O relator das contas
presidenciais de 2014, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), rejeitou a a recomendação
do Tribunal de Contas da União (TCU) e apresentou parecer pela aprovação das
contas da presidente Dilma Rousseff do ano passado. Acir disse que as contas
foram aprovadas com “ressalvas”, como em outros anos. O senador, que é aliado
de Dilma, disse que seguiu a Constituição e que pensou nos futuros governantes.
Ele disse que os decretos assinados por Dilma ou pelo vice-presidente Michel
Temer não são ilegais e têm previsão na legislação orçamentária.
Acir disse que o TCU é apenas
um órgão acessório do Legislativo e que pensou nos futuros presidentes e não na
presidente Dilma Rousseff. A presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO),
senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), disse que o parecer será votado na CMO até
dia 11 de março.
— Tenho boa relação com a
presidente Dilma e com a oposição. Não fizemos o relatório pensando na
presidente e sim no país. Além disso, a rejeição de contas causa inlegibilidade
e não perda de mandato, segundo a própria OAB. E o TCU é um órgão assessor,
quem vota é a Comissão Mista de Orçamento e o Congresso. A prerrogativa é do
Congresso — disse o senador.
No caso das “pedaladas”
fiscais junto ao BNDES e à CEF, ele disse que o pagamento não preocupa.
— Não está de acordo com a Lei
de Responsabilidade Fiscal, mas não é crime, porque não houve contratação de
crédito pela União. O governo não é o ordenador de despesas — disse o senador.
As ressalvas dizem respeito às
“pedaladas” e ao volume de restos a pagar de 2012 a 2014, com um estoque de R$
227 bilhões no ano passado. Ele disse que a União foi inadimplente nos
pagamentos, mas que o governo não cometeu crime.
— Esses decretos assinados
pela presidente ou pelo vice estão autorizados pela LDO e pela LOA. Não há
ilegalidade, irregularidade — disse ele.
Ele argumentou que Dilma
adotou manobras orçamentárias devido ao cenário macroeconômico.
— Foram as questões econômicas
que aconteceram no meio do ano, o que provocou uma readequação do Orçamento —
disse ele.
O parecer diz: “ Como
encontramos o vínculo de responsabilidade da presidente, e como os argumentos
apresentados pelo TCU não são relevantes o suficiente para levar à rejeição das
contas, nosso relatório conclui pela aprovação das contas, porém com
ressalvas”.
São três ressalvas: falta de
aderência ao cenário econômico-fiscal com o que fato ocorria na economia;
compromissos vencidos e não pagos; e restos a pagar em soma vultosa.
— É uma anistia pontual para a
Dilma, é jogar com a Dilma. Uma página repugnante da nossa história — reagiu o
representante do PSDB na CMO, deputado Domingos Sávio (MG).
O Globo
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