Em mais uma vitória do
governo, o Congresso manteve nesta quarta-feira o veto da presidente Dilma
Rousseff à extensão do reajuste do salário mínimo a todos os benefícios do
INSS, ou seja, a todos os aposentados e pensionistas. A derrubada deste veto
causaria um rombo de R$ 9 bilhões, segundo estimativas do Ministério do
Planejamento. Faltaram 46 votos para derrubar o veto. A oposição conseguiu 211
votos, mas são necessários pelo menos 257 votos para derrubar um veto. O veto
foi mantido por 160 votos a favor, 211 pela derrubada e 12 abstenções. Como a
Câmara manteve o veto, o Senado não precisou votar.
A oposição tentou adiar a
sessão para impedir a manutenção do veto e entrou em obstrução e depois votou
contra.
O presidente do Congresso,
senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ficou irritado com as estratégias da
oposição de estender a discussão no plenário sobre um tumulto entre
manifestantes que ocupam o gramado em frente ao Congresso. A sessão obteve
quorum por volta das 12h30, mas apenas às 14h50 a votação do veto iniciou.
O presidente do Senado, Renan
Calheiros, preside sessão do Congresso para analisar vetos da presidente
DilmaCongresso mantém veto ao reajuste de servidores do Judiciário
Renan disse que pedirá
investigação sobre existência de armas entre os manifestantes, mas reclamou que
o assunto estava sendo usado pela oposição para obstruir a sessão.
— Se não terminar essa
discussão, vou encerrar a sessão. Com o objetivo de obstruir a sessão — disse
Renan, irritado com as críticas dos deputados.
Renan reclamou que a
manifestação no gramado é autorizada pelo presidente da Câmara, deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
— Já disse que deveria fazer.
Queria lamentar, porque no Senado não temos esse tipo de problema.
Sobre a discussão do veto, o
líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), pediu a derrubada do veto.
O presidente do Solidariedade,
deputado Paulo Pereira da Silva (SP), criticou a política do governo para os
aposentados.
— É lamentável que os partidos
do governo não deem o direito do aposentado ter o salário. O aposentado que já
tem seu salário corroído pelos salários — disse Paulinho.
O veto impede que a política
de valorização do salário mínimo seja aplicada a todos os aposentados, o que
daria ganho real (acima da inflação) aos aposentados que ganham acima do piso
previdenciário. A política de valorização do mínimo prevê que o salário seja
reajustado com base na inflação e no crescimento da economia (PIB) de dois anos
anteriores. Essa fórmula é aplicada ao salário mínimo, que também é o piso do
INSS. Para os aposentadores que ganham acima de um salário mínimo, é concedida
apenas a inflação (INPC).
Nesta sessão, ainda serão
votados outros quatro vetos. O mais importante é o veto à doação de empresas a
campanhas eleitorais e ao voto impresso. Há ainda a Lei de Diretrizes
Orçamentárias de 2016, com a meta fiscal de 0,7% do PIB no ano que vem, e ainda
outros projetos orçamentários.
TRAIÇÃO NA BASE NO VETO DO
JUDICIÁRIO
Na sessão de terça-feira, que
encerrou já na madrugada de quarta-feira, o governo manteve o veto ao reajuste
dos servidores do Poder Judiciário. Foi uma vitória apertada. Faltaram apenas
seis votos para derrubar o veto, que causaria um rombo de R$ 36,2 bilhões em
quatro anos. A oposição conseguiu 251 votos, quando são necessários pelo menos
257 votos para derrubar um veto.
A base aliada ficou dividida.
No PMDB, dos 52 votantes, 26 votaram contra o governo. No PT, dos 53 votantes,
nove votaram contra o governo. No PDT, que ganhou o ministério das Comunicações
com o ex-líder na Câmara, André Figueiredo, oito votaram contra dos 11
votantes.
No PCdoB, dos 12 votantes,
dois votaram contra o governo, entre eles o ex-ministro do Esporte Orlando Silva
(SP). No PP, dos 29, 17 votaram contra; no PR, dos 25, apenas sete votaram
contra; no PTB, dos 17, dez votaram contra o governo; no PROS, dos nove, quatro
votaram contra o governo. No PSD do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, 19
votaram, sendo 11 contra o governo, até o líder do partido na Câmara, Rogério
Rosso (DF).
O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Reflita, analise e comente