O desemprego voltou a subir no
país, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)
contínua divulgados nesta terça-feira pelo IBGE. A taxa ficou em 8,9% no
terceiro trimestre, acima dos 8,3% registrados no trimestre encerrado em junho.
A pesquisa inclui dados para todos os estados brasileiros. O rendimento real
ficou em R$ 1.889, 1,2% a menos do que no trimestre encerrado em junho.
Essa é a maior taxa de
desemprego para o período desde 2012, o início da série histórica da pesquisa.
Em igual trimestre de 2014, a taxa de desemprego foi de 6,8%. E indica uma alta
do desemprego em todas as regiões do país.
Entre os jovens de 18 a 24
anos, a taxa de desemprego já está praticamente em 20%, em 19,7%, e também é a
maior da série.
O resultado veio dentro do
esperado pelo mercado. Levantamento feito pela agência Bloomberg com 16
analistas apontava estimativa de taxa de desemprego de exatamente 8,9% no
terceiro trimestre.
A população desocupada
alcançou 8,979 milhões de pessoas no terceiro trimestre. Houve um aumento de
33,9%, ou 2,274 milhões de pessoas em um ano, a maior expansão da série
histórica. Na comparação com o trimestre anterior, o aumento foi de 7,5%, ou
625 mil pessoas.
— A taxa de desocupação
apresentou alta tanto em relação ao segundo trimestre quanto em relação ao
mesmo trimestre do ano passado. Em um ano, houve um aumento de quase dois
milhões de desocupados. E esse aumento está muito relacionado à queda dos
empregos com carteira assinada. Quem estava fora volta ao mercado para compor a
estabilidade do domicílio — afirmou Cimar Azeredo, gerente da Coordenação de
Trabalho e Rendimento do IBGE.
Já a população ocupada ficou
praticamente estável, segundo o IBGE. O contingente chegou a 92,09 milhões de
pessoas, 121 mil pessoas a menos que no trimestre anterior e 179 mil pessoas a
menos que um ano antes.
O mercado de trabalho deu mais
uma vez sinais de piora na qualidade. O número de trabalhadores com carteira assinada
— e que têm os direitos trabalhistas garantidos — caiu 3,4% em um ano, com
1,237 milhão de pessoas a menos. Na comparação com o trimestre anterior, a
queda foi de 1,4%, ou quase 500 mil pessoas (494 mil). Já os trabalhadores por
conta própria registraram alta: 760 mil em um ano (3,5%) e 166 mil (0,8%) em um
trimestre.
A massa de rendimentos do
mercado de trabalho ficou em R$ 168,6 bilhões no trimestre encerrado em
setembro, o que significa um recuo de 1,2% em relação aos três meses anteriores
e estabilidade (-0,1%) frente a um ano antes.
A expansão do desemprego é
puxada pelo aumento da força de trabalho, segundo Azeredo. São pessoas que
estavam fora do mercado — como jovens, idosos e donas de casa, por exemplo — e
que agora voltam a buscar vagas, pressionando o mercado. Isso ocorre diante da
perda de estabilidade de outros integrantes da família, ou seja, pessoas que
trabalhavam com carteira assinada.
A força de trabalho — que
inclui tanto as pessoas trabalhando quanto aquelas que buscam emprego — chegou
a 101,069 milhões de pessoas, 2,085 milhões de pessoas a mais em um ano, ou
2,1%. Frente ao segundo trimestre, o aumento foi de 0,5%, ou 503 mil pessoas.
Ao mesmo tempo, há expansão dos trabalhadores por conta própria e até dos
empregadores, o que pode representar negócios com apenas dois ou três
funcionários.
— A população ocupada só não
está caindo porque estão aparecendo os trabalhadores por conta própria ou
abrindo até um pequeno negócio, que aparecem na pesquisa como empregdores — explicou
Azeredo.
Como reflexo dessa volta dos
jovens e dos mais velhos ao mercado de trabalho em busca de vagas, aumentou a
taxa de desemprego nas faixas etárias entre 18 e 24 anos, 40 a 59 anos e acima
de 60 anos. Entre os mais jovens, o desemprego subiu de 18,6% no segundo
trimestre para19,7% no terceiro trimestre, quase 20%.
Entre os de 40 e 59 anos, o
desemprego subiu de 4,4% para 4,6% na passagem entre o segundo e o terceiro
trimestres. Entre aqueles acima de 60 anos, o aumento foi de 2,6% para 2,7%, na
mesma base de comparação. No terceiro trimestre de 2014, a taxa era bem menor,
de 1,9%.
— Os jovens têm geralmente
taxa mais alta, em função de falta de experiência e qualificação. Só que quando
a população adulta perde o emprego, e é o arrimo de família, acava levando os
jovens também — explicou Cimar.
TAXA NOS ESTADOS
A Bahia foi o estado
brasileiro com o maior desemprego no trimestre encerrado em setembro, de 12,8%.
Na outra ponta, Santa Catarina registrou a menor taxa, de 4,4%. O Rio de
Janeiro, por sua vez, ficou com 8,2%, abaixo da média brasileira de 8,9%, mas
acima dos 7,2% do trimestre anterior.
A pesquisa do IBGE apontou
aumento do desemprego em todas as regiões brasileiras. No Sul, que tem a menor
taxa, o desemprego subiu para 6% no terceiro trimestre, ante 5,5% no segundo
trimestre. Já no Nordeste a taxa passou de 10,3% no segundo trimestre para
10,8% no terceiro trimestre.
Quando se olha o desemprenho
dos municípios das capitais, o Rio de Janeiro teve a menor taxa de desemprego,
de 5,1% no terceiro trimestre, frente a 4,2% no segundo trimestre. É a primeira
vez que o IBGE divulga os dados do desemprego pela Pnad Contínua também para
estados, regiões metropolitanas e municípios das capitais.
— O nível de ocupação caiu. As
pessoas perdem o emprego, e acabam indo para o mercado de trabalho para tomar
providência para se ocupar, mas não têm encontrado — afirma o gerente da
Coordenação e Emprego do IBGE.
O aumento do desemprego
ocorreu na maioria dos estados. Segundo Cimar, "a taxa subiu
significativamente em dez estados do país frente ao trimestre anterior e em 22
estados quando se compara com um ano antes".
Na semana passada, a Pesquisa
Mensal de Emprego (PME) — que considera apenas seis regiões metropolitanas: São
Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Salvador — revelou
uma taxa de desemprego de 7,9% em outubro. Em outubro de 2014, a taxa tinha sido
de 4,7%: foi o maior salto no período de um ano em toda a série histórica,
iniciada em 2002.
O Globo
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