O dólar fechou em forte queda
nesta terça-feira (28), cotado a R$ 3,30 pela primeira vez em quase um ano. A
moeda norte-americana caiu 2,61%, a R$ 3,3060 na venda. Veja a cotação do dólar
hoje.
A última vez que o dólar
fechou abaixo de R$ 3,30 foi em 23 de julho de 2015.
O recuo da moeda dos Estados
Unidos acompanhou a recuperação dos mercados pelo mundo, depois de dois dias de
mau humor com a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia (UE). O
mercado também reagiu a declarações do novo presidente do Banco Central, Ilan
Goldfajn, e à perspectiva de que os juros não devem cair tão cedo no Brasil.
No mês de junho, o dólar
acumula queda de 8,47%. No ano de 2016, a moeda tem desvalorização de 16,2%.
Acompanhe a cotação ao longo
do dia:
Às 9h09, queda de 1,25%, a R$
3,3521
Às 10h09, queda de 1,43%, a
3,346
Às 10h30, queda de 1,31%, a R$
3,3521
Às 10h49, queda de 1,35%, a R$
3,3486
Às 11h49, queda de 1,97%, a R$
3,3277
Às 12h39, queda de 2,17%, a R$
3,321
Às 12h49, queda de 2,26%, a R$
3,3177
Às 13h29, queda de 2,57%, a R$
3,3071
Às 14h39, queda de 2,32%, a R$
3,3159
Às 15h20, queda de 2,41%, a R$
3,3125
Às 16h, queda de 2,64%, a R$
3,3048
Às 16h30, queda de 2,67%, a R$
3,3039
Por que o dólar está caindo?
Miguel Daoud, consultor da
Global Financial Advisor, disse ao G1 que a queda do dólar nesta terça está
relacionada a um aumento nas apostas de que os juros no Brasil devam continuar
altos, especialmente após declarações do novo presidente do BC, Ilan Goldfajn,
reforçarem essas expectativas. O especialista também cita a menor exposição da
moeda brasileira a riscos internacionais, pelo volume maior de dólares dentro
do país.
“O Brasil hoje não tem mais
uma vulnerabilidade em dólar, até por causa das nossas reservas. Nosso balanço
de pagamentos está próximo de zerar tudo que entra e tudo que sai. O resultado
da balança comercial de uma semana foi fantástico. Então o Brasil não vai ter
necessidade de fazer financiamento em dólar porque estamos mudando essa
vulnerabilidade”, explicou Daoud.
O outro motivo, segundo o
economista, foi um aumento da expectativa da taxa de juros no Brasil. "Em
momento em que o mundo está passando por um ajuste, isso acaba beneficiando o
Brasil”, explica. “Se eu, como investidor, tenho uma posição em dólar, acabo
querendo vender no mercado futuro e vou investir em juros, que vão continuar
altos”, diz. Daoud lembra que o dólar baixo “pode ser favorável para controlar
a inflação, mas é ruim para a balança comercial.”
André Perfeito,
economista-chefe da Gradual Investimentos, acrescentou ao G1 que, além dos
efeitos das declarações de Ilan, há ainda o cenário internacional. “Muita gente
tem colocado que a fala do Ilan está provocando a queda. Faz sentido, porque
ele disse que o BC tem interesse em trazer a inflação o mais rápido possível
para o centro da meta. Só que não pode subir os juros. Então, as pessoas se
questionam se ele não vai cair na tentação de usar o câmbio”, disse.
Mas a verdade é que todas as
moedas emergentes estão caindo contra o dólar. É um movimento global derivado
de uma ressaca depois da queda decorrente da Brexit."
André Perfeito
“Mas a verdade é que todas as
moedas emergentes estão caindo contra o dólar [hoje]. É um movimento global
derivado de uma ressaca depois da queda [do real] decorrente da Brexit. Hoje é
um dia em que todo mundo que perdeu voltou a se valorizar um pouco, com o
petróleo também subindo, todas as bolsas”, acrescenta André.
O professor de finanças da
Fundação Instituto de Administração (FIA), Alexandre Cabral, aponta que
investidores aguardam interferências dos bancos centrais de diversos países
para frear a alta da moeda norte-americana, pressionada nos últimos dias por
causa do referendo que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia.
“No final da madrugada,
começaram a surgir comentários de que os principais bancos centrais do mundo,
como o Banco Central Europeu e o do Japão, pretendem segurar a valorização do
dólar. É por isso que as principais moedas do mundo estão se valorizando frente
ao dólar, inclusive o real. E, no mercado financeiro, está tendo ainda o
‘efeito manada’: eles dizem ‘vamos ver se batendo R$ 3,30 o BC faz alguma
coisa’”, disse Cabral, em entrevista ao G1.
Nesta terça, o Banco Central
do Brasil não anunciou oficialmente qualquer intervenção no câmbio.
Para alguns analistas, o dólar
pode buscar o patamar de R$ 3,30 se o bom humor continuar e o BC permanecer
ausente do mercado, destaca a Reuters. Nesta terça, o novo presidente do BC
repetiu que o banco pode reduzir sua exposição cambial quando e se for possível
e que poderá usar todas as ferramentas com parcimônia no câmbio.
Cenário externo
Nos mercados externos, as
bolsas europeias tiveram a primeira alta desde a vitória do Brexit. Na Ásia,
também houve avanço do mercado de ações, com as bolsas na China fechando na
máxima de três semanas.
"Após dois dias de baixa,
as bolsas globais mostram alguma reação. É o primeiro respiro após (a saída
britânica da UE)", escreveram analistas da corretora Guide Investimentos
em relatório, segundo a Reuters. "A melhora, no entanto, tende a ser provisória,
em nossa opinião. Ainda há muito a discutir, e as incertezas continuarão
presentes", acrescentaram.
BC diz que cenário não permite
corte de juros
O mercado brasileiro manteve a
tendência de apresentar quedas maiores do dólar do que seus pares na América
Latina, ajudado também pela perspectiva de que o BC só volte a cortar os juros
básicos em outubro e pela ausência de interferência no câmbio.
Em documento, o BC informou
nesta terça-feira que o cenário central "não permite trabalhar com a
hipótese de flexibilização das condições monetárias", ou seja, com corte
de juros. A manutenção da Selic em 14,25% por mais tempo tende a sustentar a
atratividade do mercado local para investidores estrangeiros.
O Banco Central estimou que o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - a inflação oficial do
país - deve ficar próximo de 7% neste ano. Com isso o IPCA deverá ficar, pelo
segundo ano seguido, acima do teto de 6,5% determinado pelo sistema de metas de
inflação brasileiro.
Goldfajn disse ainda que a
instituição não irá recomendar ao Conselho Monetário Nacional (CMN) elevar a
meta central de inflação para 2017, que está fixada em 4,5%.
Último fechamento
Na véspera, a moeda
norte-americana subiu 0,44%, a R$ 3,3946 na venda, após chegar a R$ 3,4167 na
máxima desta sessão e a R$ 3,3733 na mínima.
G1
G1
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