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Marcelino / Reuters / 5-5-2016 O deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) após ter seu mandato suspenso pelo STF (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
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Para tentar ganhar tempo e
convencer Eduardo Cunha a renunciar à presidência da Câmara, os aliados dele
tentarão paralisar o trâmite do processo de quebra de decoro no Conselho de
Ética da Casa. Na sexta-feira, alguns deputados já questionavam a possibilidade
de manter o andamento do processo, já que ele está afastado do mandato. Mas,
segundo a Secretaria Geral da Mesa, o processo no Conselho de Ética não se
altera com o afastamento do cargo e segue normalmente seu trâmite. O processo
não é paralisado nem quando o deputado renuncia. O mesmo entendimento é
defendido pelo presidente do órgão, José Carlos Araújo (PR-BA) e pelo relator
do processo, Marcos Rogério (DEM-BA).
Entre os que defendem nova
eleição para a presidência há a crença de que o presidente interino Waldir
Maranhão (PP-MA), considerado um “Severino Cavalcanti piorado”, vai ele mesmo
se inviabilizar por incapacidade de tocar as sessões e por virar vidraça por
seu envolvimento na Operação Lava-Jato. Desde o afastamento de Cunha na
quinta-feira, Maranhão não apareceu para presidir as sessões de quinta à tarde
nem a de sexta de manhã, inviabilizada por falta de quorum.
ESPERA DE DEZ DIAS
Os líderes da oposição e do
centrão acham que o melhor é esperar uns 10 dias, prazo em que imaginam que a
imagem de Maranhão estará tão desgastada que ou o STF ou a Comissão de
Constituição e Justiça poderão responder a consultas sobre se é possível
decretar vacância na presidência da Câmara, “que não poderá ficar nove meses
sob o comando de um presidente incapaz”, tendo que comandar um duro processo de
reformas do eventual governo Michel Temer para tirar o Brasil da crise.
Segundo relatos de alguns dos
deputados que visitaram Cunha na quinta-feira à noite, os parlamentares
criticaram a decisão do STF, comentaram detalhes dos votos de cada ministro e,
diferente dos que querem derrubar Maranhão, alguns falaram da necessidade de
apoiá-lo para "preparar o terreno" e ajudar na governabilidade do
vice-presidente Michel Temer. Eles aconselharam Cunha a ligar para Maranhão
para "manter o diálogo aberto".
Apesar da mudança no status, a
rotina na residência oficial, em Brasília, continua a habitual. No fim da manhã
de sexta-feira chegaram à casa de Cunha quatro caixas de frutas e verduras,
entre as quais melancia, uva, abóbora, abobrinha, tomate e alface. A entrega,
que custou cerca de R$ 500, foi feita por funcionários de uma das lojas da
Ceasa, e paga por boleto bancário.
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