Maior fluxo de recursos para o
país e uma nova oferta de dólares por parte do Banco Central contribuiu para a
queda do dólar comercial nesta terça-feira, que chegou a ser negociada abaixo
dos R$ 3,70 no período da tarde. A desvalorização ocorre mesmo com a revisão
para cima dos dados da economia americana. A divisa encerrou os negócios cotada
a R$ 3,701 na compra e a R$ 3,703 na venda, recuo de 0,85% ante o real. Na
Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o índice de referência Ibovespa tinha,
por volta das 16h45, sobe de 0,29%, aos 48.288 pontos.
Na mínima, a divisa chegou a
R$ 3,694, o menor valor de negociação desde os R$ 3,641 atingidos durante o
pregão de 1º de setembro. Contribuem para o recuo os dois leilões de dólares
anunciados na segunda-feira à noite pelo Banco Central e realizados à tarde. O
valor total dessa oferta com compromisso de recompra, os chamados leilões de
linha, será de US$ 500 milhões e os vencimentos ocorrem em abril e junho de
2016.
— O vencimento dos leilões
mudou um pouco, o que ajudou a destravar o mercado à vista, que estava com
pouca liquidez. Além disso, há um retorno de fluxo de estrangeiro — explicou
Ítalo Abucater, gerente de câmbio da corretora Icap do Brasil.
Na primeira quinzena do mês, o
fluxo de recursos para a conta financeira ficou está positivo em US$ 1,86
bilhão, mas no ano ainda há uma saída de US$ 7,65 bilhões. Abucater avalia que
a dinâmica para o mercado de câmbio deve seguir dessa forma, ou seja, sem
grandes pressões. No entanto, a partir do início do ano, com as dificuldades na
economia, na política e o esperado aumento da taxa de juros nos Estados Unidos,
o cenário deve mudar.
A divisa também segue o
movimento global da moeda. O “dollar index”, calculado pela Bloomberg e que
leva em conta o comportamento da divisa frente a uma cesta de dez moedas,
registra recuo de 0,28%. A trajetória de queda ocorre mesmo com a divulgação da
revisão do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos referente ao terceiro
trimestre. O dado passou de 1,5%, na primeira leitura, para 2,1%. Apesar da
aceleração, o número ficou dentro do esperado por analistas.
Ainda no cenário interno, os
investidores estão de olho na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom)
do Banco Central, que tem início nesta terça-feira. Além disso, as discussões
sobre a volta de um tributo similar à CPMF e a votação do projeto de lei que
altera a meta fiscal de 2015 podem influenciar os negócios.
BANCOS FAZEM BOLSA CAIR
Os dados em relação ao aumento
do desemprego no Brasil impactam de forma negativa o setor financeiro, mas em
ritmo menos acentuado no final dos negócios. Os bancos possuem o maior peso na
composição do Ibovespa. As ações do Itaú Unibanco e do Bradesco têm queda de
0,10% e de 0,56%, respectivamente. O Banco do Brasil tem alta de 1,35%. Os
papéis da JBS recuam 1,54%. Pela manhã, esses papéis chegaram a cair mais de 3%
com os rumores de uma investigação da Polícia Federal que teria como alvo os
contratos de empréstimos do BNDES.
— Os investidores estão
refletindo os dados mais fracos no mercado de trabalho. Com desemprego maior,
há uma expectativa de piora dos índices de inadimplência — avaliou Rafael
Ohmachi, analista da Guide Investimentos.
Após operar em queda no
período da manhã, os papéis da Vale voltaram para o terreno positivo, se
recuperando das perdas recentes. Os papéis preferenciais (PNs, sem direito a
voto) da mineradora sobem 1,52% e os ordinários (ONs, com direito a voto) têm
variação positiva de 1,40%. Também operam em alta os papéis das siderúrgicas,
que respondem à possibilidade de tributação maior para aços importados. A CSN
avança 5,23% e a Usiminas sobem 3,96%. Já as ações da Gerdau têm valorização de
6,78%.
A Petrobras também voltou a
operar em forte alta com a recuperação dos preços do petróleo no mercado
internacional. O petróleo do tipo Brent registra alta de 3,08%, com o barril
negociado a US$ 46,21. Com isso, as preferenciais da estatal avançam 4,95%,
cotadas a R$ 8,48. As ordinárias sobem 7%, a R$ 10,54.
No exterior, os principais
índices do mercado acionário europeu fecharam em queda, refletindo a tensão
geopolítica após a Turquia derrubar um jato russo. O DAX, de Frankfurt, caiu
1,43%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, recuou 1,41%. No caso do FTSE 100, de
Londres, a desvalorização foi de 0,45%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones tem
alta de 0,26% e o S&P 500 apresenta leva variação positiva de 0,15%.
O Globo
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