A novela sobre o pagamento das
horas extras trabalhadas pelos professores da rede pública estadual de ensino
no Rio Grande do Norte ainda tem muito que mostrar. Isso porque, a cada nova
decisão acerca dos direitos dos profissionais, o Estado encontra uma maneira de
fugir da sua obrigação com a categoria. É o que alega o Sindicato dos
Trabalhadores em Educação Pública (Sinte/RN), o qual, no momento, só reforça a
necessidade do indicativo de greve. “Eu já vinha dizendo que a greve pode ser
algo inevitável. Agora, mais do que nunca”, afirmou Fátima Cardoso,
coordenadora geral do sindicato.
O discurso da representante
sindical vai de encontro à nova postura adotada pelo Governo do Estado. De
acordo com a lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), os profissionais da
Educação devem cumprir uma carga horária de 30h/aula semanais. Conforme dita
Lei do Piso da categoria (Nº 11.738/2008), dois terços dessa carga horária
(20h) devem ser trabalhadas em atividades presenciais com os alunos. O restante
das horas, um terço (10h), é para planejamento pedagógico, formação
profissional e atividade extraclasse.
Entretanto, segundo os
educadores, para que não haja prejuízo no calendário letivo, muitos
profissionais são obrigados a pagar 24h semanais por desfalque no quadro de professores.
O Estado reconhece a situação, mas não quer pagar as horas extras trabalhadas.
Diante disso, por diversas vezes o Sinte entrou com processo judicial contra o
Estado para que os professores recebam as horas extras, em medida retroativa a
2008. Recentemente, o processo foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF),
que ficou ao lado da categoria e obrigou o cumprimento da ordem pelo Governo do
Estado.
Na semana passada, o
Procurador Geral do Estado, Miguel Josino, disse a O JORNAL DE HOJE que não
havia outra saída para o Estado, “a não ser cumprir com a decisão do Supremo”.
Porém, hoje o discurso é outro. O procurador não foi encontrado pela
reportagem, mas a Secretária de Educação, Betânia Ramalho, afirmou que a
Procuradoria está aguardando uma nova posição jurídica do caso.
“Além disso, é importante
falar que nós estamos trabalhando a reestruturação da rede para que os
professores cumpram, definitivamente, às 20h dentro das salas de aula e 10h
para planejamento pedagógico. Aqueles que por ventura precisem prestar um
serviço além das 20h serão remunerados. Até o final do mês de agosto esperamos
estar com tudo resolvido, para cumprimento efetivo da Lei do Piso”, afirmou a
secretária Betânia.
Além disso, a titular da
Educação informou que a secretaria também está desenvolvendo mecanismos para
acompanhar o cumprimento das horas para planejamento pedagógico. “Isso
significa que o professor não poderá passar esse tempo fora da escola ou
trabalhando em outro emprego. Teremos uma fiscalização rigorosa”, disse.
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