O nível de atividade da
economia brasileira registrou novo "tombo" em fevereiro deste ano,
segundo números divulgados nesta sexta-feira (22) pelo Banco Central.
O chamado Índice de Atividade
Econômica do BC, o IBC-Br – um indicador criado para tentar antecipar o
resultado do Produto Interno Bruto (PIB) – teve contração de 0,29% em
fevereiro, na comparação com o mês anterior, após ajuste sazonal (uma espécie
de "compensação" para poder comparar períodos diferentes).
De acordo com dados da
autoridade monetária, este foi o décimo quarto mês seguido de contração na
prévia do PIB. O último mês em que o indicador registrou aumento foi em
dezembro de 2014 - com uma alta de 0,54% sobre o mês anterior.
A economia brasileira atualmente
passa por um período de forte recessão, que acontece em um ambiente de alta da
inflação, das taxas de juros, do desemprego (que superou a marca de 10%) e
também da inadimplência.
Além disso, em meio ao
processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a propostas do governo
para tentar ajustar as contas públicas (que caminham para quatro anos seguidos
no vermelho) estão paradas no Congresso Nacional.
Números prévios da economia em
fevereiro já não tinham mostrado resultado muito bom. Enquanto a produção
industrial teve queda de 2,5% em fevereiro, no maior recuo da série histórica,
que teve início em 2002, e o setor de serviços também caiu, as vendas do
comércio subiram 1,2% - a alta mais intensa, para o período, desde 2010.
Comparação com fevereiro de
2015
De acordo com o Banco Central,
a "prévia" do PIB registrou, em fevereiro deste ano, na comparação
com o mesmo mês de 2015, um tombo maior ainda: de 4,54%. Neste caso, a
comparação foi feita sem ajuste sazonal – pois considera períodos iguais.
E, no acumulado em 12 meses
até fevereiro, ainda de acordo com informações do Banco Central, o indicador
registrou contração de 4,75% (após ajuste sazonal).
Produto Interno Bruto em 2015
e 2016
Após o PIB ter
"encolhido" 3,8% no ano passado, a maior queda em 25 anos, o mercado
vê retração de igual intensidade em 2016. Se a previsão de um novo
"encolhimento" se confirmar neste ano, será a primeira vez que o país
registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica
oficial, do IBGE, tem início em 1948.
Resultados do IBC-Br x PIB
Embora o cálculo seja um pouco
diferente, o IBC-Br foi criado para tentar ser um "antecedente" do
PIB. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o
setor de serviços, além dos impostos.
Os resultados do IBC-Br,
porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do PIB,
divulgados pelo IBGE. O Banco Central já informou anteriormente que o IBC-Br
não seria uma medida do PIB, mesmo que tenha sido criado para tentar antecipar
o resultado, mas apenas "um indicador útil" para o BC e para o setor
privado.
Recentemente, o BC atualizou a
metodologia de cálculo, incorporando novos indicadores, com destaque para a
utilização da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua)
em substituição à Pesquisa Mensal de Emprego (PME); além de outras mudanças.
Definição dos juros
O IBC-Br é uma das ferramentas
usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros (Selic) do país. Com o menor
crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão
inflacionária. Atualmente, os juros básicos estão em 14,25% ao ano, o maior
nível em nove anos.
Pelo sistema de metas de
inflação que vigora no Brasil, o BC precisa ajustar os juros para atingir as
metas preestabelecidas. Quanto maiores as taxas, menos pessoas e empresas
dispostas a consumir, o que tende a fazer com que os preços baixem ou fiquem
estáveis.
Para 2016, a meta central de
inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais
para mais ou para menos.
Desse modo, o Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país e
medida pelo IBGE, pode ficar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente
descumprida.
Neste ano, o mercado
financeiro acredita que a inflação oficial ficará novamente acima do teto de
6,5% do sistema de metas. Em 2015, somou 10,67%, a maior em 13 anos, e estourou
a meta de inflação. Para os analistas dos bancos, a inflação somará 7,08% em
2016.
O Banco Central tem dito que
trabalha para trazer a inflação para dentro da banda do sistema de metas em
2016 e próxima do objetivo central, de 4,5%, em 2017.
G1
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