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Foto: Adriano Machado/Reuters |
O ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) divulgou uma “carta aberta” nesta quinta-feira (17) em que
diz confiar no Supremo Tribunal Federal (STF) e esperar justiça. Diz também
que, "sob o manto de processos conhecidos primeiro pela imprensa e só
depois pelos diretamente e legalmente interessados, foram praticado atos
injustificáveis de violência contra minha pessoa e de minha família".
No documento, que foi enviado
pela assessoria de imprensa do Instituto Lula, ele diz lamentar “os tristes e
vergonhosos episódios das últimas semanas”, mas acrescenta que tais atos “não
me farão descrer da instituição do Poder Judiciário”. “Nem me farão perder a
esperança no discernimento, no equilíbrio e no senso de proporção de ministros
e ministras da Suprema Corte”, disse o petista. “Justiça, simplesmente justiça,
é o que espero, para mim e para todos, na vigência plena do estado de direito
democrático”, acrescentou.
Lula criticou o vazamento de
grampos de conversas que teve com parentes e políticos, como a presidente Dilma
Rousseff. “Não me conformo que se palavras ditas em particular sejam tratadas
como ofensa pública, antes de se proceder a um exame imparcial, isento e corajoso
do levantamento ilegal do sigilo das informações.”, afirmou (leia a íntegra da
carta no fim desta reportagem).
Nesta quinta, o o
ex-presidente tomou posse como ministro-chefe da Casa Civil. Duas liminares,
porém, o impediram de exercer as funções do cargo.
Lula acrescentou que "dos
membros do Poder Judiciário espero, como todos os brasileiros, isenção e
firmeza para distribuir a Justiça e garantir o cumprimento da lei e o respeito
inarredável ao estado de direito". "Creio também nos critérios da
impessoalidade, imparcialidade e equilíbrio que norteiam os magistrados
incumbidos desta nobre missão."
O juiz Sérgio Moro retirou na
quarta-feira (16) o sigilo de interceptações telefônicas do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e acabou revelando conversas gravadas pela Polícia Federal
com a presidente Dilma Rousseff, que o nomeou como ministro chefe da Casa
Civil.
Leia a íntegra da carta de
Lula:
"Carta aberta do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Creio nas instituições
democráticas, na relação independente e harmônica entre os Poderes da
República, conforme estabelecido na Constituição Federal.
Dos membros do Poder
Judiciário espero, como todos os brasileiros, isenção e firmeza para distribuir
a Justiça e garantir o cumprimento da lei e o respeito inarredável ao estado de
direito.
Creio também nos critérios da
impessoalidade, imparcialidade e equilíbrio que norteiam os magistrados
incumbidos desta nobre missão.
Por acreditar nas instituições
e nas pessoas que as encarnam, recorri ao Supremo Tribunal Federal sempre que
necessário, especialmente nestas últimas semanas, para garantir direitos e
prerrogativas que não me alcançam exclusivamente, mas a cada cidadão e a toda a
sociedade.
Nos oito anos em que exerci a
presidência da República, por decisão soberana do povo – fonte primeira e
insubstituível do exercício do poder nas democracias – tive oportunidade de
demonstrar apreço e respeito pelo Judiciário.
Não o fiz apenas por palavras,
mas mantendo uma relação cotidiana de respeito, diálogo e cooperação; na
prática, que é o critério mais justo da verdade.
Em meu governo, quando o
Supremo Tribunal Federal considerou-se afrontado pela suspeita de que seu então
presidente teria sido vítima de escuta telefônica, não me perdi em
considerações sobre a origem ou a veracidade das evidências apresentadas.
Naquela ocasião, apresentei de
pleno a resposta que me pareceu adequada para preservar a dignidade da Suprema
Corte, e para que as suspeitas fossem livremente investigadas e se chegasse,
assim, à verdade dos fatos.
Agi daquela forma não apenas
porque teriam sido expostas a intimidade e as opiniões dos interlocutores.
Agi por respeito à instituição
do Judiciário e porque me pareceu também a atitude adequada diante das
responsabilidades que me haviam sido confiadas pelo povo brasileiro.
Nas últimas semanas, como
todos sabem, é a minha intimidade, de minha esposa e meus filhos, dos meus
companheiros de trabalho que tem sido violentada por meio de vazamentos ilegais
de informações que deveriam estar sob a guarda da Justiça.
Sob o manto de processos
conhecidos primeiro pela imprensa e só depois pelos diretamente e legalmente
interessados, foram praticado atos injustificáveis de violência contra minha
pessoa e de minha família.
Nesta situação extrema, em que
me foram subtraídos direitos fundamentais por agentes do estado, externei minha
inconformidade em conversas pessoais, que jamais teriam ultrapassado os limites
da confidencialidade, se não fossem expostas publicamente por uma decisão
judicial que ofende a lei e o direito.
Não espero que ministros e
ministras da Suprema Corte compartilhem minhas posições pessoais e políticas.
Mas não me conformo que, neste
episódio, palavras extraídas ilegalmente de conversas pessoais, protegidas pelo
Artigo 5o. da Constituição, tornem-se objeto de juízos derrogatórios sobre meu
caráter.
Não me conformo que se
palavras ditas em particular sejam tratadas como ofensa pública, antes de se
proceder a um exame imparcial, isento e corajoso do levantamento ilegal do
sigilo das informações.
Não me conformo que o juízo
personalíssimo de valor se sobreponha ao direito.
Não tive acesso a grandes
estudos formais, como sabem os brasileiros. Não sou doutor, letrado,
jurisconsulto. Mas sei, como todo ser humano, distinguir o certo do errado; o
justo do injusto.
Os tristes e vergonhosos
episódios das últimas semanas não me farão descrer da instituição do Poder
Judiciário. Nem me farão perder a esperança no discernimento, no equilíbrio e
no senso de proporção de ministros e ministras da Suprema Corte.
Justiça, simplesmente justiça,
é o que espero, para mim e para todos, na vigência plena do estado de direito
democrático.
Luiz Inácio Lula da
Silva"
G1
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