Momentos de crise são um
terreno fértil para a ação de golpistas. Diante da pandemia de coronavírus que
assola o Brasil e o mundo, com mais de 10.000 mortes e 259.000 infectados,
fronteiras fechadas e quarentenas forçadas, criminosos têm se aproveitado do
período de pânico para aplicar golpes dos mais variados gêneros na internet. Há
registros de invasões de hackers ao sistema do Ministério da Saúde, mensagens
no WhatsApp oferecendo aumento no Bolsa Família, Netflix grátis e agentes de
saúde passando-se por funcionários de hospitais para cometer assaltos, entre
outros.
A criatividade dos vigaristas
não tem limites e os crimes atingem geralmente as pessoas mais vulneráveis,
como é o caso do golpe que anuncia o saque de 470 reais pelo programa Bolsa
Família para “a compra de produtos de limpeza e máscaras para prevenir o
coronavírus”. A mensagem que começou a circular no WhatsApp mira as populações
de baixa renda. Abaixo do texto, vem um link para agendar a retirada do
dinheiro. A pessoa, então, é redirecionada a sites que pedem a instalação de
aplicativos suspeitos.
O objetivo é baixar no
computador das vítimas malwares, vírus virtuais capazes de inviabilizar o
sistema, roubar dados pessoais e financeiros e obter as senhas de acesso. Há
casos também de randomware, quando o criminoso pede um resgate para liberar o
computador dos alvos.
Outra ocorrência comum no
WhatsApp oferece Netflix grátis, com o logo do canal de streaming. “Com a
grande disseminação do coronavírus no mundo, a Netflix está liberando acesso a
sua plataforma para os primeiros a se cadastrarem no site deles. É por pouco tempo”,
diz a mensagem fraudulenta, que serve como isca para o download do malware. Do
mesmo gênero, também há o golpe envolvendo a Ambev. Com a marca da companhia
cervejeira, uma mensagem oferece a distribuição de 1 milhão de frascos de
álcool em gel. Para saber em que local os itens serão entregues, a pessoa tem
que clicar num link contaminado.
Especializada em inteligência
virtual, a empresa Apura mapeou a ocorrência de 128.000 possíveis ameaças
cibernéticas com termos relacionados a “coronavírus” ou “Covid-19”. A pesquisa
foi feita entre 11 de janeiro e 19 de março. “A estratégia mais comum é emular
as ações de governo e empresas privadas que têm divulgado notícias e promoções
ou outros tipos de ação relacionadas ao coronavírus”, afirma o CEO da Apura, Sandro
Süffert. “Os bandidos se aproveitam de informações fidedignas e trocam algumas
vezes só o link final, aproveitando-se da boa vontade e do desespero das
pessoas”, completou.
Um dos casos mais graves
ocorridos no Brasil é uma campanha fraudulenta disseminada no WhatsApp que usa
o nome do Hospital Albert Einstein com a finalidade de cometer assaltos.
Passando-se por funcionários da instituição, a quadrilha oferece exames
presenciais de coronavírus em casa pelo aplicativo de conversa. A vítima,
então, aciona os bandidos, que, por sua vez, vão até as casas delas e anunciam
o assalto. Nesta semana, o hospital alertou para esse tipo de golpe, informando
que não fazia nenhum agendamento por WhatsApp e que os funcionários da
instituição estão sempre devidamente identificados e uniformizados.
Não são só as pessoas comuns
que têm sofrido os ataques virtuais. Em anúncio feito nesta sexta-feira, o
ministro da Saúde, Luiz Mandetta, afirmou que a pasta detectou a tentativa de
invasão de hackers nos sistemas de laboratórios públicos. O objetivo seria
conseguir resultados de exames em nome do presidente Jair Bolsonaro e de
pessoas famosas. O ministro condenou a atitude e disse que a área técnica teve
que transferir os arquivos para uma nuvem protegida, uma vez que os sistemas
disponíveis não estão dando conta do volume de informações e estão ficando
vulneráveis às invasões.
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