No fim de agosto, um dos
principais instrumentos do Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA,
apresentou uma falha crítica, interrompendo parte dos trabalhos
investigativos do equipamento.
O Módulo de Instrumentos
Científicos Integrado (ISIM, na sigla em inglês) do Webb contém quatro
dispositivos, entre eles, o Instrumento de Infravermelho Médio (MIRI), uma combinação
de câmera e espectrômetro que examina a luz infravermelha em comprimentos
médios e longos, entre 5 e 27 micrômetros.
E foi justamente nele que o problema foi detectado. Segundo o site Space.com, a falha foi identificada em 24 de agosto, quando, de acordo com um comunicado da NASA, um mecanismo que suporta um dos quatro modos do MIRI, conhecido como espectroscopia de média resolução (MRS), “exibiu o que parece ser aumento de atrito durante a configuração para observação científica”.
O mecanismo se assemelha a uma
roda seletora, por meio da qual os astrônomos escolhem entre comprimentos de
onda curtos, médios e longos ao fazer suas observações. Ele permaneceu
desativado enquanto as equipes investigavam o que poderia ter causado a
demodulação do atrito.
Após semanas de análise
remota, os engenheiros concluíram que o problema foi causado pelo “aumento das
forças de contato entre os subcomponentes do conjunto de rolamentos centrais da
roda sob certas condições”, segundo um comunicado do Instituto Espacial de
Ciências Telescópicas (STScI), que é responsável pelas operações do James Webb.
Com os devidos reparos, a NASA
deu sinal verde para que o modo de espectroscopia que havia sido prejudicado
retome as operações. Os técnicos estão desenvolvendo um conjunto de diretrizes
sobre como usar com segurança a roda afetada.
“Um teste de engenharia
demonstrando novos parâmetros operacionais para o mecanismo da roda de grade
foi executado com sucesso em 2 de novembro”, diz o comunicado do STScI. “O MIRI
está retomando as observações científicas da MRS, inclusive aproveitando uma
oportunidade única para observar as regiões polares de Saturno”.
Ao operar no modo MRS, o MIRI
não tira fotografias, mas sim captura espectros leves, essencialmente impressões
digitais de absorção de luz que revelam composições químicas dos objetos
observados.
O MIRI requer as temperaturas
mais baixas de todos os instrumentos de Webb para operar com precisão. Enquanto
os outros três instrumentos — NIRCam, NIRSpec e FGS/NIRISS — dependem da
localização do telescópio e de seu escudo de proteção solar gigante para manter
temperaturas de menos 223ºC, o MIRI requer refrigeradores adicionais para
chegar a uma temperatura ainda mais fria, de menos 266 graus Celsius.
Isso representa somente 7ºC
acima do zero absoluto, a temperatura em que o movimento dos átomos para. Uma
vez que o MIRI detecta a luz infravermelha, que é essencialmente o calor,
qualquer calor adicional pode diminuir a sensibilidade de suas medições.
Fonte: Olhar Digital
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