Foi mais uma bela festa no
Maracanã. Com intensa participação do público, os Jogos Paralímpicos Rio 2016
foram abertos. Teve dança, muita música brasileira e momentos emocionantes. O
espetáculo, dirigido por Vik Muniz, Marcelo Rubens Paixa e Fred Gelli, alternou
momentos de muita intensidade com calmaria.
Assim como nas cerimônias dos
Jogos Olímpicos, a organização usou muitos recursos de projeção de luz para
simular cenários e interagir com os figurantes. No final, o nadador Clodoaldo
Silva acendeu a pira paralímpica e deu início aos jogos.
Megarrampa
No início da festa o cadeirante
norte-americano Aaron “Wheelz” desceu uma megarrampa erguida no Maracanã. Não
houve qualquer pausa para aumentar a tensão. Tão logo os holofotes miraram em
“Wheelz”, ele desceu a rampa e passou por dentro de um círculo. O círculo
disparou fogos de artifício enquanto o atleta dava uma pirueta no ar com sua
cadeira. Foi o início da cerimônia, que levou o público à loucura no Maracanã.
O Hino Nacional foi executado
pelo renomado pianista e maestro brasileiro João Carlos Martins. Mundialmente
reconhecido por sua habilidade, o maestro e pianista tem as mãos parcialmente
atrofiadas por uma série de problemas físicos. Enquanto tocava o hino ao piano,
figurantes com guarda-sóis fizeram desabrochar a bandeira brasileira no campo
do Maracanã. Mais um momento de muitos aplausos no estádio praticamente lotado.
![]() |
As peças de quebra-cabeça, que traziam os
rostos dos atletas estampados, formaram um coração no meio do campo. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil) |
A delegação brasileira entrou
por última, às 20h30 e o público celebrou como se fosse uma final de Copa do
Mundo. Para a entrada da delegação anfitriã, última a entrar no estádio, foi
executada uma música diferente de todas as outras. O Homem Falou, de
Gonzaguinha. O público pulou e celebrou os atletas brasileiros ao som do refrão
“a festa vai apenas começar”. Os 286 atletas e comissão técnica do Brasil
revigoraram o ânimo do público.
Juntas, as peças de
quebra-cabeça, que traziam os rostos dos atletas estampados, formaram um
coração no meio do campo. Com ajuda de projeções de luz, o coração parecia
pulsar diante dos olhos de todos. Um festival de fogos iluminou os céus do Rio
de Janeiro, em mais um momento de arrepiar.
Nuzman exalta povo brasileiro
Em seu discurso, o presidente
do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, falou em construção de um mundo novo,
onde não haja diferenças entre as pessoas. “Celebramos um novo desafio,
construir um mundo novo. Mais justo e fraterno, onde todos possam caminhar,
lado a lado sem obstáculos. É uma lição difícil, que nos faz mais fortes.
Quando todos duvidam, nós brasileiros crescemos. Somos o país das realizações
impossíveis. Estamos juntos pela igualdade entre as pessoas. Gente que mesmo
parecendo diferente tem o mesmo coração”, disse.
Quando agradeceu aos governos
federal, estadual e municipal, o público vaiou. Foram ouvidas vaias, aplausos,
gritos de Brasil, “Fora Temer” e assobios. O presidente do comitê ficou em
silêncio por instantes enquanto a arquibancada mostrava diferentes tipos de
reação. Ele olhava para o público e apenas esperou. Depois, retomou sua fala
dizendo que terminava o discurso de coração aberto para os atletas e foi muito
aplaudido.
O presidente do Comitê
Paralímpico Internacional (IPC), Phillip Craven, exaltou os atletas
paralímpicos. “Eles vão te surpreender. Mais que tudo, vão mudar vocês. Vocês
verão obstáculos como oportunidades e no Rio terão a oportunidade de fazer um
mundo mais justo. Seus valores deixam claro o que vocês apoiam e quem vocês
são. Com seu desempenho, contem sua história, como a esperança sempre vence o medo.
Somos parte de um só mundo”.
![]() |
Ao som de Sergio Mendes tocando Edu Lobo, a atleta e bailarina norte-americana do snowboard, Amy Purdy dançou com um robôTomaz Silva/Agência Brasil
|
Ao som de Sergio Mendes
tocando Edu Lobo, a atleta e bailarina norte-americana do snowboard, Amy Purdy,
encantou o público com uma coreografia que incluiu samba e ritmos mais lentos.
Amy dançava com graça e leveza usando próteses nas duas pernas. Seu parceiro
era um robô fabricado por uma empresa alemã. A máquina conseguiu acompanhar a
atleta nos passos mais lentos, mas quando o gingado tomou conta da coreografia,
o robô não a acompanhou e a atleta saiu muito aplaudida.
Um dos momentos mais
emocionantes da cerimônia foi o revezamento da tocha e acendimento da pira. A
ex-atleta brasileira Márcia Malsar levou a tocha por parte do campo do
Maracanã. Ela fez parte da delegação brasileira que ajudou a impulsionar o
esporte paraolímpico com a boa campanha nos Jogos de Nova York/Stoke
Mandeville-1984.
Márcia, que tem paralisia
cerebral, caminhava com muita dificuldade, mesmo com auxílio de uma bengala.
Chovia bastante na hora. No meio do trajeto, Márcia caiu no chão. No mesmo
instante em que era ajudada a se levantar, o público ficou de pé e começou a
aplaudir a ex-atleta.
A para-atleta pegou a tocha do
chão e se levantou devagar, muito aplaudida. Cada passo restante era
acompanhado pelas palmas do público até que ela entregasse a tocha para a
ex-velocista Ádria Santos.
A pira paralímpica
![]() |
A pira foi acessa pelo nadador brasileiro
Clodoaldo Silva Reuters/Sergio Moraes/Direitos Reservados |
O nadador brasileiro, que faz
sua última Paralimpíada no Rio de Janeiro, tem treze medalhas em quatro edições
dos jogos. Perto das 22h, Clodoaldo acendeu a pira, sob aplausos de um público
muito participativo durante grande parte do evento. A cerimônia terminou com as
músicas E Vamos à Luta, de Gonzaguinha e É Preciso Saber Viver, de Roberto
Carlos e Erasmo Carlos.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Reflita, analise e comente