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No país, 45% dos brasileiros
não têm acesso a serviço adequado de esgoto. (Foto: Marcelo Camargo)
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No Brasil, 45% da população
ainda não têm acesso a serviço adequado de esgoto. O dado consta no Atlas
Esgotos: Despoluição de Bacias Hidrográficas divulgado pela Agência Nacional de
Águas (ANA) e pelo Ministério das Cidades.
O estudo traz informações
sobre os serviços de esgotamento sanitário no país, com foco na proteção dos
recursos hídricos, no uso sustentável para diluição de efluentes e na melhor
estratégia para universalização desses serviços.
O Plano Nacional de Saneamento
Básico (Plansab) considera como atendimento adequado de esgoto sanitário o uso
de fossa séptica ou rede de coleta e tratamento de esgoto. Dentro desse
critério, 55% dos brasileiros dispõem do serviço adequado.
A publicação aponta que 43%
são atendidos por sistema coletivo (rede coletora e estação de tratamento de
esgotos); 12%, por fossa séptica (solução individual); 18% têm o esgoto
coletado, mas não é tratado; e 27% não têm qualquer atendimento.
Foram realizadas avaliações em
cada um dos 5.570 municípios do país, sempre considerando as diversidades
regionais e a abordagem por bacia hidrográfica. No estudo, são consideradas
exclusivamente as residências urbanas e não foi avaliada a prestação do serviço
na área rural.
O documento divide o país em
12 regiões hidrográficas: Amazônica, Tocantins-Araguaia, Atlântico Nordeste
Ocidental, Parnaíba, Atlântico Nordeste Oriental, São Francisco, Atlântico
Leste, Atlântico Sudeste, Atlântico Sul, Uruguai, Paraná e Paraguai.
Investimentos
De acordo com o Atlas Esgotos,
a universalização do esgotamento sanitário na área urbana do país necessitaria
de R$ 150 bilhões em investimento, tendo como horizonte o ano de 2035. Cerca de
50% dos municípios, que precisam de serviço de tratamento convencional de
esgoto, demandam 28% do valor estimado. Já 70 dos 100 municípios mais populosos
requerem solução complementar ou conjunta e concentram 25% do total de
investimento.
Os custos com coleta e com
tratamento variam conforme a região, sendo maiores no Norte e menores no
Sudeste. Para o Brasil como um todo, os gastos com coleta representam 2,7 vezes
mais do que os previstos em tratamento.
Entretanto, segundo a ANA e o
ministério, apenas o aporte financeiro não é suficiente para a universalização,
sem capacidade adequada de administração do serviço. No país, existem vários
exemplos de sistemas de coleta e tratamento de esgoto que foram abandonados ou
sequer entraram em operação devido a problemas associados a gestão.
Na maioria dos municípios
(4.288) o serviço é prestado pela própria prefeitura ou há um prestador que
precisa aprimorar a capacidade de gestão. Entretanto, parte significativa da
população urbana (87 milhões de habitantes), projetada para 2035, está nos
municípios cujo prestador de serviço tem situação institucional consolidada.
Segundo o Atlas Esgotos, os
serviços de esgotamento sanitário podem ser prestados de forma indireta, quando
delegados para autarquia municipal, companhia estadual ou concessionária
privada; ou de forma direta, sem prestador de serviço, sendo realizado pelas
próprias prefeituras.
O estudo ressalta que, mesmo
com as duas possibilidade de organização, há municípios sem coleta e tratamento
de esgoto.
Nesse contexto, 2.981
municípios têm delegado os serviços de saneamento (forma indireta), sendo que
cerca de 50% deles têm coleta e tratamento de esgotos, alcançando pelo menos
10% dos habitantes. Por outro lado, 2.589 municípios não têm prestador de
serviço, e apenas 5% desse grupo oferecem tratamento coletivo de esgoto.
A forma indireta de gestão é
adotada pelas cidades maiores que delegam, na maior parte das vezes, o serviço
para companhias estaduais. Nos municípios de pequeno porte, o serviço fica a
cargo das prefeituras. Ao observar as regiões, na porção leste do país
(Nordeste, Sudeste e Sul), é possível identificar que a maioria dos municípios
tem serviço de esgotamento sanitário delegado, enquanto mais a oeste (Norte e
Centro-Oeste) predominam aqueles cuja responsabilidade pela prestação do
serviço recai sobre as prefeituras.
Carga orgânica
Conforme o estudo, o Brasil
produz cerca de 9,1 mil toneladas de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) por
dia, parcela orgânica dos efluentes vindos do esgoto doméstico. Desse total,
48% são provenientes de 106 municípios com população acima de 250 mil
habitantes.
A DBO é um dos mecanismos
usados para medir a poluição das águas e a qualidade do tratamento de esgoto.
Quanto mais DBO, maior o grau de poluição na água.
De acordo com o atlas, durante
o tratamento, 60% de DBO precisam ser removidos. Entretanto, na maioria das
cidades brasileiras (4.801) os níveis de remoção da carga orgânica são
inferiores a 60% da quantidade gerada.
Os baixos níveis de remoção
são encontrados em todas as regiões, em especial no Norte e no Nordeste. Dos
5.570 municípios, 70% removem no máximo 30% da carga orgânica gerada.
No outro extremo, apenas 769
cidades (14%) têm índices de remoção de DBO superiores a 60%, concentradas
principalmente na Região Sudeste. Apenas 31 dos 100 municípios mais populosos
conseguem remover carga orgânica acima de 60%.
Em relação à unidades da
Federação, apenas o Distrito Federal remove mais de 60%. Os estados de São
Paulo e Paraná chegam perto desse índice, enquanto que nos demais estados os
índices são menores.
No país, de toda a carga
orgânica gerada (9,1 mil toneladas de DBO/dia), somente 39% são removidos nas
estações de tratamento de esgoto.
Com isso, uma parcela
significativa de poluentes é lançada diretamente nos corpos d’água das bacias,
“comprometendo a qualidade das águas para diversos usos, com implicações
danosas à saúde pública e ao equilíbrio do meio ambiente”, de acordo com a
publicação. Pelo menos, cerca de 110 mil quilômetros de cursos d’água,
notadamente na porção leste do país, têm baixa qualidade de água.
O atlas está disponível na
página da ANA.
Agência Brasil
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