Desde que foi descoberto, o
cometa 3I/ATLAS está na mira de diversos telescópios espaciais e
terrestres. As observações são analisadas por cientistas do mundo todo,
empenhados em desvendar os segredos do objeto, que é apenas o terceiro
visitante interestelar já detectado no Sistema Solar.
Após se encontrar com o Sol no
fim de outubro, o “forasteiro” começou a trilhar o caminho de volta para casa
(seja lá onde for). No trajeto, ele vai alcançar a distância mínima da Terra,
enquanto segue viagem para além das fronteiras da nossa vizinhança cósmica.
Essa aproximação representaria algum risco para o planeta?
Antes, vamos relembrar a história do visitante:
Quando foi detectado, em julho, o objeto foi temporariamente chamado de A11pl3Z;
Ele foi identificado como um
cometa interestelar logo no dia seguinte, recebendo os nomes de C/2025 N1
(ATLAS) e 3I/ATLAS
Em um dos primeiros estudos
sobre o cometa, astrônomos estimaram que o objeto pode ter cerca de sete
bilhões de anos;
Isso faz dele mais velho
que o Sistema Solar;
Não demorou para surgirem
especulações sobre possível origem tecnológica alienígena;
Refutada pela maioria dos
cientistas, a ideia foi descartada pela NASA;
A teoria se baseia em detalhes
como a composição química “bizarra” do corpo celeste, com a presença
de níquel atômico, por exemplo;
Missão SPHEREx, lançada pela
NASA em março para mapear o céu em infravermelho a fim de investigar a origem
do Universo, detectou dióxido de carbono na nuvem de gás que envolve
o núcleo do cometa;
Essa nuvem, chamada coma, brilha
em verde e tem quase 350 mil km de extensão;
Imagens capturadas por
telescópios em solo mostram que o 3I/ATLAS desenvolveu uma cauda voltada para o
Sol – chamada de anticauda;
O objeto atingiu o periélio
(ponto mais próximo da estrela) em 29 de outubro;
Antes disso, ele passou
relativamente próximo a Marte, sendo analisado por espaçonaves que orbitam
o planeta;
Missões dedicadas a investigar
Júpiter e suas luas, como a Juno e a Europa Clipper, ambas da
NASA, e a JUICE, da Agência Espacial Europeia (ESA), também estão sendo
aproveitadas para estudar o ilustre visitante;
Após dias desaparecido no
brilho solar, o cometa voltou a aparecer no céu da Terra;
Cientistas notaram que ele
apresentou uma mudança de cor e uma aceleração diferente;
A alteração de cor foi
prontamente desmentida pelos cientistas envolvidos na observação, e o
“modo turbo” foi explicado em um estudo recente
Objeto emitiu sinal de
rádio captado no momento em que ele ultrapassava a metade de sua rota pelo
Sistema Solar;
Recentemente, a NASA divulgou
imagens do 3I/ATLAS captadas por 20 espaçonaves ao longo de mais de um
mês;
Novas observações apontam que
ele pode estar coberto por “vulcões de gelo” em atividade;
O objeto atinge o ponto de
aproximação máxima com a Terra dia 19 de dezembro, a caminho de deixar o
Sistema Solar.
Há algum tempo, o cometa
3I/ATLAS tem gerado uma onda de especulações e até certa preocupação nas redes
sociais. Relatos alarmantes de uma suposta “ameaça iminente”, envolvendo
a ativação de protocolos de defesa planetária da NASA e a
possibilidade de um impacto catastrófico, têm circulado em larga escala.
Não é de se espantar tanto
interesse por um viajante cósmico de outra vizinhança que está atravessando o
nosso céu a uma velocidade impressionante de mais de 210 mil km/h. E se ele
chocasse com a Terra? Será que existe esse risco?
A resposta dos especialistas
em astronomia e das agências espaciais é unânime: Não. O cometa 3I/ATLAS não
representa qualquer perigo para o nosso planeta. Sua trajetória o mantém a uma
distância segura, permitindo que ele seja analisado por cientistas como uma
janela inédita para outros sistemas estelares.
O cometa 3I/ATLAS se tornou um
dos alvos mais importantes para a astronomia recente. Ele é chamado de objeto
interestelar por ter origem fora dos limites de influência gravitacional do
Sol.
Sua órbita é hiperbólica, o
que atesta que ele está apenas de passagem pelo Sistema Solar e, diferentemente
dos cometas nativos, não tem retorno previsto. O 3I/ATLAS é apenas o terceiro
corpo celeste com essas características já catalogado (depois do asteroide
1I/’Oumuamua e do cometa 2I/Borisov).
Análises preliminares de sua
composição sugerem que ele pode ter mais de sete bilhões de anos, tornando-o
potencialmente mais antigo que o próprio Sistema Solar (com aproximadamente 4,6
bilhões de anos). Isso representa uma chance sem precedentes de perscrutar os
processos de formação de planetas e cometas em outras regiões da Via Láctea.
Astrônomos de todo o mundo,
incluindo equipes da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA),
são categóricos: o 3I/ATLAS não está em rota de colisão com a Terra. A certeza
é fundamentada no rastreamento contínuo de sua órbita, cujos dados são
irrefutáveis.
Com a passagem pelo periélio
concluída, o foco agora se volta para a aproximação máxima do cometa com o
nosso planeta, que está prevista para ser alcançada no próximo dia 19.
Na ocasião, ele não chegará a
menos de 270 milhões de quilômetros de nós – o que é quase o dobro da distância
entre a Terra e o Sol. Após essa passagem, o objeto continuará sua jornada,
afastando-se permanentemente do Sistema Solar.
Então, podemos ficar
tranquilos. Os cálculos de precisão confirmam que o cometa 3I/ATLAS não
representa qualquer risco para a Terra, afastando de forma definitiva qualquer
boato que circule nas redes sociais a esse respeito. Esse fascinante objeto é
uma oportunidade rara para a ciência estudar materiais de outros cantos da Via
Láctea – e não motivo para pânico.
Olhar Digital
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