A presidente Dilma Rousseff
voltou hoje (14) a afirmar que o processo de impeachment contra ela é uma
tentativa de golpe e disse que vai “resistir até o fim”. Durante cerimônia de
inauguração da Embrapa Pesca e Aquicultura, em Palmas (TO), a presidente
destacou que o pedido de afastamento é motivado pelo fato de ela ter escolhido
gastar o dinheiro do governo com os mais pobres.
“Nós fizemos escolhas porque o
dinheiro é finito, então, você tem de escolher onde gastar. Nós escolhemos
ampliar o gasto na agricultura, na produção e nos programas sociais. Na área da
agricultura familiar e assentamentos, nós saímos de menos de R$ 2,5 bilhões
para R$ 30 bilhões. Na agricultura comercial, nós saímos de menos de R$ 25
bilhões para R$ 202 bilhões [de estímulos econômicos]. Nós fizemos, de fato,
uma escolha diferente da dos nossos antecessores”, afirmou.
Para a presidente o que está
ocorrendo no país, “mais que um golpe, é uma tentativa clara de fazer uma
eleição indireta para colocar no governo quem não tem voto suficiente para lá
chegar”. Segundo ela, o novo governo que será formado, caso ela seja afastada,
pretende reduzir o Bolsa Família aos 5% mais pobres do país, o que significa 10
milhões de pessoas. Atualmente, o programa atende a 46 milhões de brasileiros.
Dilma
“O foco é tirar do Bolsa
Família 36 milhões de pessoas. Isso porque eles sabem que o gasto do Bolsa
Família é de menos de 1% do PIB, um dos menores do país. E aí querem fazer
economia com o dinheiro dos pobres? Jamais se elegeriam”, afirmou.
Dilma também voltou a dizer
que é honesta, não tem contas no exterior nem recebeu dinheiro de propina. Para
ela, como não era possível apontá-la como criminosa por isso, tentam criar um
fato em torno da edição de decretos que “todos os outros governos também
fizeram”.
“São decretos que dão recursos
para o Tribunal Superior Eleitoral fazer concurso, para o Ministério da
Educação pagar hospitais, para o Ministério da Justiça complementar recursos
para escoltas. Não são recursos que a presidência pegou para ela”, disse.
Ela também voltou a alegar que
não participou das definições sobre o Plano Safra em 2015 porque a lei
determina que isso seja feito pelo ministro da Fazenda. “Ora, o que está em
questão são atos que eu sequer participei. Todos atos que são regulares, mas além
disso eu não estive em nenhum deles”, disse.
DilmaRousseff
No discurso, a presidente
disse ainda que o novo governo não terá condição de “quebrar” todos os seus
programas, mas alertou o público presente de que “eles vão tentar”. Ela
conclamou as pessoas a lutarem pelos seus direitos. “Nós todos temos que lutar
para que não haja retrocesso. Eu tenho de lutar contra o impeachment, e vocês
tem que defender o interesse de vocês. Nós temos que lutar pela democracia”,
disse.
Ex-ministros
Antes da fala da presidente
Dilma em Palmas, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, também discursou e
voltou a defender o governo. Após declarar que se sente orgulhosa da presidente
Dilma, Kátia Abreu repreendeu os ex-ministros deste governo que votaram a favor
da continuidade do processo de impeachment na Comissão Especial do Senado e os
acusou de traidores.
“Esses políticos que até ontem
eram ministros de vossa excelência, que foram ministros durante cinco anos do
seu governo, agora lhe viram as costas, lhe enfiam a faca pelas costas. Mas
antes usufruíram do seu mandato”, disse a ministra.
A ministra concluiu o discurso
citando a frase “não toque os pés no barco que te ajudou a atravessar o rio”,
numa referência ao que ela considerou uma “deslealdade” com a presidente.
Agência Brasil
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