
“De forma agregada, a gente
viu uma taxa de desocupação caindo, combinando (com) um aumento da ocupação,
porque até então você tinha que a ocupação começou a cair menos”. Já no último
trimestre móvel até julho, apesar de a ocupação mostrar variação pequena
(+0,2%), essa é a primeira variação positiva em dois anos, destacou Maria
Andréia. “Então, já é um sinal”.
O aumento da ocupação está
ocorrendo no mercado informal. Mas quando se olha o mercado formal, com
carteira assinada, há indicativos que o quadro está também melhor. Segundo a
economista, um indicativo disso é a redução do ritmo de demissões. “O mercado
formal já está demitindo menos. Ele ainda não contrata no agregado. A população
ocupada dele ainda está caindo, mas ele está reduzindo o ritmo de demissão”. A
taxa de desemprego registrada no trimestre encerrado em julho teve queda de
12,8%.
Maria Andréia salientou que
outro sinal positivo do mercado formal é dado pelo rendimento. A análise dos
rendimentos por vínculo de ocupação mostra que está no mercado formal a maior
alta de rendimentos (3,6%). Por isso, disse que o mercado formal está dando
alguns indicativos de que está melhor agora do que no passado recente.
O desalento também caiu,
embora com intensidade reduzida; mas já é um sinal positivo. A Carta de
Conjuntura mostra que a parcela dos inativos desalentados que achavam que não
conseguiriam emprego foi de 44,7% no segundo trimestre, número 2,5% menor que o
observado no trimestre anterior. Isso indica aumento da esperança ou confiança
em alcançar uma vaga.
”Nesse momento, mais
importante do que a intensidade, é a mudança de direção. A taxa de ocupação
recua pouco, mas já recua. A ocupação cresce pouco, mas já cresce. O desalento
cai pouco, mas cai. Vinha em uma trajetória crescente. Cada vez era maior o
número de pessoas que saiam do mercado porque achavam que não tinham condições
de conseguir um emprego. O desalento cai no segundo trimestre”, explicou.
Saiba Mais
Temer diz que queda no
desemprego, com criação de 720 mil vagas, é boa notícia
Desemprego
Maria Andréia Parente disse
que o desemprego melhora em todas as regiões brasileiras. Quando se abrem os
dados, verifica-se um comportamento difuso. No Sudeste, por exemplo, o
desemprego é relativamente alto porque está contaminado pelo Rio de Janeiro.
“Você vê que ele (desemprego) cai em todas as regiões, mas dentro de cada
região tem alguns comportamentos difusos. O Rio de Janeiro é um dos poucos
estados que não conseguem reduzir a taxa de desemprego. Pelo contrário. A cada
trimestre que vem, nova alta de desemprego”. A taxa de desemprego no Rio de
Janeiro evoluiu de 14,5% para 15,7%.
De modo geral, a Carta de
Conjuntura do Ipea analisa que o desemprego recuou no país em termos de
regiões, de gênero, de escolaridade. Entre os mais jovens, a taxa de
desocupação também recuou. Entretanto, mesmo recuando, a taxa de desocupação
entre os jovens é a mais alta de todos os grupos, apontou a economista. Os mais
jovens formam a população que tem mais dificuldade de sair do desemprego e de
conseguir uma nova colocação. “E esse percentual tem aumentado”.
Quando se olha os jovens que
estão ocupados, esse é o grupo que apresenta maior chance de ser demitido.
Proporcionalmente, os jovens formam a maior parcela dos trabalhadores que estão
ocupados e foram demitidos, disse Maria Andréia. Dos desempregados na faixa
etária de 18 a 24 anos de idade, somente 25% conseguiram nova colocação no
segundo trimestre. Entre 2012 e 2017, o percentual de trabalhadores com 18 a 24
anos que foram dispensados cresceu de 5,3% para 7,3%, revela o estudo do Ipea.
“Era muito mais fácil um jovem conseguir um emprego em 2012 do que é hoje”,
comentou. No segundo trimestre de 2017, o país tinha cerca de 13,5 milhões de
desocupados, dos quais 65% com idade inferior a 40 anos.
Remuneração
Houve melhora em termos de
remuneração, à exceção dos mais jovens, ressaltou Maria Andréia. Esse é o único
grupo que, na comparação entre o segundo trimestre deste ano e o mesmo período
do ano passado, não mostra crescimento. Na verdade, apresenta pequena queda de
salário (-0,5%). No caso dos maiores de 60 anos de idade, houve expansão de 14%
no rendimento em relação ao segundo trimestre de 2016, com remuneração média de
R$ 2.881.
As pessoas com maior
qualificação recebem mais. A média no último trimestre foi remuneração de R$
4.889, o que significa quase três vezes mais que o trabalhador com ensino médio
e 4,2 vezes mais que o empregado sem o ensino fundamental completo.
Setores
A recuperação do emprego está
ocorrendo em todos os setores da economia. De maneira geral, indústria,
comércio e serviços mostram desempenho melhor do que estavam no último
trimestre. Os três setores geraram, respectivamente, 12,3 mil, 10,2 mil e 7,7
mil novos postos com carteira assinada.
A exceção é vista em alguns
segmentos, como a construção civil, devido ao estoque grande de imóveis e à
vacância também significativa. Além disso, a economista do Ipea lembrou que na
parte pública, o governo tem poucos recursos para investir em obras, devido ao
esforço de equilíbrio fiscal. “Vai demorar um pouco mais de tempo para poder
melhorar”.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Reflita, analise e comente