A presidente afastada, Dilma
Rousseff, afirmou que seu partido, o PT, precisa passar por uma “grande
transformação” e reconhecer erros cometidos do ponto de vista ético e “do uso
de verbas públicas”.
“Eu acredito que o PT precisa
passar por uma grande transformação. Primeiro, uma grande transformação em que
se reconheça todos os erros que cometeu do ponto de vista da questão ética e da
condução de todos os processos de uso de verbas públicas”, disse Dilma em
entrevista à revista “Fórum” nesta terça (2), no Palácio da Alvorada, em
Brasília.
A petista afirmou que a
atitude é necessária para manter o legado do partido, segundo ela, formado por
uma “corrente imensa de experiências políticas que deram sua contribuição para
esse país”. Ela ressaltou que as falhas foram cometidas por algumas pessoas, e
não por toda a entidade.
“Nós vamos ter de resgatar
isso [o legado]. Não é possível que se confunda o erro individual de algumas
pessoas, que são passíveis de erros, com o erro de uma instituição. A
instituição tem de ser preservada”, disse.
“O PT tem sobrevida se as suas
lideranças souberem fazê-lo seguir em frente”, acrescentou.
Nos últimos dias, Dilma voltou
a responsabilizar o PT pela suspeita de pagamentos de caixa dois para o
marqueteiro João Santana, afirmando que ele cobrou dívidas da sua campanha de
2010 para a tesouraria da sigla.
Em depoimento à Justiça,
Santana e sua mulher, Mônica Moura, afirmaram ter recebido ilicitamente US$ 4,5
milhões para compensar uma dívida do partido com o casal. Segundo eles, em 2013,
o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, os orientou a procurar o
engenheiro Zwi Skornicki, que tinha negócios com a Petrobras e efetuou o
pagamento.
“Ele [Santana] diz que recebeu
isso em 2013. Ora, a campanha começa em 2010 e até o final do ano, antes da
diplomação, ela é encerrada. A partir do momento em que ela é encerrada, tudo o
que ficou pendente de pagamento da campanha passa a ser responsabilidade do
partido”, disse Dilma no último dia 27.
“Como disse o próprio João
Santana, com quem ele tratou essa questão foi com a tesouraria do PT.”
As afirmações desagradaram a
membros da legenda. Apesar disso, o presidente do partido, Rui Falcão, divulgou
nesta segunda-feira (1º) uma nota em que afirmou “repudiar” a ideia de que o
partido teria abandonado a presidente afastada na defesa contra seu processo de
impeachment.
Na nota, publicada no site do
partido, Falcão disse que o partido “reafirma seu compromisso integral na luta
pelo retorno à Presidência da companheira Dilma”.
FUTURO
Na entrevista desta terça,
Dilma voltou a chamar o seu processo de impeachment de “golpe” -segundo ela,
capitaneado por um grupo integrado pela oposição tradicional, pelo PMDB, pela
“grande mídia” e pelo empresariado.
Questionada sobre como quer
ser lembrada após a Presidência, Dilma afirmou ter esperança de não ser cassada
no processo atualmente em curso no Senado.
“Eu serei lembrada como a
primeira mulher presidente. [Mas] Eu quero ser lembrada como a primeira mulher
presidente que superou um processo de impeachment sem base [legal]. Essa é a
minha esperança”, disse.
FolhaPress
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