Trata-se do maior valor médio real da série histórica conduzida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), iniciada em 2001.
O valor fica cerca de R$ 20 acima da média praticada há um ano, quando o item custava em média R$ 77,40, em valores já corrigidos.
O estudo não leva em conta apenas os valores nominais: os preços antigos são atualizados.
O preço médio do litro de gasolina, que fechou setembro em R$ 6,09, é o maior desde fevereiro de 2003, quando estava em R$ 2,22, o que seria equivalente, pelas correções, a R$ 6,18.
Os dados foram compilados pelo monitor de preços do Observatório Social da Petrobras (OSP), entidade de pesquisa ligada ao Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps) e ao Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese).
O observatório também compilou dados em relação ao Diesel S-10, usado em veículos, especialmente em caminhões de carga.
O preço médio desse combustível também chegou ao maior valor do século, com o litro sendo vendido em média a R$ 4,77 no país.
O preço médio nacional do litro do etanol (R$ 4,70 em setembro) e o metro cúbico do Gás Natural Veicular (R$ 4,13) também atingiram os maiores valores desde 2001.
André Braz, coordenador do Índice de preços no consumidor (IPC) do FGV IBRE, alertou para os impactos diretos e indiretos dos preços dos combustíveis acima da inflação média.
“O efeito indireto provocado pelo aumento do combustível é que pode gradualmente encarecer o preço do transporte urbano, do frete e até a geração de energia. Cedo ou tarde, todos esses impactos acabam chegando a tudo o que é consumido nas grandes cidades”, diz o economista.
“O diesel tem potencial muito maior de espalhar a inflação do que a gasolina. As termelétricas podem usar outros combustíveis, entre eles o diesel, e isso encarece a geração de energia”.
O OSP também fez a relação entre o custo do gás de cozinha e dos combustíveis com o valor atual do salário mínimo. Enquanto em janeiro de 2015 o preço de um botijão de 13kg de GLP chegou a significar 5,7% do salário mínimo, atualmente ele equivale a 8,5%.
“Podemos verificar que houve uma tendência de queda da proporção de combustível/salário mínimo ao longo da maior parte do século XXI, interrompido entre os anos de 2015 e 2017, quando a política de preços da Petrobras mudou e os ganhos reais do salário mínimo se arrefeceram”, diz um trecho da análise divulgada pelo observatório.
Segundo eles, o maior problema observado nestas altas históricas dos preços dos combustíveis é a política da Petrobras. Segundo a organização, o programa de Preço de Paridade de Importação (PPI) seria o vilão da alta.
Com o PPI, a Petrobras passou a reajustar o valor final dos combustíveis de acordo com as cotações internacionais destes produtos mais os custos que os importadores têm, como transporte e taxas portuárias. Uma prática internacional para commodities, com preços indexados em dólar.
O Monitor dos Preços do OSP utiliza dados das pesquisas mensal e semanal do Levantamento de Preços de Combustíveis (LPC) da ANP, além de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
CNN Brasil
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