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quarta-feira, 21 de junho de 2023

Descarte de resíduos hospitalares em rio no RN é alvo de investigação

O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação civil pública na Justiça Federal, com pedido de urgência, para que o Estado do Rio Grande do Norte seja obrigado a apresentar cronograma com prazos para a conclusão do projeto da estação de tratamento de esgoto de hospital regional, na cidade de Caicó, região Seridó potiguar. O objetivo é que seja interrompido o lançamento de resíduos hospitalares sem tratamento nos rios do município.

Conforme trecho da decisão, que a Tribuna do Norte teve acesso, "em vez de impelido ao pagamento de indenização em pecúnia, entende-se mais adequada à correta reparação do dano moral coletivo ambiental tratado na presente ACP a condenação do Estado do Rio Grande do Norte em obrigação de fazer consistente na instituição de unidade de conservação, conforme previsto na Lei nº 9.985/2000, situada no seridó do RN, em área a ser por ele indicada".

E acrescenta: "Essa medida de preservação e proteção ambiental, além de não ter conteúdo imediatamente pecuniário, resultaria em aumento da área ambientalmente protegida no Estado do RN, e em especial na região do seridó, e efetivamente constituiria reparação pelos danos morais coletivos decorrentes do ainda persistente lançamento indevido de efluentes hospitalares do HRS", diz.

Foi pedido, ainda, que o Estado indique o prazo estimado para o início da licitação e a fonte de recursos para a execução da obra.

O mau funcionamento da estação de tratamento de efluentes (ETE) do hospital, já comprovada em parecer técnico da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), acentua o risco de contaminação da população residente no entorno e polui o rio Barra Nova, afluente do rio Piranhas-Açu.

Em uma das diligências, realizadas por um servidor do MPF, com o auxílio de profissionais da Caern e representantes da Prefeitura de Caicó e do hospital, verificou-se que a rede coletora, a princípio de uso exclusivo do hospital, passou a ser utilizada também para o esgotamento de residências situadas no entorno. Tal fato, tornou a rede insuficiente levando a episódios de extravasamento de esgoto a céu aberto durante o período chuvoso.

“Mesmo que não tenham sido dimensionados os danos à flora ou detectado fator de mortandade animal, o resultado das diligências externas do MPF é suficiente para demonstrar, no mínimo, que as irregularidades constatadas no sistema de tratamento de esgoto ofereceram riscos à saúde da população”, pontua o procurador da República Victor Albuquerque de Queiroga, autor da ação.

O caso 

Um morador da região denunciou ao MPF, em 2020, o escoamento a céu aberto de água com sangue e outros dejetos provenientes do esgoto geral do hospital. Foi então instaurado inquérito civil para apurar o ilícito ambiental. No mesmo ano, o Estado recebeu o parecer da Caern e, por meio da Secretaria da Saúde Pública (Sesap), comprometeu-se a executar as providências sugeridas pela Companhia para solucionar o problema. 

No entanto, até o momento, a Sesap não respondeu a nenhum dos seis ofícios enviados pelo MPF solicitando informações sobre as providências adotadas.

Tribuna do Norte


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