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O deputado Leonardo Picciani
foi destituído da liderança
do PMDB, mas conseguiu apoio para voltar ao posto
(Foto:
Antonio Cruz/ Agência Brasil)
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A troca de cadeiras nas
lideranças de partidos na Câmara dos Deputados pode levar a novos
desdobramentos no processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, que
acabou ficando para 2016. Em alguns partidos, a tendência é que os novos
líderes sigam a mesma linha de seus antecessores. É o caso, por exemplo, do
DEM, que tem como nome mais cotado para assumir a bancada o de Pauderney
Avelino (AM) que deve seguir as indicações feitas pelo atual líder Mendonça
Filho (PE).
O mesmo deve ocorrer no PSDB,
que já oficializou a substituição do atual líder Carlos Sampaio (SP) por
Antônio Imbassahy (BA) a partir de fevereiro. Já os partidos da base governista
não devem alterar as composições, exceto o PMDB, onde um racha entre
integrantes aliados e de oposição ao governo ficou publicamente oficializado
desde que Leonardo Picciani (RJ) indicou os nomes para a comissão especial que
vai analisar o processo de impeachment.
O retorno do parlamentar
fluminense à liderança foi conseguido depois que três deputados manifestaram
mudança de opinião – Jéssica Sales (AC), Vitor Valim (CE) e Lindomar Garçon
(RO) – e pelo retorno à bancada de alguns filiados que ocupavam cargos
executivos no estado do Rio de Janeiro, entre eles, Marco Antonio Cabral, que
era secretário de Estado de Esporte, Lazer e Juventude, e Pedro Paulo Carvalho,
que era secretário municipal da Casa Civil do Rio de Janeiro.
Insatisfeitos com os nomes
apresentados pelo líder, uma ala do partido reuniu assinaturas de 35
parlamentares para tirar o parlamentar do cargo e conseguiu manter na
liderança, durante oito dias, o deputado Leonardo Quintão (MG). O grupo acusava
Picciani de formular uma lista com base em orientação do Palácio do Planalto.
Em uma reviravolta nas últimas semanas de trabalho legislativo, Picciani
conseguiu o apoio dos 36 deputados do PMDB e foi reconduzido ao cargo.
Mas alguns acreditam que
Picciani pode não resistir à uma nova votação. Ele teria que conseguir o apoio
de dois terços da bancada, com 69 deputados. Em entrevista à Agência Brasil,
Picciani confirmou que vai disputar a recondução e se mostrou otimista em
relação ao apoio da legenda. “Estando na liderança, vou levar em consideração
os diversos pensamentos. Isto demonstra que tem posições divergentes no partido
e que devem ser consideradas”, afirmou.
Entre os peemedebistas que
apoiam sua reeleição, Picciani não deve ter concorrentes. O grupo alinhado a
ele deve considerá-lo o único candidato, mas, na ala que se afastou de
Picciani, outros nomes pretendem ocupar o posto. Um deles, seria o próprio
Quintão, segundo o deputado federal Lúcio Vieira Lima (BA), um dos
peemedebistas que defendeu a substituição de Picciani. “Se for um líder que
converse com a bancada, que não decida por ele, mas que tenha um comportamento
ideal ao que todo líder é eleito, com certeza a lista deve ser modificada. Mas
se for com o perfil do atual, não. Você não tem hoje o líder do PMDB, você tem
um segundo líder de governo”, disse.
Comissão especial
Enquanto os partidos negociam
essas mudanças, tramita na Casa um projeto de resolução, protocolado pelo DEM,
que propõe a alteração do Regimento Interno da Câmara dos Deputados para
incluir a possibilidade de apresentação de chapa avulsa para comissão especial
que analisa o impeachment. O texto não foi submetido à votação, mas é alvo de
críticas da base aliada, que já antecipou que pretende recorrer ao Supremo Tribunal
Federal (STF) se houver qualquer tentativa de “driblar” a decisão da Corte
sobre o andamento do processo de impeachment de Dilma Rousseff.
A proposta do DEM foi
protocolada horas depois de o STF decidir que a comissão especial tem de ser
composta por representantes indicados pelos líderes dos partidos, escolhidos
por meio de chapa única, e que, mesmo se tratando de eleição sobre assunto
interno da Câmara, a votação deve ser aberta.
Cunha e Lewandowski
Este foi um dos
questionamentos que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), levou à
reunião com o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, no último dia
23, quando o recesso parlamentar e do Judiciário já tinham começado. O
peemedebista quis formalizar pontos, que para a oposição ficaram obscuros.
Eduardo Cunha afirmou que enquanto as questões não forem esclarecidas o
processo de impeachment não pode ser reiniciado sob risco de judicializar
qualquer passo dado pela Câmara. A expectativa é que a tramitação seja retomada
em março. Lewandowski sinalizou que não deve haver mudanças. Segundo o
magistrado, o rito não deixa "margem" para dúvidas.
Brasília - Presidente do STF,
ministro Ricardo Lewandowski, recebe em audiência o presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (Rosinei Coutinho/STF)
Eduardo Cunha pediu reunião
com Ricardo Lewandowski, presidente do STF, para sanar dúvidas sobre rito do
impeachmentRosinei Coutinho/STF
Em relação à composição da
comissão, a dúvida de Cunha era sobre quantas vezes serão elencados nomes e
submetidos ao plenário até que sejam aprovados. Os esclarecimentos, segundo o
presidente da Câmara, foram feitos inclusive para “evitar descumprimento de
decisão”.
Cunha também foi pedir ao STF
que acelere a publicação do acórdão, documento que ratifica a decisão coletiva
do tribunal sobre o rito do impeachment. Ainda assim, ele sinalizou, nos
últimos dias de trabalho da Câmara, que vai entrar com embargo sobre a decisão
em 1º de fevereiro, primeiro dia de atividades do Congresso no próximo ano,
independentemente da publicação do acórdão pela Corte.
Além de terem invalidado quase
todo o rito adotado pela Câmara, ao anular a eleição da chapa avulsa formada
por deputados de oposição ao governo para compor a comissão, os ministros do
Supremo ampliaram o papel do Senado no processo, afirmando que os senadores não
são obrigados a prosseguir com o processo de impeachment acatado pelos
deputados. Na prática, mesmo que o plenário da Câmara aprove, por dois terços
dos parlamentares - 342 votos, a denúncia, os senadores podem arquivar o caso e
evitar que Dilma seja afastada do cargo.
O pedido de impeachment
protocolado pelos advogados Hélio Bicudo, Miguel Reale Junior e Janaína
Paschoal foi aceito por Cunha no dia 2 de dezembro, depois de o deputado
federal rejeitar 31 outros pedidos com mesmo objetivo. No texto, os juristas
usam como argumento decretos considerados em “desacordo com a Lei de
Responsabilidade Fiscal” e a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que
rejeitou as contas do governo de Dilma Rousseff de 2014. A avaliação do TCU
está sendo analisada por deputados e senadores da Comissão Mista de Orçamento
(CMO).
Relator
No último dia de trabalho,
antes do recesso parlamentar, o relator das contas, senador Acir Gurgacz
(PDT-RO), apresentou o relatório preliminar na CMO, em que defende a aprovação
das contas com ressalvas. Os parlamentares ainda podem apresentar emendas ao
texto e Gurgacz tem até o dia 28 de fevereiro para concluir o parecer. O
relatório final deverá ser votado na comissão até o dia 6 de março.
Agência Brasil
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