O município de São José do
Seridó, distante 244 quilômetros de Natal, sediou uma audiência pública que
tratou da prevenção do suicídio. Proposta pelo deputado estadual Vivaldo Costa
(PSD) o encontro reuniu centenas de populares que acompanharam o debate com o
tema “A vida fala mais alto: os desafios de como enfrentar o suicídio”.
Ao abrir os trabalhos Vivaldo
Costa falou da importância da informação na prevenção de doenças,
principalmente quando essas são psicológicas e mentais. “Nos meus mais de 50
anos de medicina, cheguei à conclusão que não existe nada mais importante que
prevenir. No caso do suicídio, a informação é a principal arma para que o pior
não aconteça. É preciso ensinar as pessoas a ter saúde e valorizar a vida”,
iniciou Vivaldo.
Ainda em seu discurso, Vivaldo
destacou o trabalho que vem sendo realizado no município de São José do Seridó,
através do programa de saúde “A vida fala mais alto”, idealizado pela
secretaria municipal há quase uma década e que conseguiu zerar os índices de
suicídio no município, antes, um dos mais altos do Estado.
“Esse projeto é vitorioso. Ele
aproveita os profissionais do Programa Saúde da Família (PSF) que desenvolvem
um trabalho fantástico de saúde multiprofissional no tratamento das doenças
mentais e psicológicas e, principalmente, no combate ao suicídio. Portanto,
este programa precisa ser copiado em todos os municípios do Rio Grande do Norte
e até do Brasil”, disse o deputado.
O programa “A vida fala mais
alto”, foi criado em São José do Seridó em 2010 e consiste no acompanhamento de
todos os moradores da cidade, que são orientados, medicados e tratados pelos
profissionais de saúde do Programa Saúde da Família. Antes da implantação do
programa, dezoito casos de suicídios foram registrados em apenas um ano. Depois
do “A vida fala mais alto”, não se registra nenhum caso de suicídio há mais de
seis anos em São José do Seridó.
“Um ano antes da criação do
programa, registramos dezoito casos. Em São José do Seridó, o índice de suicídio
sempre foi acima da média. E nos últimos anos a administração municipal não
mediu esforços e priorizou o fortalecimento desse programa que tem conseguido
zerar esses casos e ainda cuidar da saúde mental dos nossos munícipes”,
explicou a prefeita Maria Dalva de Medeiros.
A secretária de saúde do
município, explicou que foi preciso a junção de todas as forças para que o
programa conseguisse o êxito necessário e passasse a salvar vidas. Segundo ela,
todas as entidades como igrejas, sindicatos, fábricas, escolas, postos de
saúde, secretarias, conselho municipal de saúde, médicos, professores,
psicólogos, psiquiatras, e todos os profissionais da saúde, foram convocados e
treinados para identificar quando alguém precisava de ajuda. “Aqui trabalhamos
saúde mental diariamente. Somos uma rede atenta a qualquer sinal. Por exemplo,
os gerentes das fábricas estão capacitados e acionam a rede, caso identifique
que um de seus colaboradores estão precisando de ajuda. E isso acontece nas
escolas, nas igrejas, nos postos de saúde. Com isso, conseguimos zerar os casos
de suicídio em São José do Seridó, que há mais de seis anos não registra nenhum
caso”, frisou a secretária Débora Costa.
O médico psiquiatra Salomão
Gurgel destacou o trabalho social realizado no município e a influência de
alguns fatores na busca da saúde dos cidadãos com doenças psicológicas em São
José do Seridó.
“Saúde mental não se faz
apenas em consultório ou com medicação. Ações concretas como as que são feitas
aqui em São José do Seridó são fundamentais. Além disso, os fatores sociais
como segurança, qualidade de vida e empregabilidade, também colaboram
diretamente com a boa saúde mental do povo de uma cidade e todos esses fatores
influenciaram na diminuição desses índices aqui no município”.
Um dos momentos mais
emocionantes da audiência pública foi o depoimento do estudante de psicologia,
Emanuel Santana. Ao relatar que o pai e o irmão morreram vítimas de suicídio, o
jovem chamou a atenção dos presentes para a importância do ouvir e ressaltou a
importância da família no combate ao suicídio.
“Perdi meu pai e meu irmão
para o suicídio e já tentei me suicidar por duas vezes. Hoje estudo psicologia
e vivo para ajudar pessoas a entender que problemas existem para serem
solucionados”, contou o jovem. Emanuel disse ainda que o mais importante no
processo de recuperação de uma pessoa com doenças mentais e psicológicas é o
apoio da família. “O apoio das políticas públicas é muito importante, mas não
existe nada mais importante que o apoio em casa. Os familiares precisam
entender que eles podem ser a cura. A pessoa que está prestes a cometer
suicídio precisa entender que, em casa, ela tem um apoio, uma palavra, um “eu
estou aqui”, um “eu te entendo”, “isso vai passar”, “vamos vencer juntos”. Se
hoje estou vivo é porque tinha alguém ali, do meu lado, pronto para me ajudar”,
finalizou o estudante de psicologia.
Para a psicóloga e
idealizadora do “A vida fala mais alto”, outro ponto fundamental para o sucesso
do programa foi sempre o olhar atento de todos os envolvidos. “Desde o início
desse projeto que os nossos olhares estão atentos a todos os sinais. Cada um
dos profissionais envolvidos se doa de corpo e alma, com um único objetivo:
salvar vidas. Esse programa é vitorioso desde o início, quando foi pensado com
muito amor e com muita dedicação de nossa parte”, comentou Edna Fidelis,
psicóloga e idealizadora do programa.
Vivaldo já realizou outras
audiências com foco na Prevenção ao Suicídio, ouvindo especialistas,
representantes do governo e pacientes em recuperação no tratamento da
depressão. Natal e Caicó já receberam a caravana, agora será a vez de São José
do Seridó.
“Estamos empenhados nesta
luta. Nosso Seridó tem um alto número de casos de suicídio. Isso nos assusta e
precisamos ajudar. O assunto é um grave problema de saúde pública; no entanto,
os suicídios podem ser evitados em tempo oportuno, com base em evidências e com
intervenções de baixo custo. É por isso que estamos propondo este debate amplo
para só assim levar um real diagnóstico ao Governo do Estado”, contou Vivaldo.
A cada ano, cerca de 800 mil
pessoas tiram a própria vida e um número ainda maior de indivíduos tenta
suicídio. Cada suicídio é uma tragédia que afeta famílias, comunidades e países
inteiros e tem efeitos duradouros sobre as pessoas deixadas para trás. O
suicídio ocorre durante todo o curso de vida e foi a segunda principal causa de
morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo no ano de 2016.
Participaram da audiência
pública o deputado estadual Vivaldo Costa, a prefeita de São José do Seridó –
Maria Dalva de Medeiros, Secretária municipal de saúde – Débora Costa, o
presidente da Câmara Municipal – José Carlos Dantas da Costa, Presidente do
Conselho Municipal de Saúde – Juliana Andrea Dantas, presidente do Conselho
Municipal de Saúde – Ilca Bezerra Dantas, a psicóloga da Unidade Mista de São
José do Seridó e idealizadora do Programa “A vida fala mais alto” – Edna
Fidelis, Salomão Gurgel – médico psiquiatra, o ex-prefeito – João Bosco Costa,
o ex-prefeito – João Lázaro, o estudante de psicologia – Emanuel Santana e a
população em geral.
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