
até agora: o tipo 1, 2 e 4. Mas a situação ainda pode se agravar. Na Ásia,
circula um quint
o tipo da doença, que ainda não chegou por aqui.
o tipo da doença, que ainda não chegou por aqui.
Apesar da diversidades de vírus, os seus
resultados no organismo humano são semelhantes conforme o infectologista Kleber
Luz. Os sintomas são praticamente os mesmos, a variação deles se dá apenas por
conta da individualidade de cada caso. Algumas pessoas podem apresentar determinados
sintomas característicos e outras não.
Entretanto, há estudos acadêmicos que apontam para que o DENV-3 seja um pouco mais virulento que os demais. Segundo pesquisa subsidiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o aparecimento desse sorotipo no Brasil coincidiu com o aumento de casos mais graves.
Como até agora o tipo três não foi encontrada aqui em Natal, essa
hipótese é a mais provável para explicar a pouca incidência de casos graves e
mortes em função da dengue. Essa possibilidade vai ao encontro da análise que o
secretário municipal de Saúde tem sobre o quadro da epidemia na capital
potiguar. “Nesse ano tivemos muitos casos e baixo número de mortes. E a
evolução para o óbito foi muito abrupta”. Até agora Natal tem uma morte
confirmada em razão da dengue e três estão sob investigação para a confirmação
ou não.
saiba mais
Mosquito adota estratégias de sobrevivência
Vale lembrar que ser infectado por um tipo de
vírus não protege o indivíduo dos outros três subtipos. Pior: ter dengue mais
de uma vez favorece a evolução para a forma forma hemorrágica da doença.
“Alguns pacientes podem apresentar sangramentos no nariz, gengiva, as mulheres
podem ter sangramento vaginal. Isso é uma suspeita de dengue hemorrágico, mas
essas pessoas podem ter esses sangramentos por outro motivo”, explicou.
Luz também informou que a forma mais agressiva
da doença afeta de forma mais intensa pessoas brancas. “Um negro quase não
morre de dengue. Quanto mais branca a pessoa, mais chances de morrer por dengue
hemorrágico. Mas se a pessoa for negra e for diabética também tem grande propensão a ter dengue hemorrágico.
Então se é hipertenso, se tem anemia falciforme [doença com grande prevalência
entre pessoas negras] tem grandes chances de morrer dessa doença”, disse Kleber
Luz.
Diferente do que muita gente pensa, o vírus da
dengue não é nato do Aedes aegypti. A infecção do mosquito se dá quando ele
pica um ser humano durante o período de incubação da doença (momento depois da
picada por um outro mosquito infectado, mas ainda apresentar sintomas), que em
média dura de 5 a 6 dias.
Depois de infectado, o vírus se desenvolve no
intestino médio do mosquito e daí se espalha para o resto do organismo até
chegar às glândulas salivares, responsáveis finais pela transmissão ao ser
humano. Não há registros de casos de transmissão entre humanos. Além da dengue,
o Aedes aegypti pode transmitir também a febre chikungunya e a zika.
Classificação técnica
O vírus da dengue é classificado como um
“arbovírus”. Ele só se mantém na natureza graças aos mosquitos que se alimentam
de sangue (hematófagos) do gênero Aedes. O vírus é da família “flaviviridae”,
igual ao vírus da febre amarela.
Tribuna do Norte
Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Reflita, analise e comente