A defesa do empresário paulista Eugênio Becegato Júnior o
orientou a se entregar no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Parnamirim,
cidade da Grande Natal, de onde fugiu no dia 16 de fevereiro passado. Becegato
é acusado de em julho de 2013 ter matado a pernambucana Clara Rubianny Ferreira
dentro de um apartamento no bairro de Ponta Negra, na zona Sul de Natal. O
advogado Rilke Barth disse que o empresário o procurou - por telefone - há duas
semanas, mas não informou onde estava.
"Eu soube da fuga no mesmo dia porque a direção do
CDP me informou. Há duas semanas, recebi um telefonema do meu cliente. Ele
disse que estava bem e me pediu para eu entrar em contato com a família dele
com o objetivo de pedir recursos para ajudá-lo. Eu perguntei onde ele estava,
mas o Becegato se recusou a dizer. Eu o orientei a se entregar. Tenho certeza
que ele vai fazer isso", falou o advogado ao G1.
Rilke Barth também falou que diariamente mantém contato
com familiares de Eugênio Becegato. "Eles também não têm informações sobre
o paradeiro do meu cliente. De qualquer forma, eu os orientei a não dar
dinheiro algum para o Becegato. Ele vai voltar e nós vamos mostrar no júri que
ele cometeu o crime em legítima defesa".
O advogado alega que a legítima defesa se configura nos
depoimentos das testemunhas arroladas no processo. "Não era a primeira vez
que a vítima tentava aplicar o golpe conhecido como 'Boa noite, Cinderela'. Meu
cliente percebeu isso e acabou cometendo o crime. Tenho certeza que ele será
absolvido no júri popular", frisou Rilke Barth. O júri popular de Eugênio
Becegato Júnior, segundo o tribunal de Justiça, deve acontecer até abril. caso
ele não apereça, será julgado à revelia.
Relembre o caso
A Polícia Civil do Rio Grande do Norte encontrou o corpo
de Clara Rubianny Ferreira no dia 22 de julho do ano passado dentro de um
apartamento no bairro de Ponta Negra, na zona Sul de Natal. Ela tinha 26 anos e
era natural de Caruaru, em Pernambuco. Uma tatuagem na perna possibilitou a
identificação da vítima, conforme explicou o chefe de investigação da 15ª Delegacia
de Polícia, Edson Barreto.
Clara foi achada enrolada em lençóis e sacos plásticos.
Um fio estava em volta do pescoço da vítima. De acordo com o chefe de
investigações da 15ª DP, alguns vestígios achados no local do crime indicam que
houve consumo de drogas no quarto onde o corpo da jovem estava. "Achamos
um prato e uma gilete, que normalmente são usados para esquentar e separar
cocaína", ressalta.
Segundo o médico legista Manoel Marques, na época
coordenador de medicina legal do Instituto Técnico-Científico de Polícia
(Itep), a jovem morreu em decorrência de um estrangulamento. "O laudo foi
assinado pelo legista Cícero Tibério e revela que a jovem foi estrangulada por
um pedaço de fio que estava enrolado no pescoço dela", afirmou Marques.
A polícia chegou ao apartamento após uma denúncia anônima
de moradores. Vizinhos reclamaram do mau cheiro vindo do imóvel. Os policiais
arrombaram a porta e acharam o corpo já em estado de decomposição. Antes da
descoberta, Edson Barreto chegou a entrar em contato com o pai de Clara, que
mora em Caruaru. "Ele não tinha notícias dela faziam seis dias",
contou.
Eugênio Becegato Júnior deixou o prédio por volta das 13h
do domingo (21) em uma Cherokee vermelha e não retornou.
O policial também contou que a Polícia Militar esteve no
apartamento no dia 19, mas teve a entrada impedida pelo dono do apartamento.
"Como não tinham mandado, os policiais preferiram não arriscar",
ressaltou o chefe de investigações da 15ª DP.
Eugênio Becegato é natural de Ribeirão Preto, interior de
São Paulo. Ele foi preso no dia 23 julho, um dia após o corpo da vítima ter
sido encontrado por vizinhos que reclamaram à polícia do mau cheiro que vinha
do apartamento do acusado.
O empresário foi preso ao ser abordado por agentes da
Polícia Rodoviária Federal que realizaram uma barreira na BR-116, na região de
Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. De lá, o acusado foi trazido para
Natal, indiciado pelo crime de homicídio qualificado e, em audiência de
instrução e julgamento realizado em novembro, sentenciado à sentar no banco dos
réus em júri popular previsto para o mês de abril deste ano.
Materialidade
A delegada Karen Lopes, titular da Delegacia
Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) da Zona Sul de Natal, foi a Bahia
no dia seguinte à prisão e buscou o empresário. Na capital potiguar, Eugênio
disse que só iria se pronunciar após a emissão do laudo cadavérico.
Apesar do silêncio do suspeito na ocasião, a delegada
disse acredita ter materialidade suficiente da culpa do empresário. Segundo
ela, o crime teria acontecido após uma briga entre Eugênio e Clara. “Nós
encontramos evidências do consumo de drogas”, apontou. Além disso, Karen
afirmou que uma testemunha teria dito que o homem pediu ajuda para ocultar o
cadáver. “Ele, inclusive, teria pensado em esquartejar o corpo e tirá-lo de lá
em um carrinho de supermercado. Ele tentou conservar o corpo inclusive deixando
o ar condicionado ligado direto”, comentou.
G1 RN
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