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Presidente entrega unidades do Minha Casa Minha Vida na
Bahia nesta terça-feira (Foto: Maiana Belo/G1)
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A presidenta Dilma Rousseff
voltou a dizer hoje (26) que o processo de impeachment é uma tentativa de fazer
uma eleição indireta por quem quer chegar ao Poder sem votos.
“O poder vem do voto popular
direto. Esse impeachment, que é golpe, na verdade é uma tentativa de fazer uma
eleição indireta por aqueles que não têm voto. Se eles querem chegar ao Poder e
não tem crime [de responsabilidade], só tem um caminho: disputem eleições. Eles
querem chegar, sentar na minha cadeira, mas sem voto. Esse é o problema. É
claro que isso é muito confortável: você não tem que prestar conta para o povo
brasileiro”, disse Dilma, sem mencionar diretamente o vice-presidente Michel
Temer, a quem, em ocasiões anteriores, disse que está liderando o processo
contra ela.
Dilma acrescentou que o
processo de impeachment é um “golpe” contra as conquistas sociais dos últimos
13 anos. “É um golpe contra o Bolsa Família, contra o Minha Casa, Minha Vida,
as interiorizações de universidades, contra o Pronatec”. A presidenta deu as
declarações durante a cerimônia de entrega de unidades habitacionais do
Programa Minha Casa, Minha Vida, em Salvador.
Ainda sem citar diretamente o
vice-presidente, Dilma destacou que um eventual programa de Temer para a área
social “começa com algo muito grave” ao dizer que vai “revisitar” os programas
sociais. “Revisitar é diminuir a quantidade de dinheiro que o governo federal
coloca nos programas sociais. Querem desvincular a obrigação do governo em
gastar em educação e saúde”.
Dilma atacou o presidente da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que aceitou a denúncia que deu
origem ao processo de impeachment e teve seu prosseguimento aprovado pelos
deputados federais no último dia 17.
“Não tem uma acusação de que eu peguei
dinheiro para mim. Muitas das ações das quais me acusam sequer eu participei.
Como não acharam nenhum outro motivo, como aqueles que me acusam praticaram,
como os crimes que praticaram, como crime de corrupção. Do que eles são
acusados, eles vão ter que responder. Agora, eles têm acusação. Eu não tenho
acusação. O mais estranho é que quem me julga, é corrupto. Essa pessoa, que é o
presidente da Câmara, é uma pessoa que todo mundo sabe no Brasil que tem conta
no exterior, é acusado pela Procuradoria-Geral da República”, afirmou.
Processo no Senado
O senador Raimundo Lira
(PMDB-PB) foi eleito hoje presidente da Comissão Especial do Impeachment no
Senado e o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) ficou com a relatoria do
processo.
Com esta primeira sessão de
trabalho, começa a contar o prazo para que a comissão conclua e vote, por
maioria simples, um parecer indicando ou não a continuidade do processo. Este
mesmo texto, independentemente do resultado no colegiado, será submetido ao
plenário do Senado, onde precisa da mesma maioria simples entre os 81 senadores
da Casa. Se a admissibilidade do processo for aprovada em plenário, Dilma é
imediatamente afastada do cargo por 180 dias.
Temer
O vice-presidente da
República, Michel Temer, teve ontem (25) mais um dia de reuniões com aliados,
conversas com integrantes do PMDB e de outros partidos ou recebendo sugestões
para a formação de um eventual governo, caso a presidenta Dilma Rousseff seja
afastada pelo Senado em maio e ele assuma a Presidência, como consequência do
processo de impeachment.
"Terei de ser repetitivo.
Vou esperar o Senado Federal", disse aos jornalistas, fazendo referência a
duas ocasiões na semana passada, quando disse que aguardará “silenciosa e
respeitosamente” a análise dos senadores sobre a admissibilidade do processo de
impeachment de Dilma.
O vice-presidente voltou a
conceder entrevista à imprensa estrangeira para rebater a tese de que o
processo de impeachment é um golpe.
"O processo de impeachment é legal e constitucional. A visão no
exterior atualmente é de que o Brasil é uma pequena República, que é capaz de
um golpe. Por isso, eu digo que não há golpe, nem tentativa de violar a
Constituição. Sessenta e dois por cento da população brasileira são favoráveis
ao impeachment. Então, que conspiração eu estou liderando? Eu tenho poder para
convencer 367 deputados e mais da metade da população brasileira? Acho que é
mais um equívoco", afirmou ao canal de TV norte-americano CNN.
Agência Brasil
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