A presidente Dilma Rousseff
disse nesta sexta-feira que vai ficar de "coração partido" se não
estiver no cargo a tempo de ver resultados da transposição do rio São
Francisco. Dilma também afirmou que não vai "para debaixo do tapete",
mas resistirá ao processo de impeachment, e que um eventual governo Temer - sem
citar seu nome - quer superar a crise econômica somente cortando programas
sociais. Nesta sexta-feira, o impeachment de Dilma passou favoravelmente pela
comissão especial do Senado e irá ao plenário da Casa, onde poderá ser definido
o afastamento da presidente. Ela visitou obras do eixo norte do projeto de
integração do rio São Francisco, em Cabrobó (PE).
— Se tiver uma coisa que eu
vou ficar muito triste na minha vida é não estar aqui no dia que a dona Maria
ou o seu João abrirem a torneira e a água escorrer, e eu não estar aqui para
comemorar com vocês — declarou Dilma, e completou:
— Quero dizer que meu coração
vai ficar partido. Vai ficar partido porque é uma grande injustiça.
Dilma voltou a exaltar os 13
anos em que o PT está na Presidência, mencionando o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva por várias vezes no discurso, e a atacar abertamente os mandatos
de Fernando Henrique Cardoso. A presidente enfatizou que orgulha-se das
escolhas que fez e destacou que ela e Lula possibilitaram que pessoas pudessem
viajar de avião pela primeira vez. Ela opôs o projeto petista ao eventual governo
Temer, sem mencionar o vice.
— Ninguém votou em mim pelos
meus belos olhos, apesar de eles serem muito belos - brincou Dilma, ao falar
dos compromissos que assumiu na campanha, polarizando-se com o eventual governo
que a substituirá se ela for afastada pelo plenário do Senado na semana que
vem. Nesta sexta-feira, a comissão especial do impeachment na Casa aprovou
parecer a favor do impeachment por 15 votos favoráveis, cinco contrários e uma
abstenção.
— Acham que é um desperdício,
um gasto desnecessário o Bolsa Família para a quantidade de famílias que nós
colocamos o Bolsa Família para elas — disse a presidente, falando novamente que
o governo interino tirará 36 milhões do Bolsa Família, e que a filosofia para
essas pessoas será "Os 36 milhões que se virem".
— Resolveram que essa crise
tem que ser enfrentada reduzindo só programa social. Reduzindo. Às vezes, eles
mudam a palavra para "rever", às vezes é "revisitar",
outras vezes é "focar". Mas é isso que está em curso. Então vamos
aqui pensar nós todos juntos - declarou, e complementou: — É porque se forem
para eleição direta, o povo não vota neles. É por isso.
Dilma negou que vá renunciar
ou ficar resignada, e disse que não vai "para debaixo do tapete". De
acordo com a presidente, ela é a "prova da injustiça".
— Se eu renunciar eu vou pra
debaixo do tapete, eu vou ficar aqui brigando. Porque eu sou a prova da
injustiça. Eles estão condenando nesse impeachment uma pessoa inocente. E não
há nada mais grave do que condenar uma pessoa inocente.
Nesta quinta, Dilma foi ao
Pará, para inaugurar a usina de Belo Monte e outras unidades do Minha Casa
Minha Vida. Nesta sexta, depois de cerimônia do Minha Casa Minha Vida no
Planalto, ela foi a estações para transposição do rio São Francisco, em
Pernambuco. No sábado, irá ao Tocantins com vistas a inaugurar uma sede da
Embrapa Pesca e Aquicultura. Na segunda, Dilma viaja para a capital goiana a
fim de inaugurar obra no aeroporto da cidade.
O Globo
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