
O aumento é nas refinarias e
está de acordo com a nova política de preços da estatal, que utiliza como base
“o preço de paridade de importação, que representa a alternativa de suprimento
oferecido pelos principais concorrentes para o mercado - importação do
produto”.
Após dois meses em vigor da
nova política de reajuste do preço dos combustíveis, a Petrobras avaliou como
positiva a mudança implantada em 3 de julho, com aumentos ou reduções quase
diários da gasolina e do óleo diesel.
Em reunião na semana passada,
o Grupo Executivo de Mercado e Preços (Gemp) da Petrobras disse que “os ajustes
promovidos têm sido suficientes para garantir a aderência dos preços praticados
pela companhia às volatilidades dos mercados de derivados e ao câmbio”.
Segundo a estatal, durante o
mês de agosto os ajustes acumulados foram de +3,4% na gasolina e de +2,2% no
diesel, até o dia 29 último. Em julho, na avaliação feita até o dia 27, os
ajustes acumulados foram de 4,7% no diesel e de - 0,6 % na gasolina.
Para o consultor Adriano
Pires, sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (Cbie),
a política de ajustes é positiva para a empresa, que, segundo ele, tem
conseguido diminuir a capacidade ociosa das refinarias e reconquistar mercado
na venda de gasolina e de diesel no país.
“Acho que a política está
tendo sucesso, as empresas que importavam estão tendo que ter muito mais
cuidado na importação, porque a importação às vezes demora, o prazo da chegada
do produto no Brasil é de uns 30 dias, e em 30 dias a Petrobras pode ter feito
30 reajustes, para baixo ou para cima, no preço da gasolina. Então, agora, as
distribuidoras/importadoras de gasolina e óleo diesel têm que prestar muita
atenção no estoque dos produtos. Porque antes olhavam muito só a questão do
preço”.
Do ponto de vista da
sociedade, Pires considera uma boa política porque os reajustes diários
banalizam os aumentos ou reduções e “tiram a gasolina e o diesel da primeira
página do jornal. A gente tinha uma cultura no Brasil de achar que preço de
gasolina e diesel é diferente do preço do leite, do arroz, do feijão, e sempre
ficava aquela expectativa, quando é que vai anunciar o aumento da gasolina, o
aumento do diesel, daí dava primeira página do jornal e o cara aumentava o pão
na padaria, o refrigerante e a cachaça no mercado”, argumentou.
Controle da inflação
Segundo ele, anteriormente os
reajustes eram feitos “para controlar a inflação, aumentar a arrecadação ou
ajudar os candidatos apoiados pelo governo de plantão a ganharem as eleições”.
Já o presidente da Associação
dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Felipe Coutinho, afirmou que a nova
política não diminuiu a ociosidade das refinarias, nem fez a empresa
reconquistar mercado.
“Na verdade, através da
política de preço da Petrobras, a gente está entregando o mercado brasileiro
para os importadores. Você pode verificar isso tanto na ociosidade das
refinarias quanto nos dados de importação de derivados. Com essa política de
preços, a Petrobras aumentou o preço nas refinarias. E quando reajustou o seu
preço nas refinarias, ela viabilizou a importação por terceiros. Isso é o mesmo
que entregar o mercado brasileiro para os concorrentes”, explicou.
Coutinho discorda que os
combustíveis possam ser considerados como as outras commodities (mercadorias
com preços em dólar). Segundo ele, “a qualidade de vida das pessoas está ligada
à intensidade energética do seu consumo”.
“A energia é o que movimenta a
economia, é o que movimenta a indústria, é o que faz com que as mercadorias e
as pessoas circulem. Então, quando você tem preço da energia alto, você torna
toda a economia menos produtiva. E essa improdutividade da economia impacta nas
condições de vida da população. Quando você consegue ter uma economia com os
custos de energia mais baixos, ela fica mais competitiva e as pessoas podem
consumir mais”, opinou.
O engenheiro lembra também da
importância do preço da energia para a economia interna ser capaz de competir
internacionalmente e no caráter estratégico e militar.
“Você tratar a questão da
energia, do petróleo, como se fosse uma mercadoria qualquer e fosse
substituível, isso é uma falácia. Isso não é feito pelos principais países.
Pelo contrário, se trata a questão da soberania energética, assim como a
soberania alimentar, como uma questão vital para o interesse nacional. Quando
você trata, no Brasil, o petróleo brasileiro como se fosse uma mercadoria
qualquer, na verdade você está favorecendo os interesses estrangeiros que
querem se apropriar do petróleo, e que não tratam o petróleo dessa forma”,
finalizou.
Agência Brasil
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