Em outubro de 2021,
pesquisadores da Academia Chinesa de Ciência (CAS) concederam uma entrevista
coletiva à imprensa local para falar sobre as rochas lunares coletadas pela
missão Chang’e-5, as primeiras amostras trazidas à Terra em décadas. De
acordo com os cientistas, elas indicam que a Lua estava vulcanicamente ativa
mais recentemente do que se pensava.
Agora, pouco mais de um ano
depois, o estudo conduzido pela equipe, que detalha as análises feitas no
material, foi publicado na revista Science Advances. Entre
as descobertas está a confirmação daquilo que eles já desconfiavam:
diferentemente do que sugeriam as amostras trazidas pelo programa Apollo, que
teriam sido formadas há cerca de 3 bilhões de anos, o material trazido pela
missão chinesa indicava uma atividade vulcânica na Lua de 2 bilhões de anos
atrás.
Os autores acreditam que sua
pesquisa poderia fornecer uma visão valiosa de como o recente vulcanismo teria
moldado a superfície lunar.
A pesquisa foi conduzida por uma equipe do Instituto de
Geologia e Geofísica da Academia Chinesa de Ciências (IGGCAS), liderada por Su Bin, Yuan Jiangyan e Chen Yi – membros do Laboratório de Evolução Litosférica e Física Planetária e da Terra do IGGCAS.Eles foram acompanhados por
pesquisadores do Instituto de Ciência Lunar e Planetária (LPSI) da Universidade
de Nanjing e do Centro de Excelência em Planetologia Comparada da CAS.
Anteriormente, os cientistas
especulavam que o vulcanismo em estágio final poderia ter sido impulsionado
pelo alto teor de água ou pela decomposição de elementos radioativos no manto
lunar. No entanto, as muitas análises realizadas nas amostras obtidas pelo
rover Chang’e-5 descartaram esse consenso.
Tais investigações revelaram
que minerais com pontos de baixa fusão no manto poderiam ter permitido a
compressão, levando ao vulcanismo jovem. “O recente derretimento do manto lunar
pode ser alcançado aumentando a temperatura ou baixando o ponto de fusão”,
explicou Chen Yi em um comunicado da CAS. “Para entender melhor esse problema,
devemos estimar a temperatura e a pressão em que o jovem vulcanismo foi
criado”.
Para sua análise, a equipe
conduziu uma série de simulações de cristalização fracionária e derretimento de
manto lunar que compararam 27 classes de basalto obtidos pela missão Chang’e-5
a outros trazidos pelas missões Apollo.
Eles descobriram que as
amostras de magma jovens tinham maiores concentrações de óxido de cálcio e
óxido de titânio do que amostras mais antigas de magma.
A presença desses minerais,
que são mais facilmente derretidos do que os minerais anteriores no manto
lunar, significa que a lava vulcânica teria se movido gravitacionalmente e
causado o material no manto ao se solidificar.
Olhar Digital
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