Da TRIBUNA DO NORTE
O agravamento da seca e as
limitações no Perímetro Irrigado do Baixo Açu no Rio Grande do Norte levaram a
Agrícola Famosa, maior empresa exportadora de frutas frescas do Brasil e maior
produtora de melão do mundo, a transferir 30% de sua produção no RN para o Perímetro
Irrigado do Baixo Acaraú, no Ceará. Segundo Luiz Roberto Barcelos,
sócio-diretor da Agrícola, com a transferência, entre 300 e 400 famílias foram
demitidas, o que equivale a 10% do total de funcionários que a empresa mantinha
no RN.
Para aumentar a produção no
Estado vizinho, a Agrícola investiu, de início, R$ 8 milhões. O valor poderia
ter ficado no RN e não considera o investido no custeio das atividades no
Ceará. Antes de pensar em transferir parte da produção, a empresa havia
investido cerca de R$ 20 milhões em galpões para embalar frutas no RN.
"Tive que fazer tudo de novo no Ceará", afirma Barcelos. A área de
plantio, na região Oeste, foi reduzida em 23,3%, passando de 3 mil hectares
para 2,3 mil. No Ceará, a área cresceu na mesma proporção.
A empresa, que produz 60 mil
toneladas de frutas no Ceará e 120 mil toneladas no Rio Grande do Norte, já
admite novas transferências, caso a oferta de água para irrigação no estado não
seja ampliada. "O Perímetro Irrigado do Ceará tem água com qualidade e em
abundância, por isso acabamos nos deslocando para lá. Este é o primeiro grande
problema estrutural do RN: a falta de recursos hídricos suficientes em tempo de
seca", justificou o empresário. Os poços da Agrícola no RN ou secaram ou
salinizaram, com a seca.
CONTINUE
LENDO, clique abaixo
A Agrícola Famosa, admite o
empresário, poderia ter transferido parte da produção para o Perímetro Irrigado
do Baixo Açu, na região Central potiguar, concebido para o desenvolvimento da
fruticultura irrigada, mas quase 30 anos depois de ter sido implantado - ao
menos em parte, menos da metade do projeto inicial foi executado. Dos seis mil
hectares que seriam distribuídos entre pequenos agricultores e empresas, apenas
três mil foram distribuídos desde a década de 80.
O Departamento Nacional de
Obras Contra a Seca (Dnocs) e o Governo do estado não realizaram a licitação
para escolher as empresas destinadas a iniciar a produção. O projeto prevê a
captação de água na barragem Armando Ribeiro para irrigar parte da região,
extremamente dependente de chuvas. A TRIBUNA DO NORTE esteve na região na
última semana e constatou que alguns dos canais não passam hoje de um amontoado
de pedras e buracos repletos de areia e galhos.
"Vamos aguardar como vai
se comportar o inverno. Se for bom, vamos voltar para o RN. Se o inverno for
fraco e não houver reposição da água, vamos transferir uma parte ainda maior da
produção", afirmou Barcelos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Reflita, analise e comente