A presidente afastada Dilma
Rousseff afirmou, em entrevista à Agência Pública divulgada nesta
segunda-feira, que, se reassumir a Presidência após o julgamento do processo de
impeachment pelo Senado, fará um “governo de transição”. A petista também não
descarta convocar um plebiscito, "uma das propostas colocadas na
mesa".
“(Se reassumir) Eu farei
basicamente um governo de transição. Porque é um governo que vai ter dois anos,
e o que nós temos de garantir neste momento é a qualidade da democracia no
Brasil, o que vai ocorrer em 2018. Eu farei isso, sobretudo. Acho que cabe a
discussão de uma reforma política no Brasil, sem dúvidas. Nós tentamos isso
depois de 2013 e perdemos fragorosamente. Tentamos Constituinte, tentamos
reforma política, tentamos…”, disse Dilma, ao responder se mudaria o
presidencialismo de coalizão ao reassumir o posto.
Sobre seu depoimento à
Comissão do Impeachment previsto para o dia 6 de julho, disse ainda avaliar se
fará sua defesa: “Sou do tipo de gente que avalia”. Perguntada sobre a prisão
na semana passada de Paulo Bernardo, que ocupou o Ministério das Comunicações
em seu primeiro mandato e do Planejamento no governo de Luiz Inácio Lula da
Silva, a petista afirmou que não faria avaliação sobre “coisas que estão sob
investigação” e criticou o “uso político das investigações da Lava-Jato”, ao
mencionar a delação do empreiteiro Marcelo Odebrecht.
“Então, você vai me desculpar,
mas você não vai querer que eu faça uma avaliação sobre coisas que estão sob
investigação da Justiça. Agora, acho estarrecedor me perguntar sobre o Marcelo
Odebrecht, que nem concluiu a sua delação premiada. Tirante a hipótese de que o
seu jornal – e aqui eu vou engrossar – tenha uma escuta dentro da cela, ou do
lugar onde ele está fazendo a delação, vocês não têm o direito de me perguntar
nada”, declarou.
A presidente afastada
minimizou o impacto negativo das revelações no processo de impeachment:
“Não, minha querida. Eu acho
que eu estou em um nível de vacinação absoluta contra isso. Isso tem sido feito
sistematicamente contra mim. Sistematicamente. A última que arquivaram foi
aquela em que quase caiu o mundo na minha cabeça porque eu liguei para o Lula e
falei: “Vou mandar aí o Bessias”. Agora foi arquivado. Agora, o pato que eu
pago enquanto não está arquivado é imenso. E eu me recuso a discutir Marcelo
Odebrecht numa delação que nem acabou. Tem vazamento daquilo que não foi feito,
tem vazamento… e tudo seletivo”, disse.
Dilma também afirmou que, em
meio às manifestações pró-impeachment, o setor que mais perdeu foi da “oposição
que tradicionalmente tinha um projeto”, o PSDB, porque, segundo ela, o partido
“endireitou” do ponto de vista dos valores. A presidente afastada destacou o
apoio tucano a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara, “que tem
uma pauta eminentemente de direita”. Segundo Dilma, “o processo mais grave no
Brasil foi tornar o centro hegemonizado pela direita” e, assim, Cunha assumiu a
hegemonia no PMDB.
“E essa hegemonia está
expressa no governo do Michel Temer. Ele é Cunha. O Jucá não mente quando diz
que Michel é Cunha. Um dos grandes problemas desse governo é esconder o Cunha.
Porque o Cunha não é uma pessoa lateral deles. Ele é o líder deles. Líder em
todos os sentidos”, afirmou.
O Globo
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