A Food and Drug Administration (FDA) – Anvisa dos EUA – aprovou a primeira versão em comprimido do Wegovy, medicamento usado para perda de peso. A decisão abre caminho para uma alternativa às injeções, mirando principalmente pacientes que evitam aplicações com agulhas. O lançamento no mercado americano está previsto para o início de 2026.
O aval vem acompanhado de
dados que sustentam a mudança de formato. Ensaios clínicos indicam que a eficácia
da pílula é semelhante à da versão injetável. Ao mesmo tempo, a aprovação
acelera uma corrida por medicamentos orais para emagrecimento, com
concorrentes já se preparando para entrar no jogo.
O comprimido do Wegovy usa o mesmo princípio ativo da injeção: a semaglutida, substância que atua no controle do apetite. A diferença está no caminho que o remédio percorre no corpo. Como a absorção pelo organismo é menor quando a droga é ingerida, a versão oral precisa de uma dose mais alta para alcançar efeitos parecidos.
A autorização da FDA define
quem pode usar o medicamento. Ele foi aprovado para adultos com obesidade e
para pessoas com sobrepeso associado a pelo menos uma comorbidade, como
problemas cardíacos. Na prática, o público-alvo é o mesmo das versões
injetáveis já disponíveis.
Num ensaio clínico patrocinado
pela Novo Nordisk, pessoas que tomaram a pílula perderam, em média, 13,6%
do peso corporal após 71 semanas. No grupo que recebeu placebo, a perda ficou
em torno de 2%. Em estudos anteriores, o Wegovy injetável mostrou uma
redução próxima de 15% no mesmo período.
Sobre efeitos colaterais, a
maioria dos participantes relatou problemas gastrointestinais, em
frequência parecida com a observada nas injeções. Especialistas também fazem
uma ressalva importante: resultados de estudos controlados tendem a ser mais
favoráveis do que o uso no dia a dia, quando a rotina do paciente entra em
cena.
A expectativa é que o Wegovy
em comprimido chegue às farmácias dos Estados Unidos no começo de 2026. A
Novo Nordisk já firmou um acordo com o governo americano prevendo um preço
inicial em torno de US$ 149 a US$ 150 por mês (cerca de R$ 830 a R$
840, em conversão direta) para as doses mais baixas, usadas no início do
tratamento.
Hoje, versões injetáveis
como Wegovy, Ozempic e Zepbound podem custar mais de US$ 1.000
por mês nos EUA, algo próximo de R$ 5,6 mil. Um comprimido mais
barato tende a ampliar o acesso e reduzir uma das principais
barreiras ao tratamento.
Há também a questão da adesão.
Muitos pacientes preferem pílulas a injeções, seja por medo de agulhas ou por
praticidade. Por outro lado, médicos lembram que a versão oral exige jejum
e um intervalo sem comer ou beber após a ingestão, o que pode não ser tão
simples na rotina de todo mundo.
Enquanto isso, a concorrência
se organiza. A Eli Lilly deve lançar sua própria pílula para perda de
peso, o orforglipron, por volta de março de 2026. O movimento reforça
a expansão dos chamados medicamentos agonistas de GLP-1, que ganharam até
o respaldo recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) como
ferramentas importantes no combate à obesidade.
Olhar Digital
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