O dólar opera em alta de mais
de 1% em relação ao real nesta quarta-feira (16), após o governo decidir
reduzir a sua meta de superávit primário, apesar da resistência do ministro da
Fazenda, Joaquim Levy, e antes da sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que
analisará a tramitação do processo de impeachment contra a presidente Dilma
Rousseff, de acordo com a agência Reuters.
A última vez que a moeda
fechou perto de R$ 3,95 foi no dia 21 de outubro, quando foi cotada em R$
3,9430 ao final da sessão. O dólar fechou em seu maior valor no dia 23 de
setembro, quando atingiu R$ 4,1461.
"A redução da meta fiscal
enfraquece cada vez mais o Levy. A permanência dele no governo parece estar com
as horas contadas", disse o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia
Correa à agência Reuters.
Ele acrescentou que o mercado
deve operar volátil também antes da esperada alta dos juros norte-americanos
após o fechamento dos negócios, a primeira em quase uma década.
Na noite passada, o relator da
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016, deputado Ricardo Teobaldo (PMB-PE),
afirmou que vai alterar, a pedido do governo, a meta de superávit primário do
setor público consolidado para cerca de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e
permitir que objetivo seja zerado com abatimentos.
Levy já havia se manifestado
abertamente muitas vezes contra a mudança e até ameaçou, nos bastidores, deixar
o cargo caso a meta fosse alterada. O ministro vem encabeçando a campanha pela
austeridade fiscal e investidores entendem sua eventual saída do governo como
um sinal de mais atrasos no reequilíbrio das contas públicas.
O movimento nos mercados era
acentuado pela ansiedade antes da sessão do STF que decidirá sobre o rito do
processo de impeachment contra Dilma. De maneira geral, a campanha pelo
afastamento da presidente tem sido bem recebida nos mercados, mas muitos se
preocupam com os impactos econômicos da incerteza política.
Completava o quadro de cautela
a aguardada reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, que
termina após o encerramento dos negócios. Operadores dão como certo que o
encontro resultará na elevação dos juros e operadores afirmam que a reação dos
mercados dependerá da sinalização do Fed sobre os próximos aumentos.
"Eu acredito que ele deve
reforçar que vai ser bastante cauteloso com as próximas altas e isso pode
evitar altas mais fortes do dólar", disse o operador da corretora B&T
Marcos Trabbold.
Véspera
Na véspera, o dólar caiu
0,25%, a R$ 3,8765, após subir nas três últimas sessões e acumular avanço de
4%. No mês de dezembro, o dólar acumula perda de 0,23%. Em 2015, no entanto,
sobe 45%.
Intervenção do BC
O Banco Central dará
sequência, pela manhã, à rolagem dos swaps cambiais que vencem em janeiro, com
oferta de até 11.260 contratos, que equivalem à venda futura de dólares. Até
agora, a autoridade monetária já rolou o equivalente a US$ 6,019 bilhões, ou
cerca de 56% do lote total, que corresponde a US$ 10,694 bilhões.
G1
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