Uma mudança de comportamento
dos usuários de telefonia móvel fez com que, em 2015, o número de linhas de
celulares caísse no país pela primeira vez. Serviços como o de TV por
assinatura e telefonia fixa também tiveram sua primeira queda no número de
usuários, motivada pela crise econômica. No entanto, os serviços de internet
fixa e móvel, especialmente na tecnologia 4G, tiveram forte expansão no ano.
O setor de telefonia celular,
que vinha crescendo a cada mês, apresentou uma queda de 2,8% no número de
linhas ativas neste ano. Em janeiro, havia 281,7 milhões de linhas ativas no
país e, em outubro (número mais recente da Anatel), o número havia caído para
273,8 milhões. A tendência de queda na telefonia celular era esperada só para
daqui a dois ou três anos pelos agentes do setor, mas começou a ocorrer em
junho deste ano.
Boa parte da queda é atribuída
à diminuição do número de celulares com chips pré-pagos, segmento que teve
redução de 4,5%. O percentual corresponde a uma queda de 10 milhões de chips.
No mesmo período, os celulares pós-pagos apresentaram leve aumento, de 0,3%.
A queda no número de usuários
de celular pode ser explicada por uma mudança de comportamento dos brasileiros.
Em vez de ter dois ou três chips em cada aparelho para usar os serviços de voz,
os clientes estão optando por trocar mensagens de texto e de voz por meio de
aplicativos como o WhatsApp, que utilizam apenas dados de internet.
“O brasileiro tinha dois ou
três chips para se comunicar com pessoas de várias operadoras. Na medida em que
ele passa a se comunicar por meio de mensagens, ele não precisa mais disso, o
que precisa é de um pacote de dados. Então, vemos o usuário descartando esse
segundo ou terceiro chip, o que está levando a um encolhimento da base de pré-pagos”,
diz Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco. Segundo ele, essa tendência
deve continuar porque o usuário está abandonando o serviço de voz e passando a
gastar em dados.
Por causa desse comportamento,
o acesso à internet móvel, que já tinha aumentado em mais de 50% no ano
passado, cresceu 13,5% entre janeiro e outubro de 2015. O destaque foi para o
crescimento dos acessos em 4G, que passaram de 7,8 milhões em janeiro para 20,4
milhões em outubro. A banda larga fixa teve um aumento de 5,4% no número de
assinantes. Em janeiro eram 24,1 milhões de usuários, e em setembro cresceu
para 25,4 milhões.
O setor de TV por assinatura
foi outro que apresentou uma queda pela primeira vez este ano. Em janeiro, eram
19,65 milhões de assinantes, mas os números começaram a cair em maio. Os dados
mais recentes divulgados pela Anatel são de outubro e mostram que o número de
assinantes passou para 19,39 milhões, uma queda de 1,3%. No ano passado, o
setor havia crescido 8,7%. Entre 2010 e 2014, o número de assinantes dobrou.
A crise econômica foi um dos
principais motivos para a queda do número de assinantes. O especialista Eduardo
Tude explica que a principal queda foi na tecnologia por satélite, que oferece
planos mais baratos para atender famílias de renda mais baixa. “Esse pessoal
acabou cortando a TV por assinatura e isso deu um impacto este ano. Acredito
que, com a melhoria da situação econômica, o setor pode voltar a crescer”.
Na telefonia fixa também houve
queda no número de usuários. Em janeiro, havia 45 milhões de linhas ativas e,
em outubro, foram registradas 44,04 milhões de linhas de telefonia fixa, uma
queda de 2,2%. A crise econômica também pode ser apontada como a causa da
redução do número de usuários. “Já havia uma migração dos usuários de
concessionárias para as autorizadas, mas o número total se mantinha estável,
com um pequeno crescimento, e este ano estamos vendo uma queda. Acredito também
que seja devido à crise econômica”, diz o especialista.
Agência Brasil
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