
Segundo a Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel), a adoção da bandeira verde foi definida levando em
conta três fatores: o aumento de energia disponível com a redução da demanda, a
adição de novas usinas ao sistema elétrico brasileiro e o aumento das chuvas no
período úmido, que fez com que o nível dos reservatórios das hidrelétricas
ficasse maior. O nível dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste,
que concentram cerca de 70% da capacidade de armazenamento do país, está
atualmente em 58,6%, bem acima dos 33,54% registrados em abril do ano passado.
O consumo de energia elétrica
no Brasil caiu 5,1% em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado. De
acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a redução foi puxada pela
demanda do setor industrial, que caiu 7,2% no período. O consumo residencial
fechou fevereiro com queda de 3,2%. Na avaliação da EPE, o quadro de crédito
restritivo, além da perspectiva de aumento do desemprego e retração da renda,
tem levado o consumidor a adotar um comportamento mais cauteloso.
Januzzi lembra que o consumo
de eletricidade é um termômetro extremamente importante para aferir como anda a
economia do país. “O primeiro setor a demonstrar isso foi o industrial, que vem
reduzindo o consumo há dois anos pelo menos”. Segundo ele, a redução do consumo
residencial também deve ser levada em conta. “O setor residencial em períodos
de crise abriga muito da economia informal e chega inclusive a apresentar
pequeno aumento do consumo de eletricidade em períodos de recessão. Nem isso
está acontecendo agora, e devemos buscar explicações em nossas pesquisas”.
Para o professor Nivalde de
Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o principal fator para a decisão
do governo de adotar a bandeira verde neste mês foi o aumento do nível dos
reservatórios das hidrelétricas, Ele ressalta, no entanto, que a redução do
consumo de energia do setor industrial também contribuiu para essa reserva
ficar alta. “Então, ajudou na tomada de decisão do governo [a redução do
consumo industrial]. Mas [o principal motivo é que] está chovendo muito, os
reservatórios estão cheios, então o governo resolveu dar um alívio nas
tarifas”, diz.
Castro alerta que nos próximos
meses começa o período de seca na maior parte do país e, se não chover, o
governo poderá acionar novamente as bandeiras tarifárias amarela ou vermelha
para manter o equilíbrio financeiro das distribuidoras. “Isso pode acontecer e
vai depender do nível dos reservatórios, da segurança. A partir de maio,
historicamente chove menos. Tem que ter uma reserva de energia para o ano que
vem”, acrescenta.
“Está tão baixo o consumo
industrial que a energia está sobrando”, afirma o presidente da Associação
Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco),
Alexandre Moana. De acordo com Moana, o governo poderá manter a bandeira verde
até que haja uma retomada da economia. “Se o Brasil voltar a crescer, as
térmicas vão ser demandadas no primeiro momento. Mas estamos em uma paralisia produtiva
no país”.
O sistema de bandeiras
tarifárias foi adotado em janeiro de 2015, como forma de recompor os gastos
extras das distribuidoras com a compra de energia de usinas termelétricas. No
primeiro ano de vigência, a bandeira adotada foi a vermelha, com cobrança extra
de R$ 4,50 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Em março, a bandeira foi
amarela, com taxa de R$ 1,50 a cada 100 kWh. Em abril, a bandeira é a verde,
sem cobrança extra na conta de luz.
Agência Brasil
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