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O deputado Onyx Lorenzoni
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Com pouco mais de duas semanas
de trabalho pela frente, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), relator da
proposta de lei que ficou conhecida como medidas anticorrupção, corre contra o
tempo para tentar fechar um parecer e convencer bancadas partidárias a apoiar
seu texto.
A expectativa é que o
relatório seja apresentado na primeira semana de novembro para que seja votado
até o dia 4 e possa ser votado no plenário da Câmara até 9 de dezembro, Dia
Internacional de Combate à Corrupção.
“Vamos além das 10 medidas
para melhorar transparência, controle e combate a corrupção no Brasil”, afirmou
Lorenzoni. Entretanto, independente do que for acrescido, já há pontos
polêmicos, impasses e pouco consenso em torno das medidas elaboradas pelo
Ministério Público Federal, no decorrer da Operação Lava Jato. O projeto chegou
ao Congresso com dois milhões e meio de assinaturas, colhidas ao longo de
quatro meses de trabalho, em que diversos segmentos foram ouvidos.
Um dos pontos nevrálgicos está
no primeiro tópico do texto original que trata da prevenc a o a corrupc a o,
transpare ncia e protec a o a fonte de informac a o. Neste ponto, o MPF sugere
os chamados testes de integridade, que seriam, segundo os procuradores,
"uma simulac a o de situac o es, sem o conhecimento do agente pu blico ou
empregado, com o objetivo de testar sua conduta moral e predisposic a o para
cometer crimes contra a administrac a o pu blica”. De acordo com os
procuradores, organismos como a Transpare ncia Internacional e a Organizac a o
das Nac o es Unidas (ONU) incentivam essa prática, mas delegados e outros
setores rechaçam a ideia.
“Ainda não passamos pelas bancadas para
construir maioria para viabilizar a aprovação do texto”, afirmou Lorenzoni.
Como a proposta deve receber ainda mais páginas, o relator já estuda a
possibilidade de abrir espaço para leis complementares, no caso de alguns
pontos específicos. Um deles também trataria de mecanismos de prevenção às
práticas ilegais envolvendo os cartórios do país.
Na sessão de hoje (13),
ocorrida em um dos menores plenários da Câmara, com a Casa esvaziada, o relator
recebeu uma proposta de anteprojeto de integrantes do Colégio Notarial do
Brasil que traria para a legislação brasileira o modelo aplicado pelas
autoridades espanholas no cruzamento de informações.
“A experiência espanhola é uma
inovação onde cartórios e tabeliãos criaram uma agência e monitoram toda
compra, aquisição, estabelecimento de empresas. Eles têm tido eficácia muito
grande em mapear e identificar movimentos que depois, quando investigados,
acabam mesmo representanto a prática de lavagem de dinheiro. Eles vêm no
contexto da prevenção”, afirmou. Segundo o relator, na prática, seria um
aperfeiçoamento do trabalho de monitoramento já realizado pelo Coaf que
acompanha a movimentaçao do Sistema financeiro no país diariamente.
Uma das propostas para incluir
essas mudanças na rotina das autoridades brasilerias seria criar um órgão de
monitoramento dentro do Colégio Notarial do país, que reúne mais de 9 mil
cartórios de notas, usando a base de dados deles, hoje com informações de 45
milhões de atos notoriais que tem sido atualizados desde 2006, entre compra e
venda de bens e formalização de empresas.
“Vamos ver se temos condição,
nem que seja como projeto piloto. No colégio notarial já há legislação que
podemos ajustar para criar o órgao de monitoramento e ver como evolui em dois
ou três anos”, sugeriu.
Presidente do colegiado de
cartórios, Ubiratan Guimarães, alertou para o fato de que todas as medidas
incluídas na proposta anticorrupção estão centradas mais na repressão à
prática. “A atuação do notário é preventiva, sempre que se tem um ato notarial
bem praticado, você deixa de ter a participaçao do Poder Judiciário. O notário,
agindo de forma preventiva, previne corrupção e lavagem de dinheiro e a criaçao
de empresas com pessoas que não são verdadeiros titulares, venda e compra de
imóveis fruto de corrupção ou lavagem de dinheiro onde aparecem os laranjas”,
exemplificou.
Guimarães ainda lembrou que a
base de informações construídas a partir de dados de cartórios espalhados pelo
país já servem como fonte para investigações conduzidas pela Polícia Federal,
Justiça e Ministério Público. Segundo ele, cerca de sete mil autoridades estão
cadastradas e têm a certificação digital que permite o acesso aos dados.
“O modelo espanhol seria um
passo adiante. Em 22 países da Europa tem notariado do tipo brasileiro. Têm uma
ordem como a OAB e todos são filiados para que possam fiscalizar as práticas e
auxiliar o Poder Judiciário. Queremos que esta seja uma informação qualificada,
criando um órgao de prevenção. O Coaf faz, então, a depuração, e encaminha para
as autoridades competentes. Não seria uma comunicação de crime, mas de atos que
geram suspeição”, completou.
Agência Brasil
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