Considerado a
maior prioridade de 2022 para a Agência Espacial Europeia (ESA), o lançamento
do superfoguete Ariane 6 parecia estar próximo de acontecer. o veículo foi
montado por completo em sua plataforma de lançamento no espaçoporto europeu de
Kouru, na Guiana Francesa, com a instalação de um composto superior sobre o
estágio central e os quatro propulsores.
No entanto, houve mais um
adiamento, agora com o voo de estreia empurrado para o fim de 2023, conforme
anunciado pela ESA em uma coletiva de imprensa.
O diretor-geral da agência, Josef Aschbacher, disse que essa previsão surgiu a partir de uma revisão externa do programa estabelecida em maio, e avisou que a data não era definitiva. “Com um projeto dessa magnitude, é preciso deixar claro que esta é uma data planejada e que o programa ainda precisará alcançar com sucesso e oportuna uma série de marcos fundamentais para que esse cronograma seja válido”, disse ele.
Correspondente do site Space
News, o jornalista Andrew Parsonson, que esteve presente na
conferência, se disse impressionado com o que considera um descaso com os mais
de US$4 bilhões (algo em torno de R$20,5 bilhões) investidos no projeto até
agora – parte disso, dinheiro público.
“Quando a reunião terminou, fiquei perplexo e, para ser honesto, com raiva”, escreveu Parsonson. “Não houve reconhecimento de quão histórico foi o atraso ou uma admissão de que alguns, se não todos, os presentes, decepcionaram a Europa. E sim, isso pode ser um pouco hiperbólico da minha parte para dizer, mas considerando que grande parte deste projeto é financiado pelo contribuinte, não vejo por que não podemos esperar mais das pessoas a quem confiamos bilhões de euros”.
No fim de 2018, a ArianeGroup revelou que reduziria 2.300 cargos de seu quadro de funcionários até 2022 por meio de aposentadorias e contratos temporários vencidos. Segundo a empresa, isso foi decorrente do término da construção de Ariane 6 e da “necessidade de aumentar a competitividade no negócio europeu de lançamento de foguetes”. Naquele momento, o lançamento inaugural do foguete estava previsto para julho de 2020.
Ocorre que veio a pandemia de Covid-19,
interrompendo os serviços. O adiamento, naquela época, foi atribuído também à
necessidade de atualização da Unidade de Energia Auxiliar (APU), um componente
do estágio superior de Ariane 6 que é utilizado para pressurizar tanques,
permitindo que o motor seja reiniciado várias vezes.
Para Parsonson, foi uma decisão equivocada. “Em vez de garantir que o
Ariane 6 estaria pronto para voar o mais rápido possível e esperar para depois
implementar a atualização da APU, a decisão de prosseguir com a atualização
colocou em risco o acesso independente da Europa ao espaço”.
Segundo o especialista em cobertura de assuntos relacionados ao espaço,
outra “desculpa” para um novo adiamento veio no meio do ano passado, desta vez
relacionada a problemas na instalação dos “braços criogênicos”.
Essas duas garras mecânicas são fixadas na extremidade superior do mastro
de lançamento e sustentam os cabos umbilicais superiores. Após a decolagem,
esses braços se abrem para evitar bater nos propulsores do foguete.
Em outubro de 2021, a ESA revelou que ambos os braços criogênicos tinham
sido anexados com sucesso ao mastro, realizando uma série de testes nessas
estruturas, que se iniciaram em abril deste ano. Ali, a previsão ainda era de
que o voo inaugural aconteceria em 2022.
Olhar Digital
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