Ao menos 26.126 pessoas foram
assassinadas no primeiro semestre deste ano no Brasil. É o que mostra o índice
nacional de homicídios criado pelo G1, uma ferramenta que permite o
acompanhamento dos dados de vítimas de crimes violentos mês a mês no país. O número
de vítimas é ainda maior que esse – isso porque a estatística não comporta os
dados totais de três estados (Maranhão, Paraná e Tocantins), que não divulgaram
todos os números.
O número consolidado até agora
contabiliza todos os homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais
seguidas de morte, que, juntos, compõem os chamados crimes violentos letais e
intencionais. Houve uma média de 4.350 casos por mês.
O mapa faz parte do Monitor da
Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o
Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O levantamento revela que:
- Ao menos 26,1 mil pessoas foram assassinadas no Brasil no 1º semestre
- A taxa de mortes violentas a cada 100 mil habitantes foi de 12,5 no país
- Roraima foi o estado com a maior taxa: 27,7. Ele é seguido por Rio Grande do Norte (27,1), Ceará (26) e Acre (26)
- São Paulo tem a taxa mais baixa, de 3,8 a cada 100 mil
- Maranhão, Paraná e Tocantins são os únicos estados que não informam os dados completos dos seis meses
Veja as taxas de assassinatos por 100 mil habitantes de cada estado; dados incluem homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte (Foto: Igor Estrella/Arte)
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Bruno Paes Manso, pesquisador
do NEV-USP, destaca a situação de Roraima, afirmando que, caso o ritmo de
mortes se mantenha, o estado pode dobrar o total de mortes em relação ao ano
anterior. Ele lembra a crise humanitária vivida na Venezuela, que criou uma
instabilidade política na região, o que fragiliza as instituições políticas
locais.
“Nesses cenários, se
multiplica a oportunidade de ação para indivíduos e grupos que tentam se impor
pela violência. O crescimento das taxas de homicídio é o principal sintoma da
fragilização da legitimidade das instituições democráticas na região”, diz
Bruno Paes Manso, do NEV-USP.
No geral, a situação é mais
grave nos estados das regiões Norte e Nordeste do país, que ocupam as dez
primeiras posições do ranking nacional de homicídios.
Samira Bueno,
diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ressalta que a
violência gera efeitos em diversas áreas do país, como saúde, economia e
educação. Diante dos impactos, ela destaca o fato de o governo federal ainda
não ter um sistema nacional de monitoramento de criminalidade para subsidiar
ações e prestar contas à sociedade.
“Saber onde acontecem os
principais crimes, como eles ocorrem e quais suas principais vítimas são o
primeiro passo para qualquer ação que tenha por objetivo interromper a
violência”, diz Samira Bueno, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Transparência pública
Desde o início do ano,
jornalistas do G1 espalhados pelo país solicitam os dados via Lei de Acesso à
Informação, seguindo o padrão metodológico utilizado pelo Fórum no Anuário
Brasileiro de Segurança Pública. As assessorias das secretarias da Segurança
também são requisitadas.
O objetivo é, além de
antecipar os dados e possibilitar um diagnóstico em tempo real da violência,
cobrar transparência por parte dos governos.
Três estados ainda não têm
todos os dados referentes a junho. Dois deles também não informam os números de
abril e maio. Veja a justificativa de cada um deles:
Maranhão: Segundo a Secretaria
de Segurança Pública, os números de junho de todo o estado ainda não foram
consolidados pelo governo.
Paraná: A Secretaria da
Segurança Pública diz que o setor de estatística tem quatro ciclos de qualidade
da informação e foram identificados problemas com números de alguns municípios.
Por isso, não há dados fechados de abril, maio e junho.
Tocantins: A Secretaria de
Segurança Pública não informa os dados separados desde fevereiro. A SSP diz que
o setor de estatística não consegue disponibilizar os números mês a mês devido
à dificuldade de algumas delegacias em enviar os dados de cada período. Os
dados dos últimos dois meses ainda não foram consolidados. Só há o dado de
janeiro disponível no mapa.
Como os números ainda serão
revisados pelos governos até o fim do ano, não é possível fazer uma comparação
precisa com dados de 2017. Em todo o ano passado, por exemplo, foram 59.103
homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, segundo
levantamento feito pelo G1.
Página especial
Na página especial, é possível
navegar por cada um dos estados e encontrar dois vídeos: um com uma análise de
um especialista indicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e outro com
um diagnóstico de um representante do governo.
Ambos respondem a duas
perguntas:
Quem são os grupos/pessoas que
mais matam no estado, por que eles matam e como isso mudou ao longo da última
década?
O que fazer para mudar esse
cenário?
Apenas 3 dos 27 governos
estaduais não enviaram respostas às questões em vídeo: Bahia, Ceará e Rio de
Janeiro. Juntos, eles respondem por mais de 1/4 das mortes violentas no ano
passado.
G1
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