A comissão especial do Senado
que analisa o processo de impeachment discute na manhã desta quinta-feira o
cronograma de trabalhos e as diligências que serão realizadas nessa segunda
fase do processo. A sessão começou às 10h46m, marcada pelo bate-boca entre
senadores e questões de ordem.
O presidente do colegiado,
Raimundo Lira (PMDB-PB), respondeu à questão de ordem da senadora Simone Tebet
(PMDB-MS). Ele acatou um pedido que reduziria os prazos de alegações finais
para acusação e defesa de 15 dias para 5 dias. Com isso, o calendário proposto
inicialmente seria reduzido e a votação final do impeachment poderia ocorrer no
final de julho. O prazo de 15 dias tinha como base o rito do impeachment de
Fernando Collor em 1992.
Simone, porém, ressaltou que o prazo foi utilizado com base na lei que rege a tramitação dos processos no Supremo Tribunal Federal (STF) porque naquela época não havia previsão com base no Código de Processo Penal (CPP). Em 2008, o Congresso mudou o CPP e fixou o prazo em 5 dias.
O ex-ministro José Eduardo
Cardozo, que defende a presidente Dilma Rousseff no processo, afirmou que fará
recurso ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que atua como instância
recursal nessa fase do processo.
- Ao entender-se por uma
redução desse processo haverá violação ao decidido pelo STF e violação ao
direito de defesa, que tem direito aos prazos previstos em lei e decidido pelo
STF. Haverá profunda irrazoabilidade quando se dá prazo mais exíguo para
alegação final do que para a defesa, que tivemos 20 dias - disse Cardozo.
O senador Lindbergh Farias
(PT-RJ) afirmou que a tentativa de reduzir prazos é uma pressão do presidente
interino, Michel Temer.
- Está havendo pressão do
presidente interino nessa comissão. O motivo dessa questão de ordem é
insegurança desse presidente interino, de um governo que tem uma crise por
semana - disse o petista.
Raimundo Lira reagiu:
- Não estou sendo pressionado
por ninguém. Não aceito nenhum tipo de pressão. Não vou desonrar minha
história, minha vida. Aqueles que convivem comigo sabem que não aceito pressão.
Achei que era certo porque todas as consultas que fiz foi de que deveria acatar
questão de ordem.
Os debates continuam
acalorados na comissão. Senadores aliados da presidente Dilma pedem que Lira
reveja seu posicionamento.
PLANO DO RELATOR ESTIMA PRAZO
MAIOR
O plano apresentado na semana
passada pelo relator, Antonio Anastasia (PSDB-MG), estima a conclusão do processo
em agosto. A defesa da presidente Dilma Rousseff foi protocolada nessa
quarta-feira com pedido de compartilhamento de áudios gravados por Sérgio
Machado, ex-presidente da Transpetro, e até uma perícia internacional sobre a
parte contábil.
Cabe aos senadores da comissão
decidir quais diligências serão realizadas. Eles podem aceitar ou rejeitar os
pedidos feitos pela defesa da presidente. Também vão analisar requisição de
depoimentos, documentos e solicitações de outras provas feitas na denúncia e pelos
senadores do colegiado. Aliados do presidente interino Michel Temer, por
exemplo, querem a inclusão do áudio no qual Dilma conversa com o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva sobre o termo de posse da sua nomeação como ministro
da Casa Civil.
O calendário proposto por
Anastasia reserva apenas até o dia 17 de junho para a produção de provas.
Somente a defesa de Dilma, porém, solicitou mais de 50 testemunhas para prestar
depoimentos. No plano apresentado, Dilma poderia ser ouvida no dia 20 pela comissão.
Caso não queria comparecer, ela poderá ser representada pelo seu advogado, o
ex-ministro José Eduardo Cardozo.
Haverá discussão sobre o
calendário. Parlamentares aliados de Temer defendem a redução dos prazos porque
houve mudança no Código de Processo Penal. Assim, o tempo de alegações finais
da acusação e da defesa seria reduzido de 15 para 5 dias. Assim, seria possível
realizar o julgamento antes do início dos Jogos Olímpicos do Rio, que começa em
5 de agosto. Aliados de Dilma, por sua vez, defendem um cronograma mais longo
porque acreditam ser necessário ampliar a fase de produção de provas.
O Globo
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