
A partir deste ano, porém,
devido ao agravamento da crise econômica, Zanetti passou a voar a trabalho
somente uma vez por mês.
“Os voos já eram caros, mas os
preços aumentaram muito nos últimos meses. Além disso, houve redução da oferta
de voos para a região Norte”, conta ele.
A falta de dinheiro ou de
disposição dos brasileiros para gastar com viagens se reflete nos indicadores
do setor.
Para as empresas aéreas, o
Brasil deve registrar em 2016 a primeira queda no número de passageiros
transportados em voos domésticos após pelo menos uma década de crescimento
ininterrupto.
Movimento nos aeroportos
Em 2015, o número de
passageiros transportados em voos domésticos no Brasil foi apenas 0,3% maior
que em 2014.
Mas em alguns dos principais
aeroportos do país, o movimento no ano passado já foi negativo.
De acordo com a Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac), em seis dos dez maiores aeroportos
brasileiros, o movimento de passageiros embarcados em voos domésticos foi, em
2015, menor que em 2014.
Os seis terminais são Galeão
(RJ), Santos Dumont (RJ), Salvador, Curitiba, Campinas (SP) e Guarulhos (SP).
No caso de Guarulhos, o maior aeroporto do país, foi a primeira queda desde
2005 pelo menos.
“De uma maneira geral, o
desempenho da economia brasileira tem sido considerado um dos principais
fatores que explicam a retração da demanda por transporte aéreo doméstico de
passageiros no Brasil nos últimos meses. No entanto, outros fatores podem
apresentar-se determinantes para uma alta ou redução da demanda por transporte
aéreo em uma localidade ou aeroporto específico”, informou a Anac ao G1.
Oferta menor
De acordo com a Associação
Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), o setor registrou, em março, o oitavo
mês seguido de queda na procura por passagens em voos domésticos.
Apenas em março, segundo a
associação, a retração foi de 7,3%, na comparação com o mesmo mês de 2015.
Com a procura menor, as
empresas vêm reduzindo a oferta. Em março, completaram-se 13 meses de corte
seguido na oferta de assentos para voos dentro do país.
De acordo com o presidente da
Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, a previsão
é que as quatro empresas nacionais (TAM, Gol, Azul e Avianca) cortem neste ano,
em média, 10% dos seus voos. Rotas menos sustentáveis e de menor demanda são as
mais atingidas.
Queda em 2016
Para a associação, já é certo
que o Brasil terá queda no número de passageiros transportados em voos
domésticos em 2016.
Confirmada, a retração
interromperá uma série de pelo menos dez anos seguidos de crescimento no setor
– marca sempre comemorada pelo governo e apontada como reflexo não só do
crescimento da renda dos brasileiros, mas de maior democratização do transporte
aéreo no país.
“Já há algum tempo, desde
agosto do ano passado, a gente vem alertando para o encerramento desse processo
de crescimento continuo”, diz Sanovicz.
Segundo ele, a principal razão
para o resultado negativo é a queda nas viagens motivadas por negócios ou
participação em eventos, que representam, em média, 65% do total das passagens
no Brasil.
Além disso, esses passageiros
costumam pagar mais caro pelo bilhete, normalmente comprado com menor
antecedência e prevendo retorno mais rápido que os voos a passeio.
A previsão da Abear é que a
demanda por voos no Brasil só volte a crescer em meados de 2017. Até lá, diz o
presidente da entidade, as empresas aéreas, que já sofrem com prejuízos
milionários, vão procurar “ajustes” para “atravessar em segurança um cenário de
turbulências.”
Entre as medidas, além do
corte de voos, está a revisão e adiamento da chegada de novos aviões já
comprados; licença remunerada a pilotos e demissões.
Sanovicz disse não ter
números, mas afirmou que os cortes de vagas ainda não são significativos.
A dirigente do Sindicato
Nacional dos Aeroviários (SNA) Selma Balbino diz que a entidade já registra
aumento nas demissões.
Segundo ela, só a Gol, num
período de 31 dias (entre meados de fevereiro e meados de março), fez 309
demissões, três vezes mais do que costuma ser registrado como rotatividade
natural na empresa (94 por mês).
Desfavorável
A Anac informou que não
divulga projeções para o mercado, “para evitar interferência”.
Entretanto, avaliou que as
expectativas para a economia brasileira em 2016 são “desfavoráveis” e, por
causa disso, as empresas aéreas vêm implementando ajustes.
“As duas empresas aéreas
brasileiras líderes de mercado (TAM e Gol) têm anunciado medidas de ajuste de
capacidade para o transporte aéreo doméstico da ordem de -5% a -10% para 2016,
frente ao cenário de retração da demanda por transporte aéreo no país”, apontou
a agência.
“As demais empresas aéreas
também têm anunciado redução de sua expectativa de crescimento”, completou a
Anac.
G1
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Reflita, analise e comente