A polêmica arbitragem de
Sandro Meira Ricci no Fla-Flu em Volta Redonda revoltou os dirigentes do
Fluminense. O presidente tricolor, Peter Siemsen, avisou que vai entrar com uma
ação no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pedindo a anulação do clássico.
O dirigente argumenta que houve interferência externa no lance do gol anulado
de Henrique no segundo tempo.
No momento do lance, o
Flamengo vencia a partida por 2 a 1. Aos 39 minutos do segundo tempo, uma bola
levantada por Gustavo Scarpa na área foi completada de cabeça para o gol,
empatando a partida. Imediatamente, o auxiliar Emerson Augusto de Carvalho
marcou corretamente o impedimento do zagueiro. Mas contrariando a decisão de
Emerson, Sandro Meira Ricci validou o gol.
Foi quando começou toda a
confusão. Os atletas do Flamengo reclamaram e a partida ficou paralisada por 13
minutos. Quando foi retomada, o árbitro mais uma vez voltou atrás e anulou o
gol tricolor. Foi a vez então dos tricolores reclamarem da decisão e acusarem a
arbitragem de ter usado imagens da TV para tomar a decisão. O recurso é
proibido pela Fifa.
- Eu sou o maior defensor do
uso do vídeo no futebol brasileiro. Porém, no momento, ele é irregular. A regra
é igual para todos e, neste jogo, não foi. Esse jogo, para mim, tem de ser
anulado. Vamos tomar todas as medidas. Vamos pedir a anulação da partida -
disse o dirigente tricolor, em entrevista à Rádio Tupi.
Siemsen ainda reclamou que no
lance do primeiro gol rubro-negro marcado por Leandro Damião, o zagueiro Réver
estava em posição de impedimento.
- É uma bagunça. Além de
prejudicar o Fluminense no primeiro gol do Fla, no qual Réver está impedido e
atrapalha a saída do nosso goleiro, houve essa lambança. Ficou claro que o juiz
usou a interferência externa. Hoje isso é irregular. O juiz demorou 13 minutos,
permitiu a entrada de pessoas estranhas ao campo. Conversou com o delegado do
jogo. Ele postergou a decisão. Não tenho dúvida que ele recebeu informação externa
e anulou o gol. Ele validou o gol inicialmente, aí ia correr para o meio do
campo. Ele usou a interferência externa. Depois, não deu o tempo correto de
acréscimo. Ele desestabilizou o Fluminense.
Até às 9h desta sexta-feira, a
súmula da partida não estava disponível no site da CBF, embora a de outros
jogos que começaram no mesmo horário nesta quinta-feira já estivesse publicada
no site.
BANDEIRA: LANCE FOI ILEGAL
O presidente do Flamengo,
Eduardo Bandeira de Mello disse que não acredita que o jogo vá parar no
tribunal. Para o dirigente rubro-negro, o lance foi claramente ilegal.
- Não houve nada disso
(interferência externa). Eu até estou achando que os dirigentes do Fluminense
vão pensar bem e não vão querer se beneficiar de um lance que foi claramente
ilegal - disse o dirigente.
Em 2013, porém, o dirigente
rubro-negro esteve do outro lado reclamando de uma possível interferência
externa em um jogo da Taça Rio contra o Duque de Caxias. Na ocasião, o time de
Caxias vencia por 1 a 0 quando Hernane marcou o gol de empate. A arbitragme
validou o gol, mas voltou atrás 40 segundos depois, levantando a suspeita de
interferência externa. Com isso, o Flamengo entrou com um recurso no Tribunal
de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD-RJ) para que o resultado do jogo
não fosse homologado até que o mérito da decisão fosse julgado. O TJD, no
entanto, arquivou o inquérito. No campo, o Flamengo acabou empatando e o jogo
terminou 1 a 1.
Já o técnico Zé Ricardo
lamentou que o clássico tenha sido decidido num lance cercado de tanta
polêmica. Embora ele tenha considerado a decisão correta, pois Henrique estava
impedido.
- Sobre o lance, fiquei
conversando com o Levir ali do lado dele. O bandeira parece que só confirmou o
que ele tinha marcado, o impedimento. Depois, com pressão do Fluminense,
Henrique e mais um ou dois jogadores, ele voltou atrás. Mas na minha visão, a
justiça foi feita. Mas é ruim, porque uma situação dessa tumultua o espetáculo.
BANCO DO FLA AVISOU DE
IMPEDIMENTO
Os jogadores rubro-negros
reconheceram que tiveram a informação do banco do Flamengo de que Henrique
estava impedido. Por isso, correram para reclamar.
- De fato a gente teve a
informação. Foi estranho porque ele deu o impedimento primeiro depois voltou
atrás. Mas a gente tem que ressaltar a coragem do árbitro e do assistente.
Estava todo mundo impedido. A gente tava ali, não sabia. O banco saiu correndo
e falou que estava realmente impedido - disse o volante William Arão.
‘De fato a gente teve a
informação’
- WILLIAM ARÃO
sobre o lance do gol do
Fluminense anulado
Do lado tricolor, a revolta
foi muito grande Tanto que não houve entrevista coletiva após a partida. Apenas
o diretor executivo, Jorge Macedo, falou. E reclamou dos dois lances: o
impedimento de Réver no primeiro gol rubro-negro e o que considerou uma
interferência externa no gol de empate tricolor.
- Foi muito estranho o que
aconteceu. O primeiro gol do Flamengo... o Réver estava impedido e desloca o
nosso goleiro. Os atletas do Fluminense conversam com o bandeira, e o árbitro
não pega a opinião de ninguém e valida o gol. Estranhamente, no nosso gol, o
bandeira dá impedimento. Os atletas vão falar com ele. Ele achava que o gol era
do Cícero. Ele pergunta ao árbitro: "Quem fez o gol?" O Sandro diz
que foi o Henrique. O gol é validado. Os jogadores do Flamengo saem. E voltam
logo depois pois ouvem uma interferência externa. O quarto árbitro e o delegado
também aparecem. Todos dizem que a televisão mostrava o impedimento. Depois de
muito tempo, o árbitro anula o lance. Então, uma interferência bruta. Essa
regra ainda não está apta no futebol. Todo mundo solicita isso. Mas hoje essa
interferência causou prejuízo muito grande ao Fluminense.
Questionado se o árbitro
confirmou aos jogadores que havia tomado a decisão por conta das imagens da TV,
o dirigente disse que sim.
- Sim, falou aos atletas.
Com a derrota, o time tricolor
caiu para a sexta posição na tabela com 46 pontos. O Flu está no limite da zona
de classificação para a Copa Libertadores do ano que vem. Já o Flamengo
encostou no Palmeiras. A diferença para o líder agora é de apenas um ponto
faltando oito rodadas para o fim do campeonato.
O Globo
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