Seja por que a família
aumentou, por conforto ou por status, cada vez aumenta mais o número de pessoas
que, ao invés de migrar para o segmento de sedans, prefere ficar mais distante
do solo a bordo de um SUV, mesmo que a ideia não seja de fato colocar os pneus
na lama. De três anos para cá, enquanto o segmento de sedans médios caiu 0,93%,
segundo números da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos
Automotores), o de SUVs cresceu 0,90%.
O mercado, claro, acompanhou a
tendência – os utilitários ficaram mais compactos, urbanos, confortáveis e
cheios de tecnologia. Mas nem sempre é fácil arrumar espaço para ter um modelo
do segmento – seja na garagem, seja no bolso. Autoesporte conversou com
especialistas e com proprietários de carrões para ajudar você a descobrir se
chegou a sua hora.
Dor de dono
Daniel Bissoli é engenheiro
civil e se apaixonou por SUVs quando foi para os Estados Unidos, em outubro de
2008, com a esposa Milena e um casal de amigos. Aos 27 anos, foi a primeira vez
que ele dirigiu uma minivan na vida. Para ir do Estado da Califórnia até
Nevada, eles decidiram alugar um Toyota Sienna de sete lugares e ficaram duas
semanas com o jipão – tempo suficiente para se convencerem de que era o tipo de
carro que eles queriam ter. “Quando você volta para cá, não quer mais saber de
Gol, não. Desde que eu comecei a viajar para o exterior, carrinho baixinho nem
pensar”, afirmou.
De volta ao Brasil, Daniel
entrou em sua Chevrolet Montana e, claro, sentiu a diferença. Ele adquiriu seu
primeiro SUV em 2011, um Hyundai Tucson. O segundo veículo do segmento viria em
2013, um Hyundai ix35. “Hoje, eu tenho carros mais altos, espaçosos, gostosos
de dirigir e confiáveis. Eu não preciso ficar pensando se as minhas coisas irão
caber no porta-malas ou não. Eu não preciso mais ficar encaixando os objetos”.
Mas todo conforto tem seu
preço. Além de espaço, Daniel ganhou outras coisas não tão agradáveis, como
dificuldade para estacionar em shoppings e contas bem mais altas para pagar no
final do mês. Ele diz gastar 25% a mais com combustível em cada carro, ter de
desembolsar um valor maior na hora da lavagem e, principalmente, gastar mais
com manutenção. “Os carros são menos econômicos e as peças são mais caras. Por
ser mais pesado, eu tive que trocar o freio do Tucson com 50 mil km. A única
coisa que é até mais barata, é o seguro. Mas, apesar de ser mais caro, vale a
pena ter um SUV. Eu acredito que foi um bom negócio, sim”, afirmou.
Chegou a sua hora?
Segundo o professor de
finanças da FGV-SP, Samy Dana, para saber se você pode ou não comprar um
utilitário é fundamental não pensar apenas no valor do veículo, ou seja, se a
parcela cabe no bolso. “É preciso pensar no custo anual de um carro. É preciso
levar em conta IPVA, estacionamento, seguro, manutenção. Carros perdem até 20%
de seu valor em um ano. Tem que ter certeza que este novo gasto será
bem-vindo”, afirmou.
Segundo o levantamento feito
pela Autoesporte em conjunto com o economista, sem contar o seguro, que fica em
média 0,5% mais barato em SUVs, todos os custos aumentam quando se tem um
carrão na garagem (confira a tabela abaixo). No consumo, por exemplo, um hatch
roda em média 12,26 km com cada litro de combustível, enquanto que os
utilitários rodam 8,37 km (segundo dados do Inmetro). Isso significa que, ao
percorrer 20 km por dia com um hatch compacto, o motorista gastará no final do
mês R$ 141,44, enquanto que com um utilitário gastará R$ 207,17.
De acordo com o consultor da
Autoesporte e corretor da Limiar Seguros, Samuel Saucedo, a vantagem no valor
do seguro de um utilitário vem pelo indicie de roubo ser menor do que o de um
carro de passeio comum. "Não é difícil nós cotarmos um Mercedes e,
proporcionalmente, o valor ficar bem menor do que o de um Palio", afirmou.
O aumento também é notado no
IPVA, já que o imposto é calculado com base no valor real do carro. Um veículo
de R$ 47.110 (a média dos hatchs compactos) pagará R$ 1.884 de IPVA no ano. Já
um modelo que custe R$ 76.250 (a média dos SUVs) pagará R$ 3.050. A depreciação
do veículo também é maior: 15,32% ao ano para utilitários e 11,85% ao ano para
hatchs.
Para descobrir se ter um SUV
para chamar de seu ainda deixará as suas finanças saudáveis, faça as contas e
veja quanto o novo carro irá pesar no bolso durante o ano. Para se ter uma
ideia, um carro de R$ 47.110 tem um custo anual de R$ 24.111, levando em
consideração uma distância percorrida de 20 km por dia e gastos fixos como
manutenção, seguro, estacionamento, licenciamento, seguro obrigatório e
depreciação. Já para um utilitário de R$ 76.250, o custo anual é de R$ 38.081,
ou seja, um aumento de 57%.
Vale lembrar que, caso o carro
não tenha sido comprado à vista, você ainda terá as parcelas do financiamento
para pagar.
Veja as tabelas que montamos
com alguns exemplos:
Auto Esporte
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