Questionado sobre o assunto ao
chegar no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde o governo de transição
tem se concentrado em Brasília, Dino disse que o objetivo é fazer valer o que
já estava previsto no estatuto do desarmamento de 2003.
"Eu estou falando como senador eleito. Aí sim, (deve-se revogar decretos que liberam armas). Não há dúvida que há um escopo principal do grupo, porque é um compromisso do presidente Lula e nós temos que ter um duplo olhar. O primeiro olhar: olhar daqui para frente. Nós temos uma lei vigente, o estatuto do desarmamento, que foi objeto de um desmonte por atos infralegais, abaixo da lei. Isso sem dúvidas é um tema fundamental do grupo de trabalho. É um tema que o presidente Lula escolheu e foi aprovado pela sociedade brasileira", comentou Dino.
Segundo o senador, que é cotado
para assumir o Ministério da Justiça, o grupo técnico ainda está avaliando o
assunto em detalhes, para verificar cada ação que será tomada. "O tema
daqui para trás é um tema que exige algumas reflexões. A primeira: existe
direito adquirido a faroeste? Não. Existe direito adquirido a andar com fuzil,
metralhadora? Não. Imaginemos a questão de um medicamento que hoje é permitido
e amanhã passa a ser proibido. Alguém terá direito adquirido a continuar a
tomar o medicamento? Não. É possível que haja um efeito imediato, inclusive no
que se refere aos arsenais já existentes? Sim, é possível", disse.
O senador afirmou ainda que
deverá haver medidas para que ocorra a devolução de armamento pesado que já foi
adquirido pela população. "E o que já está em circulação? Provavelmente
vai haver uma modulação. Aquilo que for de grosso calibre, por exemplo, deve
ser devolvido. Algum tipo de recadastramento no que se refere aos clubes de
tiro. Vai haver fechamento generalizado de clubes de tiro? Seguramente não. Mas
não pode ser algo descontrolado, não pode ser liberou geral. Todos os dias
vocês noticiam tiros em lares, em vizinhança, bares, restaurantes, de pessoas
que possuíam registro de CAC (registro de Colecionador, Atirador Desportivo e
Caçador). Mostra que esse conceito fracassou. E, se fracassou, deve ser
revisto.
Fim de sigilos de 100 anos de Bolsonaro
Flavio Dino confirmou a intenção
do governo de também revogar os atos de Bolsonaro que impuseram sigilo de 100
anos a informações "Não é propriamente tema do nosso grupo, porque não tem
propriamente impacto na segurança pública. Mas, sem dúvida, que é plenamente
possível (revogar), porque há um conceito jurídico fundamental que está contido
na súmula 473 do Supremo, que quando há razões de conveniência e oportunidade,
a mesma autoridade que decreta pode revogar", disse.
Estadão Conteúdo
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