A disputa pela sucessão de
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara já dividiu a base de apoio do
presidente interino, Michel Temer, na Casa.
Partidos que se alinharam ao
Planalto após o afastamento de Dilma Rousseff não conseguem se entender nem
sequer sobre a data em que deve ser realizada a nova eleição para o comando da
Casa.
O chamado "centrão",
grupo que congrega partidos pequenos e médios, como PP, PSD e PSC, trabalha
para que a escolha do novo presidente ocorra o mais rápido possível, na
terça-feira (12). Para isso, conta com o apoio da cúpula do PMDB.
O pleito, no entanto,
desagrada a siglas como o PSDB, DEM, PPS e PSB. Isso porque, nesse cenário, a eleição
se daria no mesmo dia em que está prevista a reunião da CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça) em que o colegiado decidirá se acata recurso de Cunha
contra a recomendação de sua cassação.
A coincidência das datas fez
com que esses partidos protestassem. Nos bastidores, líderes afirmam que a
sobreposição dos dois eventos –a nova eleição e a sessão da CCJ– será
interpretada como uma tentativa de postergar ou tumultuar a reunião da comissão
que pode sacramentar o destino de Cunha.
Por isso, o PSDB vem
trabalhando para que a nova eleição ocorra, no mínimo, na quarta-feira (13). Já
o DEM diz que ela deve ficar para quinta (14), seguindo a decisão do presidente
interino, Waldir Maranhão (PP-MA).
Maranhão figura como outro
obstáculo para o "centrão" e o PMDB. Cabe a ele como presidente em
exercício determinar quando ocorrerão as sessões, mesmo que extraordinárias.
O interino da Câmara quer
postergar ao máximo sua saída do cargo e tem insinuado que usará o tempo que
lhe resta para levar a plenário ainda na próxima semana a votação sobre a
cassação de Cunha, se o recurso apresentado pelo deputado afastado à CCJ não
prosperar.
Tentando fazer valer sua
determinação, Maranhão trocou nesta sexta (8) o secretário-geral da Casa,
Silvio Avelino, que era atrelado a Cunha. Também anulou o ato dos líderes do
"centrão" que prega nova eleição na terça.
O DEM tende a se somar a esse
esforço. Um dos nomes que figuram como candidato ao comando da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), diz que o regimento da Casa garante a Maranhão a prerrogativa de
estipular quando ocorrerá a sessão da nova eleição.
Até quinta-feira haveria tempo
para que o seu bloco partidário organizasse uma candidatura de consenso. A data
efetiva da votação, porém, ainda é uma incógnita.
PREOCUPAÇÃO
Maia é visto como um dos
quatro favoritos para a disputa. Além dele, estão na lista Fernando Giacobo
(PP-PR), Beto Mansur (PRB-SP) e Rogério Rosso (PSD-DF).
Apesar da insistência em negar
sua candidatura, Rosso já tem discurso de quem está na disputa.
"Dizer que um candidato é
ligado a A ou B é a forma mais fácil de desconstruir uma candidatura",
afirmou, se referindo à vinculação de seu nome a Cunha.
Há uma profusão de
candidaturas avulsas, o que tem preocupado o Planalto. No campo de PSDB, DEM,
PSB e PPS, além de Maia, Heráclito Fortes (PSB-PI) demonstrou disposição em
disputar.
A deputada Cristiane Brasil
(PTB-RJ), filha do presidente do PTB, Roberto Jefferson, o delator do mensalão,
também quer o posto. O ex-ministro da Saúde Marcelo Castro se lançou como nome
do PMDB, sem o apoio da cúpula do próprio partido, mas com o suporte de alguns
deputados do PT.
Nesse cenário, ministros de
Temer fizeram contato com os líderes com apelos para que a disputa não leve a
uma fragmentação da base do governo.
Folha de São Paulo-UOL
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