Em algumas cidades, como no Rio de Janeiro, pode superar o patamar de R$ 7 o litro nos postos, dizem. O aumento do petróleo ocorre em um momento de maior abertura da economia e elevação do consumo interno e externo, com o avanço da vacinação e a retomada de atividades presenciais em vários países.
Para Paulo Feldmann, professor de economia da FEA-USP, a oferta de petróleo é ainda menor do que a demanda, e o fato de países mais desenvolvidos estarem se recuperando economicamente está intrinsecamente ligado à alta dos preços.
— A reabertura e a retomada da economia, em países como Estados Unidos e China, estimulou a demanda internacional do petróleo, o que pressiona o preço no mercado internacional. Mas este crescimento pode não ser tão sustentável no longo prazo — explica.
Alta de 12% no consumo
No Brasil, o consumo registra aumento, embora ainda em patamares mais baixos do que os registrados em 2019, ano anterior à pandemia. Em junho, as vendas totais de combustíveis por distribuidoras subiram 12,1%, na comparação com igual período do ano passado, atingindo cerca de 11,4 bilhões de litros.
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No acumulado do ano, as vendas tiveram alta de 7,9% em relação ao mesmo período de 2020, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Diante deste cenário, a gasolina acumula alta de 51% nas refinarias. No último reajuste, o preço médio por litro do combustível vendido às distribuidoras passou de R$ 2,69 para R$ 2,78. O avanço foi de R$ 0,09 ou 3,34% por litro.
A contribuição do preço da Petrobras para o preço na bomba é de 33%, segundo a ANP. Por isso, os preços praticados nas refinarias pela Petrobras são diferentes dos percebidos pelo consumidor final.
Eles são acrescidos de impostos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de etanol anidro (15,7%), além de custos e margens das companhias distribuidoras e dos revendedores.
Cenário do médio e longo prazos
A média do preço da gasolina no país era de R$ 5,853 na semana de 1º a 7 de agosto, segundo o último levantamento da ANP. No Rio, a média era de R$ 6,407/litro, mas já é possível encontrar postos que cobram R$ 6,899.
André Braz, coordenador do IPC do FGV- IBRE, avalia que em algumas cidades, como na capital fluminense, o combustível pode superar a barreira dos R$ 7 até o fim do ano.
— A média de aumento dos combustíveis foi de 40,5%, em 12 meses, ou seja, cinco vezes a inflação acumulada neste período. Foi um aumento real brutal. E o cenário no mercado internacional ainda mantém a pressão sobre o preço do petróleo — observa Braz.
Feldmann, da FEA-USP, pondera que as previsões de crescimento e de retomada da economia em vários países do mundo no pós-pandemia estão sendo reduzidas, o que pode levar a uma redução ou a uma estabilização da demanda no médio prazo.
Ele acrescenta ainda a importância das políticas de "descarbonização", ou seja, desestímulo ao uso de fontes de energia que usam carbono, e a priorização de fontes de energia mais limpas, como incentivo à utilização de carros elétricos, especialmente nos Estados Unidos e em países europeus.
Mas a tendência no curto prazo é de alta:
— O petróleo é um recurso finito, e o preço vai aumentar no médio e no curto prazos. Com a pandemia um pouco mais controlada e a retomada das atividades, o preço subiu e ainda vai subir um pouco mais. No longo prazo é que pode haver reversão desta tendência — avalia Rubens Moura, professor de Economia da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio.
Impacto do dólar
No Brasil, a cotação do real em relação ao dólar afeta diretamente o valor do combustível. Com a valorização da moeda americana, os preços em real sobem.
— Até antes da pandemia, estávamos com o dólar abaixo dos R$ 4. De repente, a moeda superou R$ 5. E o que custa US$ 70 chega ao Brasil cinco vezes mais caro — afirma Feldman.
O Globo
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