
Segundo a Polícia Federal, há
indícios de que Lula pode ter sido recebido vantagens indevidas, que
beneficiaram o PT e seus parentes. O ex-presidente nega as suspeitas.
Essa é a 24ª fase da Operação
Lava Jato, batizada de Aletheia, em referência à expressão grega busca da
verdade.
Caminho do dinheiro, segundo o
MPF
Segundo as investigações, Lula
teria recebido dinheiro por meio do pecuarista José Carlos Bumlai e de
empreiteiras investigadas pela Lava Jato.
Segundo o MPF, pagamentos feitos
pelas empreiteiras ocorreram por meio de doações e palestras a duas empresas de
Lula.
O dinheiro repassado ao
Instituto Lula e à LILS Palestras pelas empreiteiras, R$ 30 milhões, teria sido
usado para abastecer o PT e parentes do ex-presidente.
Além disso, a OAS e a
Odebrecht pagaram pela reforma de um apartamento triplex e de um sítio em
Atibaia, entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e armazenagem de bens por
transportadora.
"A suspeita é de que a
reforma e os móveis constituem propinas decorrentes do favorecimento ilícito da
OAS no esquema da Petrobras", dizem os procuradores.
Segundo a PF, Lula “era o
responsável final pela decisão de quem seriam os diretores da Petrobras e foi
um dos principais beneficiários dos delitos” e "surgiram evidências de que
os crimes o enriqueceram e financiaram campanhas eleitorais e o caixa de sua
agremiação política".
Lula nega todas as suspeitas e
também diz não ser dono dos imóveis.
Montantes repassados, segundo
o MPF:
2014 – Triplex no Guarujá
- pelo menos R$ 1 milhão sem
aparente justificativa econômica lícita da OAS, por meio de reformas e móveis
de luxo implantados no apartamento tipo triplex, número 164-A, do Condomínio
Solaris, em Guarujá
- deste total, R$ 750 mil
foram em reformas e R$ 320 mil em móveis de luxo para a cozinha e dormitórios
Segundo o MPF, "embora o
ex-presidente tenha alegado que o apartamento não é seu, por estar em nome da
empreiteira, várias provas dizem o contrário, como depoimentos de zelador,
porteira, síndico, dois engenheiros da OAS, bem como dirigentes e empregado da
empresa contratada para a reforma, os quais apontam o envolvimento de seu
núcleo familiar em visitas e tratativas sobre a reforma do apartamento".
2010 – Sítio em Atibaia
- R$ 1.539.200 na compra do
sítio por terceiros, sendo R$ 770 mil em reformas pagas por Bumlai, OAS e
Odebrecht
Segundo o MPF, os donos do
sítio Jonas Suassuna e Fernando Bittar “são sócios de Fábio Luís Lula da Silva
(filho de Lula) como foram representados na compra por Roberto Teixeira,
notoriamente vinculado ao ex-presidente Lula e responsável por minutar as
escrituras e recolher as assinaturas”.
Segundo o MPF, 47% das
palestras foram pagas por empreiteiras investigadas na Lava Jato: Camargo
Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e UTC. E 60% dos
recursos do instituto também vieram dessas empresas.
O montante seria repassado ao
PT e parentes do ex-presidente. A PF investiga se as palestras e serviços foram
prestados.
Condução coercitiva
Segundo o procurador Carlos
Fernando dos Santos Lima, "nesse momento, as investigações não são
conclusivas ao ponto de pedir a prisão". Mas ele afirma haver
"indícios fortes" de "vantagens indevidas" em nome do
ex-presidente, por isso, Lula foi encaminhado a prestar esclarecimentos.
"Era necessário ouvi-lo.
O MPF tem uma investigação, necessitava ouvir o ex-presidente. Não havia como
não fazer a oitiva. Se tivéssemos ter marcado com antecedência, teríamos um
risco maior de segurança", disse Lima.
Operação
O presidente do Instituto
Lula, Paulo Okamoto, também foi alvo de mandado de condução coercitiva. A PF
também cumpre mandados de busca e apreensão na casa do ex-presidente Lula, na
casa e empresa dos filhos dele e no sítio que era constantemente frequentado
por Lula, em Atibaia.
O que diz o PT
O presidente nacional do PT,
Rui Falcão, divulgou vídeo no Facebook no qual classificou a operação da
Polícia Federal na casa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de
“política” e “espetáculo midiático”. Ele ainda pediu que a militância do
partido saia em defesa de Lula.
Em nota, o Instituto Lula afirmou
nesta sexta que a ação da Polícia Federal que realizou buscas na casa do
ex-presidente e a condução coercitiva foi "arbitrária, ilegal e
injustificável".
G1
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